O Homem Baile

Exibição teatral

Com grande apelo cênico, black metal do Behemoth faz bom papel na abertura para o Arch Enemy no Rio. Fotos: Daniel Croce.

O líder, guitarrista e vocalista do Behemoth, cujo nome se confunde com o da prórpria banda

O líder, guitarrista e vocalista do Behemoth, cujo nome se confunde com o da própria banda

Não é nem o começo do show, mas chama a atenção a chegada ao palco de um sacerdote from hell trajando vistosa mitra preta longilínea, assim como o preto contrastando com a palidez dos rostos é a cor que marca a indumentária de todos ali desde o início da noite. O preparo especial, entre tantas entradas e saídas do palco, é para a música “Bartzabel”, espécie e invocação do Mal que só podia mesmo fazer parte do repertório de uma banda de black metal como o Behemoth. O show é o de abertura para o Arch Enemy (veja como foi), como parte da “Latin American Siege 2022”, que passou pelo Rio, na Sacadura 154, na última sexta, 18/11. E é Nergal, cujo nome quase supera o da própria banda, o Papa dos quintos dos infernos.

O show é basicamente cênico, e, a despeito do corpse paint (rosto maquiado para parecer com o de um cadáver) e da atmosfera sombria que permeia o black metal de um modo geral, usa e abusa de luzes coloridas e de canhões espraiados; e o efeito é ótimo! Mesmo não sendo um palco grande como os de festivais, há plataformas em volta do praticável da bateria e várias outras individuais, de modo que os três integrantes de frente – além de Nergal, vocal e guitarra, o grandalhão baixista Orion e o guitarrista Seth - se mexem um bocado, praticamente com um posicionamento ensaiado para cada música. Pode não parecer algo relevante, mas isso muda completamente a dinâmica do show, em comparação com a apresentação de outras bandas do gênero.

Mas… e a música? Assim como a banda de fundo, o Behemoth vem para essa turnê com um novo álbum debaixo do braço, o razoável “Opvs Contra Natvram”, que saiu há dois meses. Dele, entram quatro faixas no set, sendo “The Deathless Sun” e “Versvs Christvs” as que melhor funcionam ao vivo. A primeira alternando grande velocidade com momentos mais cadenciados, com excelente condução do batera Jon Rice, que substitui o titular do posto, Inferno, nessa turnê. Além de ter trechos de fácil acompanhamento por parte do público, ainda esconde um sombrio riff de guitarra nas entranhas do esporro. E a segunda, peça principal do disco, funciona quase que como um grand finale no show, repleta de alternâncias de velocidade no jeitão black metal de ser. Deve ser daquelas que tendem a permanecer no repertório dos shows por um bom tempo.

Estreitando laços: o baixista do Behemoth, o grandalhão Orion, abre caminho no meio do público

Estreitando laços: o baixista do Behemoth, o grandalhão Orion, abre caminho no meio do público

Entre as antigas, “Ov Fire and the Void”, do clássico álbum “Evangelion”, de 2009, que mudou a banda de patamar, mata a pau, como se fosse um compêndio/síntese do som dos poloneses: atmosfera sombria, bateria nevosíssima e guitarras trabalhadas e em sintonia com a temática misantropia/ocultismo, para dizer o mínimo. E o desfecho vem com “Chant for Eschaton 2000”, na qual o público participa calorosamente com os punhos em riste e brados em alto volume, e tem como plus Orion marchando no meio da plateia com o baixo empunhado abrindo caminho. Atitude que estreita laços entre os lados e marca o bom papel – sobretudo teatral, reforça-se - feito pelo Behemoth como banda de abertura nessa turnê.

Set list completo

1- Ora Pro Nobis Lucifer
2- The Deathless Sun
3- Ov Fire and the Void
4- Thy Becoming Eternal
5- Conquer All
6- Daimonos
7- Bartzabel
8- Off to War!
9- No Sympathy for Fools
10- Blow Your Trumpets Gabriel
11- Versvs Christvs
12- Chant for Eschaton 2000

Vista completa da paisagem do palco do Behemoth: espetáculo teatral com grande apelo visual

Vista completa da paisagem do palco do Behemoth: espetáculo teatral com grande apelo visual

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