O Homem Baile

Peso açucarado

Crashdiet emplaca show repleto de riffs colantes e refrões pegajosos; grupo toca quase a íntegra do último álbum, “Generation Wild”, coadjuvado por platéia bastante participativa. Fotos: Luciano Oliveira.

O vocalista Simon Cruz e o baixista Peter London com o visual emblemático do Crashdiet

O vocalista Simon Cruz e o baixista Peter London com o visual emblemático do Crashdiet

O sujeito que desembarcasse de uma nave espacial direto para o Teatro Odisséia, ontem, no Rio, teria a impressão que pousara no lugar e na época errados. Motivo: o show do Crashdiet, num palco apertado e suado, era a cara da Los Angeles dos anos 80, onde bandas do mais festivo hard rock disputavam lugar em clubes de terceira, com cabeleiras coloridas e eriçadas, calças justas, tatuagens e muita diversão. Mais do que a viagem no tempo, compartilhada inclusive pelo o público, o show foi a prova cabal da resistência do hard rock - abominado por muitos; adorado por tantos outros -, gênero do qual o grupo sueco é uma das grandes revelações.

Ataque: Martin Sweet, Simon Cruz e Peter London

Ataque: Martin Sweet, Simon Cruz e Peter London

O grupo já esteve no Brasil em 2008, mas não passou pelo Rio, e dessa vez possui um novo vocalista, Simon Cruz, que, dependendo do lado de sua face, pode ser identificado como um integrante punk ou hard rock. Não é assim, no entanto, o som do grupo, que foge da mistura dos dois subgêneros característica de bandas suecas como o Backyard Babies. Com o Crashdiet o negócio é hard rock full time, carregado de refrões pegajosos cantados a três vozes e riffs pesados aqui e acolá. Ou seja, não é raro o quarteto se deixar levar por uma veia pop de gosto nem sempre confiável. Do disco mais recente, “Generation Wild”, lançado em abril, o grupo sacou nada menos que oito músicas, todas muitíssimo bem recebidas por um público em farta sintonia.

O lado punk do vocalista Simon Cruz

O lado punk do vocalista Simon Cruz

Por isso o batera Eric Young (curiosamente o mais velho da turma), antes do primeiro bis, usou o clichê “vocês são melhores que os argentinos” como forma de agradecimento. Antes, Simon Cruz, no início, também rasgou seda com a platéia. Não precisava, a julgar pela receptividade imediata de riffs colantes, caso de “So Alive”, “Bound to Fall” e “My Armageddon”. Esta deixou o verso “this… is… my… armageddon” martelando na cabeça o resto da noite, assim como o refrão grudento de “Riot In Everyone”, cantarolado por todo o público, num dos pontos altos da noite. Cruz mostra nessa música, gravada pelo vocalista anterior, Dave Lepard, a forte influência do Sebastian Bach dos tempos do Skid Row.

Agitação total no palco

Agitação total no palco

A coisa fica mais pesada quando Simon assume uma segunda guitarra, muito embora Martin Sweet é quem, naturalmente, toma conta de todos os riffs. Para uma banda de hard rock, ele poderia ter uma performance menos acanhada e avançar mais nos solos, quase sempre econômicos – talvez esteja aí a porção punk do Crashdiet, ainda que de forma sutil. Mesmo as músicas mais novas sendo de domínio do público, são os clássicos que arrebatam pra valer. É assim com “Queen Obscene 69 Shots” e com a poderosa “Breakin’ The Chainz”, ambas do primeiro álbum. Esta última desencadeia uma horda de braços erguidos e cadenciados pelo riff de guitarra de empolgar o mais tímido dos incautos. Depois de um bis de quatro músicas, o desfecho veio com “Generation Wild”, faixa-título do disco novo, talvez a mais perfeita síntese do som Crashdiet: refrões colantes e riffs matadores. Numa palavra: épico.

Nos braços do povo: banda agradece ao público

Nos braços do povo: banda agradece ao público

Set list completo:

1- Down With The Dust
2- So Alive
3- In The Raw
4- Native Nature
5- Falling Rain
6- Riot in Everyone
7- Rebel
8- Armageddon
9- Bound to Fall
10- Chemical
11- Straight Outta Hell
Bis
12- Breakin’ The Chainz
13- It’s a Miracle
14- Tikket
15- Queen Obscene 69 Shots
Bis
16- Generation Wild

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