O Homem Baile

Final discreto

Bons shows de Medulla e Black Drawing Chalks não salvam o encerramento melancólico da edição desse ano do Festival Fora do Eixo RJ. Fotos: Luciano Oliveira.

O baixista Denis 'Lemmy' de Castro e o guitarrista/vocalista Victor Rocha, do Black Drawing Chalks

O baixista Denis 'Lemmy' de Castro e o guitarrista/vocalista Victor Rocha, do Black Drawing Chalks

Acostumado e reunir grandes públicos nas outras edições (ou mesmo este ano) o Festival Fora do Eixo RJ investiu no crescimento ao agendar shows espalhados pelo estado, mas o resultado, em termos de público, não foi tão bom assim. Ao menos se julgarmos pelo baixo comparecimento na noite de encerramento, no sábado, no Teatro Rival, no Rio. Enquadrados no esquema “Rival Mais Tarde”, os bons shows do Black Drawing Chalks e do Medulla não disfarçaram o clima de melancolia e de que alguma coisa ficou faltando para que este novo formato, se seguido nos próximos anos, emplaque pra valer.

Medulla: os gêmeos cada vez mais diferentes

Medulla: os gêmeos cada vez mais diferentes

Sem se perturbar muito com qualquer intempérie, o Black Drawing Chalks subiu ao palco para fazer o de sempre: rock de verdade, alto, distorcido e esporrento. O grupo tem vindo bastante ao Rio e construiu um razoável séquito por aqui. Assim, as quatro primeiras porradas, incluindo “Finding Another Road”, cujo riff pega de supetão até o desavisado quem entrasse no tradicional teatro atrás de uma baba qualquer da mpb, encontra eco na platéia que se aglomera na frente do palco. A música é curta e fica a sensação que pede novos desdobramentos, mas se isso acontecesse não seria o trio goiano no palco; está no pacote da banda ser curto e grosso também.

O BDC acabou sendo a estrela dessa edição carioca do Fora do Eixo, tocando em três das sete noites, passando por Niterói e Nova Friburgo, além de um show extra que pintou em Campos, no domingão. Têm razão os que reclamam que a banda toca demais nos chamados “eventos Fora do eixo”, mas o quarteto não tem nada com isso e segue promovendo a festa do rockão barulhento em tudo o que é canto. “Not a Big Deal”, do primeiro disco, tem um final com citação à “Sweet Leaf”, do Black Sabbath, escancarando duas boas referências da banda – se é que você entende. O rock garageiro noventista e Motörhead (a cadência pesada de “My Favorite Way” não nega) também estão na parada. É verdade que a banda precisa gravar logo o terceiro álbum, mas o show compacto dos caras, com cerca de uma hora, tá descendo redondinho goela abaixo.

Rélpis: equívoco confirmado até na paisagem

Rélpis: equívoco confirmado até na paisagem

Em busca de se reencontrar, o Medulla fez um show melhor que o do Grito Rock, em março (veja como foi). Os cada vez mais diferentes gêmeos Raony e Keoops têm boa presença de palco, e a dupla de guitarristas da banda – bandaça, aliás – estão mandando muito bem. Em “Lose Your Money” - música assim, assim - uma verdadeira jam session se instala no palco com citações a Jimi Hendrix e a Rage Against The Machine grande referência para a banda. O show, curto como deve ser nessas circunstâncias, no entanto, termina com “Movimento Barraco”, que traz a temática repetitiva demasiadamente explorada pelo Rappa e pelo próprio Medulla. Nada que pudesse estragar uma apresentação correta e que ajudou a mexer com a carcaça do público, imóvel ante à discotecagem “de dentro do eixo” que rolava nos intervalos.

“Mais uma?”, perguntou o baterista depois do número infeliz dos Rélpis, na abertura. Como não é a banda, a trupe não faz show; mostra uma sequência desagradável de números ensaiadinhos para parecer improviso, e, no fundo, não tocou uma música sequer. A turma é um equívoco já na paisagem do palco. À esquerda, baixista e guitarrista disfarçam o figurino de brechó com estampas. No centro, um cantor matusquela que faz de tudo, menos cantar. À direita, o guitarrista, seguramente o único músico da banda, e um trompetista desnecessário, como muitos no rock nacional pós Móveis Coloniais de Acaju. Ao fundo, uma baterista fanfafarrão, que acredita ter a vocação para o humor. Não é que o Holger arranjou companhia?

Victor Rocha se esgoela, ao lado de Renato Cunha, o outro guitarrista do Black Drawing Chalks

Victor Rocha se esgoela, ao lado de Renato Cunha, o outro guitarrista do Black Drawing Chalks

Placar Rock em Geral
Leo Fressato e Ana Larousse: 3
A Banda Mais Bonita da Cidade: 7
Mr. Jungle: 6
Gloom: 5
Maglore: 8
Tereza: 6
O Teatro Mágico: 5
Os Rélpis: Sem nota
Medulla: 7
Black Drawing Chalks: 8
Festival Fora do Eixo RJ: 7

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Primeira noite do Festival Fora do Eixo RJ

Segunda noite do Festival Fora do Eixo RJ

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Antonio Dias em junho 27, 2011 às 16:33
    #1

    Ingresso a R$ 50, queriam o quê?

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