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Na segunda visita ao Rio em menos de nove meses, Cranberries surpreende pela performance da vocalista Doroles O’Riordan e tem fidelidade correspondida pelo público. Fotos: Luciano Oliveira.

Dolores O'Riordan se sentindo muito à vontade ontem, no segundo show do Cranberries no Rio este ano

Dolores O'Riordan se sentindo muito à vontade ontem, no segundo show do Cranberries no Rio este ano

A empreitada não era nada fácil. Voltar ao Brasil no mesmo ano em que fez o primeiro show e numa semana e que nunca na história desse país se viu tanta banda estrangeira se apresentando. E ainda por cima sem nem um novo lançamento para mostrar. Mas o Cranberries encarou o desafio, e, a julgar pela boa presença de público ontem, no Citibank Hall, no Rio, essa nova turnê tem tudo para dar certo. Além de alterar ligeiramente o repertório de cerca de uma hora e quarenta minutos, substituindo seis músicas, o grupo mostrou uma Dolores O’Riordan bem saidinha, se comparamos com o show de janeiro.

Dolores segura alguns dos bibelôs que ganhou

Dolores segura alguns dos bibelôs que ganhou

É que além de soltar a voz de timbre peculiar, a vocalista do grupo, exibindo um modelito preto curtíssimo, desandou a dançar alopradadamente de um lado a outro do palco, numa performance muito diferente daquela que adotara até então. Também, pudera. Além do sucesso dos shows de janeiro, o Cranberries foi recebido por uma platéia empolgadíssima que trouxe de casa balões de gás, bandeira da Irlanda (terra natal do grupo) e que não cansava e atirar presentes no palco, como uma bandeira do Brasil e uma almofada em forma de coração com as cores do pavilhão nacional que Dolores recolheu pra levar pra casa. Calçando um all star preto salpicado de paetês como o vestido, a vocalista tinha motivos para se sentir em casa.

Logo depois da primeira música, “Analyse”, uma das que não entraram no show de janeiro, Dolores deu o tradicional boa noite se derretendo toda pela Praia de Copacabana, onde a banda estava hospedada. Como abertura de show, a música foi bem melhor que a lentinha “How”, escolha da outra vez, e agitou o público logo de cara. Mas foi só em “Linger” (que, não custa repetir, no Brasil virou “Se a Gente Entender”, na voz de Angélica), que a coisa engrenou pra valer. A inclusão da boa “Just My Imagination” também foi boa idéia: a baladinha agradou geral, diferentemente de “Desperate Andy”, outra das “inéditas”, tocada na sequência. Com status de raridade, “Astral Projection” entrou no bis. A música foi composta para ser gravada no sexto álbum do Cranberries, que nunca foi lançado, uma vez que a banda se separou em 2003 e só voltou à ativa no ano passado.

A vocalista e o baixista Mike Hogan

A vocalista e o baixista Mike Hogan

O show funcionou muito bem como um todo, mas não custa notar que ainda não vai ser dessa vez que os brasileiros vão ver o grupo tocar pérolas como “Hollywood” e “Stars” – a menos que isso aconteça nas outras datas dessa turnê. Não que o público estivesse muito dado a fazer pedidos ou cobranças. A baladinha “When You’re Gone” garantiu um dos momentos “fofos” da noite; “Free to Decide” mostrou bons dotes de guitarrista de Dolores; enquanto em “Salvation” a saltitante vocalista apareceu com um impagável cocar multicolorido, num dos momentos em que mais o público participou. Mas a trinca “I Can’t Be With You”, “Waltzing Back” e “Electric Blue”, com boas evoluções instrumentais, foi o que deixou a melhor impressão.

Isso sem falar na bombada “Zombie” e no bis que teve “Dreams” e “Promises”, esta incluída no repertório dos últimos shows por conta dos pedidos dos fãs. Depois de duas descidas no fosso para o corpo a corpo com o público, Dolores O’Riordan e cia deixaram o palco de vez prometendo voltar logo. Se der para gravar um disco nesse meio tempo, os fãs agradecem. Mas, se isso não acontecer, pelo jeito estarão todos lá de novo daqui a nove meses.

Até logo: banda prometeu voltar em breve

Até logo: banda prometeu voltar em breve

Set list completo:

1- Analyse
2- How
3- Animal Instinct
4- Dreaming My Dreams
5- Linger
6- Ode To My Family
7- Wanted
8- Just my Imagination
9- Desperate Andy
10- When You’re Gone
11- Daffodil Lament
12- I Can’t Be With You
13- Waltzing Back
14- Electric Blue
15- Free To Decide
16- Salvation
17- Ridiculous Thoughts
18- Zombie
Bis
19- Shattered
20- Astral Projection
21- Promises
22- Empty
23- Dreams

A turnê brasileira do Cranberries continua ámanhã, em São Paulo, e passa ainda por Florianópolis, Brasília, Recife e Fortaleza. Veja os detalhes aqui.

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Comentários enviados

Existem 4 comentários nesse texto.
  1. Adriano em outubro 13, 2010 às 17:00
    #1

    Foi bom ressaltar que “ainda não vai ser dessa vez que os brasileiros vão ver o grupo tocar pérolas como “Hollywood” e “Stars””, mas isso se deve a falta de empenho dos próprios fãs em pedi-las à banda. Vários fãs insistem em querer que eles toquem as mesmas músicas que tocaram quando vieram pela primeira vez ao Brasil (como por exemplo “Empty” e “You And Me”).

    A propósito, foram 23 músicas nesse show. A 11ª foi “Daffodil Lament”, a qual você se esqueceu de incluir.

  2. Marcos Bragatto em outubro 13, 2010 às 17:10
    #2

    Corrigido, Adriano, obrigado!

  3. Aline Granja em outubro 13, 2010 às 22:18
    #3

    O show foi bom, mas o som deixou a desejar! Não digo pela banda, que foi impecável, mas acho que o técnico de som deixou eles na mão. Fiquei na pista comum, mas bem próxima ao limite com a pista premium (ou seja, não muito longe do palco) e simplesmente parecia que eu estava ouvindo o CD deles. Não deu para sentir a vibração da bateria, nem a pressão do som. Não acreditei que eram eles tocando, a banda que ouvi tantas vezes desde a adolescência e que faz um som tão único, tão diferente, tão bom. Não sei se o problema foi na técnica do som ou o quê, mas realmente acho que eles são muito mais do que mostraram aqui no Rio. Cranberries toca muito, é um som muito forte, muito característico e vibrante. Não foi isso que eu vi ontem. Estranho. Teve uma música em que o Fergal tocou bongô e o som simplemente não saía! Ele tentou ajeitar o microfone várias vezes, mas não adiantou, nenhum ruído saía. Alguém sabe explicar, afinal, o que aconteceu ontem? Fiquei chocada!

  4. Alice em outubro 13, 2010 às 22:43
    #4

    A “almofada em forma de coração com as cores do pavilhão nacional que Dolores recolheu pra levar pra casa” fui eu quem jogou pra ela!

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