Reprovados por falta
Na aula de funk comandada por Gerson King Combo & Supergroove, só ficou faltando o público, ontem, no Festival Universitário MTV, no Rio; Tereza e Los Bife foram os vencedores entre os concorrentes e voltam a se apresentar hoje, antes do The Walkmen. Fotos: Moskow/Divulgação.
A escalação de uma superbanda do funk no dia da consciência negra foi uma iniciativa das mais apropriadas, mas o que era para se transformar num grande encerramento da segunda noite do Festival Universitário MTV, acabou virando um espetáculo melancólico. Não que a banda não tenha cumprido seu papel em cima do palco, mas os atrasos nos horários dos shows culminaram na falta de público a ponto de o veterano Gerson King Combo e seus convidados terem que acelerar os procedimentos. Foi constrangedor ver alguém tão relevante para o gênero no Brasil tocando para menos de 50 pessoas, já na madrugada de hoje.
Azar de quem perdeu a verdadeira aula de funk. Funk de verdade, não aquela baticum monocórdico de péssimo gosto que infelizmente virou referência internacional como “brasileiro” ou “carioca”. A banda Supergroove é arrumada, tem bons músicos, sobretudo o baixista Eddy Pinheiro, e Heitor Nascimento, guitarrista operário que faz certinho o feijão com arroz do funk. É o baixo quem comanda a noite, como em “De Alegria Raiou o Dia”, a primeira que tem a participação de Carlos Dafé, da Banda Black Rio. Antes de começar “Que Beleza”, o tecladista “vê” Tim Maia ao lado de Bob Marley em algum lugar. Além de naipe de metais e de backing vocals femininos, a superbanda ainda inclui dois dançarinos que descem do palco para reviver os bons tempos dos bailes funks do subúrbio carioca.
A coisa só desanda quando – pecado dos pecados – a banda deixa o palco nas mãos dos rappers Dughettu e André Ramiro, que, segundo consta, antes de interpretar o substituto do Capitão Nascimento em “Tropa de Elite” já fazia suas rimas. Ainda houve tempo para outro rapper, Marechal, mandar um improviso, e o DJ fazer uma – acreditem – exibição. Foi a senha para o ralo público que ainda resistia tomar o caminho de casa. Combo ainda voltaria – está em boa forma – para finalizar a aula de funk com “Mandamentos Black” (com citação de “Sex Machine”), o clássico “I Feel Good” e “Good Bye”. Pena que os alunos não estavam mais ali.
TEREZA E LOS BIFE VENCEM VOTAÇÃO
A produção do festival manteve a inexplicável programação com bandas se apresentando no “Palco Principal” e no “Boteco Universitário” ao mesmo tempo, o que prejudicou seriamente os shows, de parte a parte. O Cabaret não estava nem aí, e com nova formação, incluindo quatro backing vocals, aproveitou para mostrar parte do repertório do próximo álbum, “A Paixão Segundo Cabaret”. Destaque para a impagável performance do vocalista Márvio, que fez graça com as bandas de menor projeção tocando em placo com melhores condições. Foi o show que teve mais público no boteco.
Mesmo com um set arrumado, o Macanjo não deu a mesma sorte. Tocando já no avançar do horário, reuniu pouco público, caso também do Columbia, outro que teve que fazer a limonada. Mais cedo, os Filhos do Erasmo…, ops, da Judith, mandaram o rockinho clássico deles com muita desenvoltura. Talvez seja, entre os que tocaram ontem no palco secundário, os que mais evoluíram nos últimos anos.
Na mostra competitiva a coisa foi feia. O Contraplonge poderia ter salvado a noite, mas o trio virtuose caminha indeciso entre a ênfase instrumental, quando se sai melhor, e em músicas com vocais – aí escorrega e estabelece o tal paradoxo. Ainda assim foi de longe a melhor apresentação da noite, em que pese o baixíssimo nível dos outros concorrentes. A onda Jota Quest do Abre Aspas, por exemplo, não faz o menor sentido para uma filial numa época em que a matriz carece de renovação há tempos. E o Um Porém Dois levou uma mistureba pretensiosa e sem o menor sentido para 35 infelizes contados a dedo na platéia.
O Unidade Imaginária, grupo que nem é tão novo assim, perdeu a chance de se impor, mas faltou um algo mais – talvez boas músicas – que vestidos e flores tropicais não suprem. A vocalista Mariana Volker reclamou do pouco tempo para mostrar o “trabalho”, mas não se furtou em mandar um cover. O pior da noite, porém, ficou com os extremos estabelecidos pelos vocalistas do Case e do Tereza. No primeiro, a mocinha parece ter subido ao palco pela primeira vez na vida, e o segundo conta com frontman afetado que faz do exagero a principal característica. Mas o púbico gostou e escolheu o Tereza e o Los Bife (que tocou na quinta), para se apresentar na noite de hoje, antes do The Walkmen. Vai ter amigos assim lá na Marina da Glória!
O Festival Universitário MTV termina hoje. Confira os detalhes aqui.
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O evento ter vacilado no som prejudicou imensamente as performances!! Até o som do The Walkmen estava horroroso. O som do Boteco deu um baanho no principal, e outra coisa, as bandas concorrendo, sem passagem de som - chegar e “seja o que Deus quiser” - é um absurdo. Tem algum mágico por aí?!?
Hmm, essas bandas não tem nenhuma qualidade? Interessante…
Cara… sou fã do Contraplonge e por isso suspeita! Mas gostaria que você tivesse a oportunidade de realmente ouvi-los… Depois disso, se ainda continuar com a mesma opinião… tenho certeza de que toda critica é com o objetivo de construir!
A produção desse evento foi um verdadeiro fracasso! Estive lá nos 3 dias e não consegui ouvir nenhuma banda do palco principal… infelizmente não consegui trazer para a minha vida nenhum novo som de lá pois nenhum deles teve a oportunidade de me atingir!
Só me apaixonei pelo Eletro, que tocou no boteco, onde o som era maravilhoso…
A organização foi estremamente mal feita… vc não podia estar ouvindo as bandas que estavam lá pensando em mostrar seu trabalho para o publico das outras bandas porque tinha que estar votando desesperadamente (se pensasse em vencer) ou então no boteco onde você conseguia ouvir o que estavam cantando e tocando…
Graças a Deus os meninos do Contra são ótimos e estavam dando a maior força pra gente curtir o evento, conhecer as bandas novas e afins… ao invés de ficarmos presos votando.
Quem pensou que por aquela tenda louca e baixa no palco principal de shows de rock? Não preciso de muita experiência para saber que não daria certo… é só pensar um pouco né, gente? Quando você ia chegando no palco principal o som estava ótimo mais lá dentro… um lixo!
Triste… uma pena que numa cidade como o Rio onde somos tão carentes de bons eventos esse tenha se mostrado só mais um fracasso preguiçoso e mal feito!
Desculpem o tamanho desse post mas é que a decepção foi grande!