O Homem Baile

Afirmação

Em segunda passagem pelo Rio, Crashdiet mostra evolução, melhor entrosamento e as novas misturas do álbum recém lançado. Fotos: Daniel Croce.

O bom vocalista Simon Cruz e eu moicano colossal: cada vez mais entrosado à frente do Crashdiet

O bom vocalista Simon Cruz e seu moicano colossal: cada vez mais entrosado à frente do Crashdiet

Cerca de dois anos e meio depois da primeira passagem pelo Rio, o Crashdiet volta ao mesmo Teatro Odisséia para lançar o novo álbum, “The Savage Playground”. Mesmo com mais de uma década de estrada, só agora o grupo parece mais maduro no palco, até porque o vocalista Simon Cruz está à frente há menos de quatro anos. Ele sabe como poucos segurar a onda quando o equipamento de guitarra pifa, em “In The Raw”, chamando o público para cantar até que o problema fosse demoradamente sanado. Talvez por isso o quarteto tenha limado algumas músicas do repertório inicialmente definido; foram 16 músicas, em vez das 18 apresentadas no sábado, em São Paulo, por exemplo.

O guitarrista Martin Sweet cruza os braços e fala

O guitarrista Martin Sweet cruza os braços e fala

Seis do novo álbum foram tocadas, e elas evidenciam a vocação do Crashdiet para a mistura de outros segmentos do rock, notadamente, em “The Savage Playground”, o heavy metal. Não é ao acaso que “Change The World” quase cita um riff do Iron Maiden fase Paul Di’Anno em mais de uma passagem. Em “Cocaine Cowboys”, apesar do início que flerta com o blugrass, com direito a slide acoustic guitar e harmônica, um insuspeito riff industrial à Marilyn Manson é detectado. E o que dizer do tom épico de “Garden Of Babylon”, já no título? A música, com quase oito minutos, descamba para um final progressivo/psicodélico dos mais inusitados, e o guitarrista Marton Sweet ainda saca um solo melódico de fazer inveja a Michael Weikath, o cabeça do Helloween. Sweet, por sinal, está solando mais, mesmo para os padrões econômicos do Crashdiet.

O bom público do Teatro Odisséia recebeu de ouvidos abertos as músicas novas, muito mais de forma contemplativa do que com a participação empolgada costumeira em músicas que já são verdadeiros clássicos do novo hard rock. Mesmo “Generation Wild”, faixa-título do álbum anterior, que no show de 2010 (veja como foi) cheirava a leite, já é recebida no final da noite com urros de felicidade e tem a letra cantada a plenos pulmões, cortesia de um refrão dos mais colantes. Outras músicas em que a plateia participa pra valer são “Riot In Everyone”, que inicia o primeiro bis; “In The Raw”, até para dar uma forcinha para Simon Cruz; e “It’s a Miracle”, acompanhada por pelos punhos erguidos em cadência marcada.

Os bons backing vocals do baixista Peter London

Os bons backing vocals do baixista Peter London

Uma menção deve ser feita ao vocalista. Com um cabelo moicano legitimamente punk que parece lhe cortar o pescoço e completar 360º, Simon Cruz tem o completo domínio das ações. Aprendeu, mais do que antes, a usar a sua grande referência vocal – Sebastian Bach, fase Skid Row – sem ser um clone genérico. Nos quase 90 minutos do show de ontem, soube forçar a voz nos momentos certos, como no final de “Breakin’ the Chainz”; passeou com facilidade na cadenciada “It’s A Miracle”; e quase colocou a casa abaixo no explosivo refrão de “Anarchy”, outra das novas que caiu muito bem no set. Ao que tudo indica, ele coloca um fim nas comparações com os vocalistas anteriores, sobretudo o grande Dave Lepard, adorado pelos fãs mais dedicados. O que apenas realça a afirmação de uma banda que tem o hábito de se superar e que mostra estar em ótima fase.

Set list completo

1- Change The World
2- Circus
3- Tikket
4- Anarchy
5- Breakin’ the Chainz
6- Rebel
7- In The Raw
8- Queen Obscene/69 Shots
9- Got A Reason
10- It’s a Miracle
11- Garden of Babylon
Bis
12- Riot in Everyone
13- Chemical
14- Down With The Dust
Bis
15- Cocaine Cowboys
16- Generation Wild

Alegria total: banda e público flagrados em plena interação no domingão do Teatro Odisséia

Alegria total: banda e público flagrados em plena interação no domingão do Teatro Odisséia

Tags desse texto:

Comentário

Seja o primeiro a comentar!

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado