Rock é Rock Mesmo

Se Dylan e Stones podem… Por que não o Iron Maiden?

Estreou em circuito mundial essa semana “Flight 666 – O Filme”, que cobre parte da última turnê de um dos maiores expoentes do heavy metal mundial.

Meus amigos, não é que o Iron Maiden chegou ao cinema? Não sei se vocês já foram assistir ao filme que cobre um pedaço da última turnê do grupo, o tal “Flight 666”, que teve estréia mundial essa semana. Eu tive a sorte de ir à pré-estreia mundial, que, acreditem, aconteceu aqui no Rio, no mesmo dia do show da Apoteose, 14 de março, e recomendo. Sobretudo se você gosta da banda, porque trata-se de um filme bancado pelo Iron Maiden, feito por um fã de Iron Maiden para fãs de Iron Maiden.

Digo isso depois de ter lido, no dia seguinte ao da pré-estreia, um crítico num desses jornais de grande circulação dizendo, numa resenha, que, enquanto filme, “Flight 666” não é bom. Até aí morreu Neves, porque certamente Sam Dunn e Scot McFadyen não são cineastas consagrados. Este filme, aliás, é só o terceiro que eles fazem, sendo os outros dois, “Metal: Uma Jornada Pelo Mundo do Heavy Metal” e “Global Metal” (ainda sem tradução para o português), já nos títulos, também documentários sobre heavy metal.

Tive a oportunidade de ser o primeiro jornalista brasileiro a entrevistar Dunn, em 2006, para fazer uma materinha para a Revista Bizz. Trata-se, como hoje sabemos todos, de um antropólogo, fã de metal desde menino, que decidiu fazer um filme para saber o porquê de um gênero musical ser tão mal tratado pela mídia em geral e ao mesmo tempo atrair milhares de fãs, como ele próprio. E o que seduziu a tal mídia foi justamente o atributo de “antropólogo”, que deu credibilidade ao trabalho que Sam estava por fazer. Na verdade foi só por isso que a minha pauta foi aprovada na época. A íntegra dessa entrevista está aqui, já no site novo.

É de Sam a frase lapidar dita logo após a sessão de estreia do filme, lá no Odeon. “Se Rolling Stones e Bob Dylan têm documentários de respeito, agora o Iron Maiden também tem”. Não é querer colocar todos num patamar só, mas a história do Iron Maiden, embora já documentada nos tantos DVDs que o grupo lança a cada ano, já merecia um longa para os cinemas. Não se sabe se o filme, entretanto, terá boa bilheteria no Brasil, nem se fã de metal gosta também de cinema. O que importa é que o investimento foi feito, agora é com os fãs. No mínimo os vinte e tantos mil que foram no show do Rio vão fazer a parte deles.

Ocorre que, ao citar Stones e Dylan, me vem à cabeça documentários sobre a carreira desses artistas, e, no caso do Iron Maiden, trata-se de um filme que cobre cerca de 40 dias da primeira fase da turnê mais recente – não conta a história do grupo como nos tais DVDs que o grupo lança à rodo. E convenhamos que se trata de uma turnê espetacular. Primeiro que revive um dos grandes momentos da carreira do grupo, nos anos 80, tocando músicas que nunca mais entraram no repertório e com os cenários da época. Uma verdadeira viagem no tempo.

Como se não fosse o bastante, para efeito de se fazer um filme, o roteiro conta ainda com um avião próprio, customizado, com o número 666 e pilotado pelo vocalista, Bruce Dickinson. Quando alguém poderia imaginar uma coisa dessas? E quando isso voltará a se repetir? Talvez nunca mais. Eu, por exemplo, achava que ter avião próprio e customizado era uma coisa que pertencia aos anos 70 e que isso jamais voltaria a acontecer. A turnê do álbum “Powerslave”, por sua vez, é coisa típica dos anos 80, e também voltou, junto com o avião dos anos 70. Dá pra acreditar?

Dá, sim. Basta comprar o bilhete e ver “Flight 666”. Lá está o piloto Bruce Dickinson devidamente uniformizado e falando com a torre de comando: “flight number 666”. No que recebe como resposta: “666, the number of the beast”. É mole um negócio desses? Isso sem falar nas aeromoças vestidas com camisetas do grupo, e todos os passageiros da equipe da turnê no mesmo vôo, além da turma da filmagem. Só vendo pra crer. Inclusive detalhes de como funciona toda montagem e desmontagem do palco gigante e cheio de efeitos especiais, incluindo o Eddie gigante manipulado por controle remoto.

Outra parte que chama a atenção é a da histeria beatlemaníaca que acomete fãs de lugares onde a banda foi pela primeira vez. É quando Bruce mesmo fala que começa o trecho perigoso da turnê, porque ele sabe que o público é mais apaixonado e a organização (seguranças, etc), menos eficaz. Mas tudo corre bem, embora essa euforia se torne um tanto repetitiva – só perde para as cenas gravadas ao vivo, nos shows. Mas essas são puro deleite para fãs, tanto que, no DVD, que já está a caminho, um segundo disco vai trazer a íntegra das apresentações de onde esses trechos foram retirados.

Não era minha intenção voltar a falar de Iron Maiden tão cedo, depois da pré-esteia do filme e do show, em março. Mas como no circuitão “Flight 666” entrou em cartaz anteontem, não podia decepcionar a evidente demanda. Quem quiser ver uma resenha que fiz no dia, logo depois de assistir ao filme, vai lá na UOL. E boa viagem!

Até a próxima, e long live rock’n’roll!!!

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