Som na Caixa

Sebastian Bach

Angel Down
(EMI)

sebastianbachangelDeixando de lado o disco ao vivo de 1999, com pouco material inédito, e outro gravado à frente do Frameshift, em 2005, este é o primeiro álbum solo de Sebastian Bach, cujo nome foi feito junto com o Skid Row, no auge do hard rock dos anos 90. O vocalista não é de ficar parado, mas só no final do ano passado conseguiu finalizar “Angel Down”, uma bela coletânea de músicas porradas que, além da marca do próprio Bach, traz também o dedo do produtor Roy Z. (Bruce Dickinson, Rob Halford) e os riffs pesadões de Metal Mike, o mesmo que fez parte da carreira solo do Halford fora do Judas Priest. Um ligeiro flerte com metal melódico e duas baladas – marca registrada no gênero – podem finalizar uma visão bem sintética de “Angel Down”.

O grande chamariz do CD, no entanto, é a participação de Axl Rose, que canta em três das 14 faixas, entre elas a cover de “Back In The Saddle”, do Aerosmith, clara referência para as duas bandas de origem, assim como Steven Tyler é para os dois vocalistas. Axl participa ainda de “(Love is) A Bitchslap” e “Stuck Inside”, esta soltando os vocais esganiçados que lhe deram fama com muito mais intensidade. As três representam bem o somatório de referências que definem este disco de Sebastian Bach: metal porrada cheio de riffs, hard rock à Skid Row e os vocais clássicos. O riff de “(Love is) Aa Bitchslap” é do tipo que não deixa ninguém parado, e revive os bons tempos do hard rock feito para dançar.

Mas reduzir este bom álbum às participações de Axl Rose seria um equívoco. Bach soube resgatar boa parte daquilo que o ajudou a ter destaque na cena há mais de uma década, mas sem soar como algo revivalista. Às vezes, um heavy rock dá o ar da graça com um peso descomunal (caso de “American Metalhead” ou “Stabbin’ Daggers”), e noutras, como em “Our Love Is a Lie” e “Live & Die”, o vocalista parece estar cantando com o Skid Row no palco e seus clipes bombando na MTV. Esse retrato do passado, ainda assim, não deve agradar somente a revivalistas de plantão, mas a qualquer um interessado em música pesada feita com muita perícia e bom gosto.

As baladas do disco são “Falling Into You”, a melhor delas, que fecha o CD com a melancolia da despedida, e “By Your Side”, cujo solo dedilhado lembra – acreditem - um sucesso do Duran Duran. Não chegam perto de números do Skid Row como “Quicksand Jesus”, “18 And Life” ou “Wasted Time”, mas nem por isso deixam de ter seu valor, mesmo porque a voz de Sebastian, hoje um quarentão, continua muito boa. O alcance dela na citada “Live & Die”, por exemplo, surpreende. Por fim, “Take You Down With Me” e “You Don’t Understand”, com uma introdução de fazer inveja aos caras do Helloween, dão um certo ar melódico ao disco, provavelmente trazido por Roy Z., que também já trabalhou com bandas do gênero – o próprio Helloween, inclusive.

No disco tocaram ainda o baterista Bobby Jarzombek (também ex-Halford), o excelente baixista Steve DiGiorgio (Death, Testament) e o guitarrista Johnny Chromatic. Os dois últimos já não estão mais na banda. Sebastian Bach está de volta, muito bem acompanhado e ocupando o lugar que jamais deveria ter abandonado: o da linha de frente do hard rock mundial. Agora só falta o Axl e seu “sabe-se-lá-quem-toca” Guns N’Roses desovar alguma coisa.

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