Fazendo História

The Darkness
A banda que colocou o mundo da música de pernas para o ar

Matéria apresentando um dos fenômenos do rock dos anos 00. Capa da revista Dynamite 71, de março de 2004. Fotos: Divulgação.

darkness1Às vésperas do reveillon do ano 2000, em meio a boatos sobre o bug do milênio, que ameaçava paralisar um mundo já completamente dependente dos computadores, as torrentes de pedidos feitas por cada ser humano eram ainda maiores, afinal, estávamos na virada do século e aquele clima de que “no ano que vem vai ser diferente” contagiava a todos. A praia de Copacabana teve a maior e mais iluminada festa de sua história, Paris, a cidade-luz, viu um relógio gigante parar no tempo enquanto o século 21 começava, e Londres construiu uma enorme roda gigante (“The Eye of London”) para que todos os súditos da rainha e turistas em geral vissem o novo ano nascendo em toda a cidade.

Não muito distante dali, na cidade de Lowestoft, o ponto mais oriental da Inglaterra, quatro rapazes, por sua vez, faziam uma profissão de fé no bom e velho rock’n’roll. Mal sabiam que, exatos quatro anos mais tarde, estariam recebendo nada menos que três prêmios British Awards, a maior premiação do Reino Unido. O prêmio, equivalente a um Grammy americano, veio coroar um ano inteiro de badalação em torno do nome da banda, com direito as mais positivas resenhas da exigente imprensa especializada inglesa e repercussão em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde uma matéria gigante encerrou o Fantátisco, na Globo, no início de fevereiro. Depois disso, dez entre dez jornalistas brasileiros estão dando a vida por 15 minutos de papo com qualquer um dos seus integrantes. Estamos falando, você já deve ter percebido, de uma coisa chamada The Darkness.

MÚSICA É SÓ UM SENTIMENTO

Os irmãos Dan e Justin Hawkins tocavam guitarra desde cedo na pequena cidade, mas tiveram que se separar em 97, quando Justin foi estudar numa universidade em Huddersfield, na região da industrial Manchester, enquanto Dan, que era quem realmente sabia tocar, foi para Londres tentar a sorte no mundo do rock. Lá ele dividiu um pequeno apartamento com Frank Poullain, um escocês com ascendência francesa, também aspirante a músico, e que dizia pertencer a uma família de piratas. Volta e meia músicos se reuniam para tocar no local, mas nada apontava para a formação de uma banda, tampouco nenhum convite aparecia para Dan, que, por vezes, faturava uns cobres tocando com bandas covers em pubs. A coisa acontecia mesmo quando seu irmão Justin e Ed Graham, um antigo colega de escola, que agora era baterista, apareciam nos finais de semana. Olhando hoje a formação do Darkness, com Justin Hawkins (vocal/guitarra e teclados), Dan Hawkins (guitarra), Frankie Poullain (baixo) e Ed Graham (bateria), parece que a banda se formou já nesse período, mas a coisa não aconteceu, assim, de imediato.

Antes, Justin, mesmo como um visitante irregular, Dan e Frankie, montaram uma banda “quase” de rock progressivo chamada Empire. Aos poucos, Justin, que só tocava guitarra, foi colocando na cabeça dos outros dois que era preciso incrementar mais o som, colocar riffs de guitarra mais pesados, acelerar um pouco o andamento das músicas e assim por diante. O próximo passo seria arrumar um vocalista que tivesse uma voz firme o bastante para sustentar os tons mais altos, ao menos era assim que Justin achava que tinha que ser. Mas nesse tempo todo (já se passavam mais de dois anos) ficava cada vez mais difícil encontrar alguém com esse perfil. Isso até chegarmos ao crucial reveillon do ano 2000.

De volta à cidade natal para as festas de final de ano, os três estavam num pub frequentado por eles desde a adolescência quando uma história parecida com a de Johnny Rotten, que se tornou vocalista e líder dos Sex Pistols ao acompanhar uma música de Alice Cooper numa jukebox, acabou acontecendo. Numa brincadeira de karaokê, Justin encarou “Bohemian Rhapsody”, um clássico do Queen que misturava o hard rock da banda com orquestrações e vocalizações eruditas. Já meio aturdido pela bebida consumida com fartura nessas ocasiões, ele não deixou por menos: além de caprichar nos falsetes, saltou como se fosse David Lee Roth, o eterno vocalista do Van Halen. Também um pouco pra lá de Marrakesh, mas nem tanto, seu irmão Dan concluiu, profeticamente, que eles haviam, enfim, achado não só um vocalista, mas o front man ideal para a banda. Logo depois da virada do ano, os dois chamaram Frankie, que tinha acabado de voltar da Venezuela, confirmando a fama de aventureiro, e Ed, que estava tentando a sorte em outras bandas, para voltar a tocar com eles. Pronto. O ano de 2000 já poderia ver, entre tantas novidades do cenário do rock mundial, um representante da Inglaterra, que precisava mesmo dar uma resposta aos americanos de Strokes, White Stripes e cia.

EU ACREDITO NUMA COISA CHAMADA HARD ROCK

Uma vez escolhido o nome, o quarteto partiu para adaptar as músicas inicialmente compostas para o Empire para o “novo estilo” cujas características estavam mais nas concepções estéticas quer borbulhavam na cabeça de Hawkins do que nas composições da banda em si. Por vezes, nem ele acreditava que estava determinado a colocar em práticas as suas idéias, e muito menos que elas pudessem dar certo, a ponto de reunir público interessado naquilo. Também pudera. Ele estava em Londres (não em Los Angeles) e se inspirava no legítimo hard rock do final dos anos 70, que incluía Aerosmith e Van Halen, e ainda em sua versão mais pop, convertida para a década de 80, quando a MTV americana não se cansou de exibir caras e bocas de grupos como Mötley Crüe, Guns N’Roses, Warrant, Bon Jovi e congêneres. Mas era isso que vinha na cabeça dele, e a banda assimilava bem, muito por causa das referências musicais de Dan Hawkins, que tem entre elas, nomes como Thin Lizzy, o próprio Eddie Van Halen, AC/DC e Kiss.

Munidos de muita disposição para queimar no palco, o Darkness começou a agendar shows em pequenos pubs e outras casas menores do circuito de Londres, principalmente no reduto boêmio de Candem Town, e em menos de um mês já tinham um público que passou a acompanhar a banda a cada nova apresentação, mesmo porque, como só tocavam em casas chulé, o ingresso nem era tão caro assim. Além das guitarras rascantes, dos riffs típicos do hard rock, a performance apoteótica de Justin Hawkins já chamava a atenção. Trajado com roupas extravagantes – como um macacão de tecido em pele de zebra com boca de sino e o peito desnudo -, o vocalista se mexia o tempo todo no palco, sintetizando gestos e trejeitos de todos os ícones do gênero, e sempre abusando do falsete em sua voz, que não podemos chamar exatamente de afinada. Para o Darkness, qualquer showzinho num pub londrino de segunda era com se fosse o da banda principal do Reading Festival: eles sempre davam o máximo. A antenadíssima imprensa musical local, especialista em transformar um “quase nada” numa unanimidade mundial, viu nas apresentações da banda uma grande piada e fez pouco caso. Todos estavam com os olhos virados para Nova Iorque ou para centros alternativos, onde descobriam novos hypes como The Hives, da Suécia, e The Vines, da Austrália.

COLOQUE SUAS MÃOS NA MINHA MÚSICA

Até meados de 2002 poucas eram as notícias que ultrapassavam essa “barreira”, mas algumas resenhas de shows foram aos poucos saindo da Ilha, e paulatinamente a própria imprensa inglesa, inicialmente contrariada, foi se familiarizando com o som e com os exageros do Darkness, embora a banda não fosse levada a sério, até porque os próprios integrantes parecem não seguir por este caminho mesmo. Ainda assim, em março eles fizeram dois shows isolados nos Estados Unidos, um em Austin e outro em Los Angeles.

Em agosto, finalmente saiu o primeiro single do grupo, na verdade um EP chamado “I Believe In a Thing Called Love”, título também da faixa principal, e que vinha ainda com as músicas “Love On The Rocks With No Ice”, de título impagável, e a balada “Love Is Only a Feeling”. Até o final do ano o grupo foi, aos poucos, gravando o material que faria parte do álbum de estréia, mas a Must Destroy Music, gravadora com a qual descolaram um contrato, ainda tentava uma parceria para fazer do lançamento um evento mundial. Ao mesmo tempo, o Darkness passou a tocar em casas maiores e de renome, como a Brixton Academy e o Astoria, ambos em Londres. No balanço de 2002, o Darkness fechou o ano tendo sido notícia em toda a imprensa mundial, contando com a capa da Kerrang!, a bíblia do heavy metal. O passo seguinte foi fechar parcerias para abrir shows de bandas do porte, já para 2003, como Def Leppard (fevereiro) e Whitesnake (maio).

Aos poucos o mercado musical londrino foi sendo alimentado com algumas doses de Darkness. Em fevereiro de 2003, foi a vez do segundo single, ”Get Your Hands Off My Woman”, que pela primeira vez colocou a banda na parada inglesa. Tudo bem que foi na 36a posição, mas para o quarteto, que há pouco menos de dois anos era considerado uma piada, foi um feito e tanto. Eles sabiam que esse era o sinal que apontava para uma aceitação por parte da mídia britânica, e que, se ela começasse a jogar a favor da banda, eles logo virariam o novo hype em todo o mundo. No disco, tinha ainda “Best Of Me” e uma outra versão para a faixa-título. Para melhorar, em março a Must Destroy fechou a aguardada parceria com a gigante Atlantic Records, e o quarteto já podia, enfim, lançar o álbum de estréia, agora com distribuição garantida mundo afora.

PERMISSÃO PARA DOMINAR O MUNDO

Aproximadamente um mês antes da data de lançamento do disco, e depois de shows de abertura para outras duas bandas consagradas, Deep Purple e Lynyrd Skynyrd, saiu outro single, “Growing On Me”, com “How Dare You Call This Love” e “Bareback”, o tema instrumental épico utilizado na abertura dos shows. A bolacha trazia ainda, em DVD, o vídeo para a faixa título, e foi o maior sucesso do Darkness até então, quase entrando direto para o top 10 (ficou em 11o lugar), já na primeira semana. Em julho, “Permission To Land”, o álbum, entra direto no segundo lugar na parada britânica, atrás apenas de Beyoncé, que logo na semana seguinte cede lugar ao Darkness. Foi a primeira vez que um artista britânico conseguiu este feito, desde o Coldplay, em 2000, com o álbum “Parachutes”.

Em 2003, o Darkness também já vinha tocando em todos os festivais de verão de renome no Reino Unido, sempre ocupando o palco principal: Download, em junho, em Donington, que no passado foi palco de várias edições do tradicional Monsters Of Rock, famoso por apresentar bandas de metal; o Festival da Ilha de Wight; o também afamado Glanstonbury, e até no ortodoxo With Full Force, o festival alemão onde tocam as bandas mais pesadas do planeta. Mas a consagração viria no último final de semana de agosto, quando a banda ocupou o palco principal do Reading Festival, evento que é ponta de lança do rock mundial. Três dias antes, na Irlanda, a banda abria os shows que Metallica e Linkin Park faziam na terra de Bono Vox. Agosto também marcou pelos primeiros shows feito na Europa, quase todos com lotação esgotada. O resultado? A capa da Metal Hammer em outubro.

Enquanto o Darkness partia para novos shows nos Estados Unidos e Canadá, em de setembro, um novo single com música “I Believe In a Thing Called Love” chegava as lojas. Desta vez com as faixas “Makin’ Out” e “Physical Sex”, além de um DVD com os vídeos para “Out Of My Hands” e para a faixa título. Foi parar direto no segundo lugar das paradas britânicas. Mas o ano só acabou mesmo com o tradicional single de Natal, para a oportunista “Christimas Time (Don’t Let The Bells End”, em CD picutre disc.

O ano de 2004 começou com o Darkness sendo indicado em quatro das principais categorias do Brit Awards: banda revelação inglesa, melhor grupo britânico, melhor álbum e melhor performance ao vivo. Acabou faturando nada menos que nas três últimas. No dia 17 de fevereiro, num Earls Court lotado, e com transmissão ao vivo pra todo o mundo (em TV aberta e a cabo), lá estava Justin Hawkins com seu modelito típico. “Só o que tenho a dizer é que acho que nós provavelmente somos o melhor grupo britânico”, declarou à BBC. Os mais de 1,2 milhões de ingleses que compram “Permission To Land” sem parar desde o lançamento, certamente concordam. Mas os números não param por aí. Nos Estados Unidos, já estão contabilizadas 500 mil cópias, e um modesto, ao menos por hora, 36o lugar na parada da Billboard. Depois de shows na Austrália, Europa e Canadá, a banda seguirá uma agenda de aproximadamente 20 shows em solo americano, todos já com os ingressos esgotados. E quando você estiver lendo esta matéria, já estará nas lojas lá de fora mais um single, com a balada “Love Is Only A Feeling”, tendo como bônus um vídeo feito durante a turnê australiana. Mais: no fechamento desta edição começou a circular o boato de que o Darkness tocará no Brasil ainda nesse ano, já em maio ou junho. Se onde há fumaça, há fogo…

O MUNDO DE PERNAS PARA O AR

Mas o que tem demais o The Darkness para conquistar todo esse sucesso? Que música é essa que rende vendas espetaculares, shows com lotação esgotada e prêmios pelo mundo todo? Tecnicamente (como dizem os yankees) e musicalmente falando, o grupo recicla o hard rock do final dos anos 70, e mistura com os exageros do mesmo hard rock versão anos 80, quando o visual totalmente “over” tomou conta e ganhou um generoso espaço na MTV, então em franca expansão.

Mais Justin Hawkins abusa de falsetes vocais que parecem debochar de grupos de heavy metal da atualidade (notadamente em sua vertente mais melódica), e, ao mesmo tempo, do próprio Darkness. O que tem deixado o mundo da música de pernas para o ar, entretanto, é que a mídia britânica (e a grande mídia de uma forma geral), que jamais abre espaço para bandas ligadas ao hard rock/heavy metal (esquecem que o Reino Unido, além de ser berço de bandas melancólicas e como Radiohead, Cure, Oasis e Coldplay, também é a Pátria de Iron Maiden, Thin Lizzy, Deep Purple, Led Zeppelin e Def Leppard), teve que engolir o Darkness e apontá-lo como grande novidade do rock inglês dos últimos tempos. Isso porque a banda ganhou púbico e espaço por conta própria, tocando em tudo que é buraco até conseguir o respaldo atual. De outro lado, a mídia segmentada em heavy metal, ao invés de comemorar o fato, torce o nariz e afirma, em alguns casos, que “não se trata de uma banda de metal”. Afinal, ela não surgiu dos guetos dos festivais europeus, e sim num pub londrino. Até Bruce Dickinson, quando esteve no Brasil, em janeiro, se manifestou (ver box), clamando por respeito aos fãs de metal. Será que ao ouvir os falsetes de Hawkins ele vestiu a carapuça?

De qualquer forma, e diferentemente dos inúmeros hypes que têm aparecido no mercado musical nos últimos anos, o Darkness parece que veio para ficar. Se for realmente uma piada, de certo ela não irá durar muito. Mas com tanta badalação e lucros pra lá de generosos, a banda vai ter tempo e condição necessários para provar o contrário. Afinal, honra seja feita, se existe uma banda que nasceu contra tudo e contra todos e se fez notar por seu próprio esforço, esta banda se chama The Darkness.

THE DARKNESS
O QUE ANDAM FALANDO

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AQUI…

O Darkness se transformou em uma banda-evento por causa de sua estética da extravagância, que divide opiniões. Num mundo em que o rock “simples” e despojado domina, com esses roqueiros que usam no palco a mesma roupa com que vão à padaria (e isso é considerado legal), o Darkness chama a atenção pela diferença. Quanto à música, eles incrivelmente souberam aproximar o classic rock desgastado dos anos 80 do rock atual. Por mais estranho que possa parecer, dentro dos falsetes do Asia e do som parecido com Bon Jovi, saem coisas muito boas como “I Believe In a Thing Called Love” e “Love Is Only a Feeling”. Muitas outras são lixo mesmo. Mas não dá para ver o Darkness só pela música. Seria limitar os caras. O mais divertido deles é que a banda é isso e se considera isso: uma diversão.
Lúcio Ribeiro, Folha de São Paulo

Eu fui prestar atenção na banda quando o vocalista foi preso em Nova Iorque confundido com um serial killer. Depois que ouvi o disco, descobri o que poderia ter sido o Black Crowes, se não fosse uma banda tão chata. O The Darkness é exatamente isso: uma versão moderna, criativa, contagiante e muitíssimo mais legal do Black Crowes.
Fernando Souza Filho, Rock Brigade

O Darkness chamou a atenção por trazer de volta uma certa cafonice e alegria
que caracterizam o hard rock old fashioned, de bandas como Kiss, Twisted Sister, Mötley Crüe, etc. Hoje você olha em volta e o que vê: só bandas deprimidas, “punks”, parecidas umas com as outras (como saber se é o Limp Bizkit, Korn ou Linkin Park que tá tocando, se estas têm o mesmo som produzido no mesmo estilo?). O Darkness é legalzinho, mas se eles aparecessem numa hora em que a cena de hard rock estivesse forte, seriam só mais uma. Como não tem nada parecido hoje em dia, se destacaram. O Darkness brinca com o estereótipo, tem humor e parece estar se divertindo. Tomara que não seja mentira…
Tom Leão, O Globo

Acho que a badalação em cima do The Darkness é muito mais por serem uma banda inglesa não melancólica, pois de bandas como Radiohead, Coldplay e Placebo, entre outras, a Inglaterra já está cheia e bem servida. O som deles não tem nada demais. A Inglaterra estava muito carente de uma banda de rock mais para cima e que trouxesse de volta algo mais “louco”, estilo anos 70. Resta saber se eles vão se destacar mundo afora.
Cláudio Vicentin, Roadie Crew

Eu não gosto do som do The Darkness exatamente por achar ele muito pré-fabricado. Eu posso estar enganado, mas os acho com a maior cara de banda de produtor, em que todos os detalhes foram estudados a fundo para parecerem rebeldes na medida certa, para não desagradar nem o pai roqueiro nem o filho underground. Além do mais, as músicas são muito ruins, imitações baratas de Def Leppard e Van Halen. Tudo começou na Inglaterra, né? É aquele negócio, os hypes da NME, quando têm uma boa gravadora major por trás, geralmente estouram, vide o caso do Coldplay e de bandas como Hives e Vines.
Luciano Viana, London Burning

O Darkness pode parecer que é mais presepada do que rock, mas o cantor Justin Hawkins e seus amigos, apesar de toda a pantomima, também têm algo a dizer musicalmente. A banda não é original, e isso não é importante: é um grupo de rock sólido, com canções simpáticas como “Growing On Me” e “Love Is Only a Feeling”. A parte extramusical ajudou a chamar a atenção, mas seu sucesso se baseia também em um rock bem tocado - nada extraordinário, mas competente e até raro hoje em dia. Nos próximos discos, o público verá se a banda tem realmente gás para se manter no topo, ou se soará como uma piada contada pela segunda vez.
Bernardo Araújo, O Globo

O Darkness é sensacional. A Inglaterra finalmente tem seu Mamonas Assassinas. Não dá para negar que o sucesso deles está atrelado com visual, com a comicidade da história toda, com nossa era boba. A música é maneira, “Friday Night” é a balada-hard-pop que o meu querido Tesla nunca escreveu. “Growing On Me” é perfeita, nem Léo Jaime fez uma música sobre AIDS tão boa. Muita gente que não tinha peito de assumir o quanto esse tipo de som é bacana arrumou uma desculpa no hype do Darkness para soltar a franga. Trata-se de um fenômeno. Logo vai passar - para a minha tristeza e para a felicidade de outros.
José Flávio Jr., Usina do Som

…E LÁ FORA

Eles sabem que o que eles estão fazendo não é fantasia, mas é diferente de tudo que está aí e isso é o que realmente vale. Eu me lembro quando os vi pela primeira, num show de abertura para nós. Era como ver o um encontro do AC/DC com o Queen, com o vocalista do Sparks. Esse é o início de uma nova geração de música divertida, mas que precisa de apoio para crescer.
Joe Elliott, vocalista do Def Leppard

A música não diz nada para mim, mas eu respeito o que eles fazem. Eu acho que eles não têm pernas para crescer, a menos que façam algo para ir em frente. Eles só estão vivendo suas fantasias, ao repetir suas bandas favoritas, mas precisam trazer um significado para isso.
Conor McNicholas, NME

Eu não conheço muito a banda, só acho que eles deveriam respeitar os fãs de heavy metal, porque heavy metal é uma coisa séria.
Bruce Dickinson, vocalista do Iron Maiden

Trata-se da maior banda de rock’n’roll dos últimos vinte anos.
Kerrang!

Justin Hawkins é um cara que não tem medo de perpetrar um vocal em falsete em todas as músicas de “Permission to Land”, o primeiro álbum de metal-retrô que vale mais do que uma piada passageira. O hard rock dos anos 80 está vivo em e muito bem nas mãos do Darkness.
Rob Kemp, Rolling Stone

Com um álbum de estréia fantástico, os temores foram aumentados por parte de alguns fãs de que talvez o Darkness não será capaz de produzir coisas boas numa segunda vez. Se os deuses do rock’n’roll estão sorrindo para eles, eles terão uma longa e ilustre carreia criando música surpreendente nos próximos anos. Mas mesmo que eles não consigam, já deixaram uma indelével marca em um mercado que clama por algo que o Darkness tem de sobra, e uma marca que demorará muito tempo para desaparecer.
Oli Moorman, BBC

O que nós temos que outras bandas não têm? Colhões. Não saco, mas colhões.
The Darkness

THE DARKNESS
Permission To Land
(Warner)

thedarknesspQuem ouve os primeiros acordes de “Black Shuck”, a música que abre o disco, pensa se tratar de AC/DC. Quando entra o vocal de Just Hawkins, a coisa beira o inacreditável, pelo exagero e inusitado da coisa. O Darkness revive o bom e velho hard rock, bem tocado, mas de uma forma exagerada que muitos entendem como caricata. Talvez até a própria banda admita isso, mas é inegável a capacidade que o grupo tem de fazer músicas com apelo pop e altamente cativantes (taí o diferencial) como “Growing On Me“, “I Believe In a Thing Called Love”, e a baladaça ”Love Is Only a Feeling”. E ainda outras empolgantes como ”Get Your Hands Off My Woman”, que, numa pista de dança, expulsaria de vez as bizarrices eletrônicas dos últimos tempos. Há também músicas meia boca, mas que não chegam comprometer o conceito. O grupo resgata o rock para as paradas da música pop, mas não vale à pena esperar o próximo disco para ver no que vai dar. Porque com os 40 minutos de “Permission To Land”, o Darkness poderia acabar hoje mesmo, que já teria feito sua parte.

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