Bola é Bola Mesmo

Do próprio veneno

Assim como o Brasil, Bélgica sofre gol em cobrança de escanteio, pára na defesa adversária e França se classifica para a final da Copa da Rússia. Fotos: Divulgação FIFA.

franca10-7-18Aos cinco do início do jogo uma cobrança de esquinado e um zagueiro se antecipa no primeiro pau para desviar de cabeça implacavelmente para as redes. Poderia se a descrição do lance fatal que paralisou o Brasil para depois ser eliminado da Copa, mas se trata do gol da vitória sobre a Bélgica, ontem, na primeira das semifinais. Era o segundo tempo, e o zagueiro que faz as vezes de Kompany contra o Brasil é Umtiti, e é Fellaini, o gigante e grande cabeceador o Fernandinho da vez. E a Bélgica prova do próprio veneno. Assim é o futebol.

Reducionismo por reducionismo, os belgas também tiveram bastante tempo – praticamente todo o segundo – para ao menos empatar, mas, diferentemente do Brasil, contra os belgas, nas quartas, pouco conseguiu criar chances de gol. E, igualmente ao Brasil, não converteu as que criou, a muito custo. Porque futebol - vamos e venhamos - ainda é bola na rede.

Mas, de início, não parecia que seria assim. Por que a Bélgica, faceira, começou melhor e poderia até ter aberto o placar. Seu treinador, que vinha de dois resultados – contra Brasil e Japão – em que vencera ele o jogo com suas estratégicas e/ou alterações no decorrer das partidas, armou direitinho o time, sacando um Dembélé inesperadamente para o jogo, e posicionando a equipe contra os franceses.

Só que Didier Deschamps, tido como conservador, assim como Tite, percebeu o que acontecia em campo, e, diferentemente de Tite, corrigiu as coisas antes de o intervalo chegar. E – melhor ainda - antes de sofrer gol, o que não aconteceria em todos os quase 100 minutos de bola rolando. Aquela França preguiçosa se converte, então, em uma França matreira, com Pogba e Kanté se fazendo de discretos, a espera do brilho de um ataque impetuoso.

franca10-7-18-2

Nem foi necessário. Porque Umtiti, espécie de Júnior Baiano francês, mandou a bola para as redes, e aí a partida ficou à feição para essa França – repita-se – matreira e, como aconteceu nas quartas com o Brasil, mexeu com a cabeça dos belgas. Não tanto como no caso dos brasileiros, afinal, eles estão acostumados a manter o mesmo tipo de jogo em qualquer situação, achando que é assim que as coisas vão acontecer.

Aconteceu, sim, do outro lado, com os franceses com várias chances de marcar o segundo, o que não aconteceu por preciosismo ou por falha de Giroud, em uma tarde desastrosa. Muito mais sofreu a Bélgica contra o Brasil, em verdadeiro ataque versus defesa, nas quartas. Teve suas chances a Bélgica? Teve, mas parou na defesa francesa ou em lances incríveis do goleiro Lloris, assim como acontecera com Courtois ante aos brasileiros na semana passada.

Jogos indissociáveis, ao menos para o brasileiro que ainda se pergunta o porquê da eliminação, conversa que se seguirá até a próxima Copa. Do lado belga, o estrategista Roberto Martinez – de novo – provando do próprio veneno, não reagiu bem ao ser golpeado com uma bola na rede, assim como Tite, ao levar duas, ainda no primeiro tempo.

Dessa vez, mexeu, sim, no time, mas as alterações não sortiram tanto efeito quanto ele supunha e todos esperavam. Quando se deu conta, Martinez tinha em campo a formação original do início da Copa, com Mertens e Carrasco em campo, à exceção de Meunier, suspenso. O mesmo time que ele mudou porque sofrera na mão do Japão.

franca10-7-18-3

Passou a depender, então, do brilho de suas estrelas, os afamados craques da badalada geração belga. Um leão, Hazard tentou de tudo, com dribles, arrancadas, chutes e o escambau, mas nada conseguiu e acabou exausto. Lukaku e De Bruyne praticamente despareceram, e Martinez não deixou nem Fellaini em campo para tentar uma cabeçada fatal que salvasse os belgas.

A França do segundo tempo pós gol é a França que Deschamps pediu a Deus. E o Brasil que Tite queria, mas, nessa Copa, pouco conseguiu. O time com um a zero no placar, marcação encaixada e deixa o adversário se desesperar que somos fortes na defesa e desequilibramos no ataque. Roteiro lindo quando tudo sai como o planejado. Quando não sai, é preciso ter calma e agir. E agir certo.

Tite demorou, o time não teve calma e quando ele arrumou as coisas, no intervalo, era tarde demais e já estava dois a zero contra. O time acertado massacrou o adversário, mas os craques não desequilibraram. Faltou um monte de coisa. Martinez não foi brilhante, atuou rapidamente, mas seus craques também não funcionaram. Faltou camisa? Talvez. Assim é o futebol.

Mesmo sem ser brilhante, tranquila, a França vai para a final, para encarar Inglaterra ou Croácia, como favorita, a julgar pelo retrospecto recente, pelo encaixe da equipe, e pelo elenco como um todo. Seus craques têm decidido – Pogba é monstro no meio -, mas precisam decidir mais. Ou não. Às vezes uma bola de escanteio é quem resolve as coisas. Contra ou a favor.

belgica10-7-18

Até a próxima que pintou o favorito dessa Copa!

Resultado de 10-7-2018:
França 1 x 0 Bélgica

Top 64 jogos da Copa 2018:
1- França 4 x 3 Argentina
2- Brasil 1 x 2 Bélgica
3- Portugal 3 x 3 Espanha
4- Alemanha 2 x 1 Suécia
5- Nigéria 1 x 2 Argentina
6- França 1 x 0 Bélgica
7- Argentina 0 x 3 Croácia
8- Uruguai 2 x 1 Portugal
9- Bélgica 3 x 2 Japão
10- Brasil 2 x 0 México
11- Bélgica 5 x 2 Tunísia
12- Inglaterra 6 x 1 Panamá
13- Argentina 1 x 1 Islândia
14- Alemanha 0 x 1 México
15- Uruguai 0 x 2 França
16- Irã 1 x 1 Portugal
17- Suécia 0 x 2 Inglaterra
18- Polônia 0 x 3 Colômbia
19- Bélgica 3 x 0 Panamá
20- Colômbia 1 x 2 Japão
21- Sérvia 0 x 2 Brasil
22- Brasil 2 x 0 Costa Rica
23- Coréia do Sul 2 x 0 Alemanha
24- Japão 2 x 2 Senegal
25- Espanha 2 x 2 Marrocos
26- França 1 x 0 Peru
27- México 0 x 3 Suécia
28- Uruguai 3 x 0 Rússia
29- Tunísia 1 x 2 Inglaterra
30- Islândia 1 x 2 Croácia
31- Brasil 1 x 1 Suíça
32- França 2 x 1 Austrália
33- Rússia 5 x 0 Arábia Saudita
34- Rússia 3 x 1 Egito
35- Inglaterra 0 x 1 Bélgica
36- Austrália 0 x 2 Peru
37- Colômbia 1 (3) x 1 (4) Inglaterra
38- Coréia do Sul 1 x 2 México
39- Suíça 2 x 2 Costa Rica
40- Nigéria 2 x 0 Islândia
41- Portugal 1 x 0 Marrocos
42- Rússia 2 (3) x 2 (4) Croácia
43- Dinamarca 1 x 1 Austrália
44- Sérvia 1 x 2 Suíça
45- Suécia 1 x 0 Suíça
46- Suécia 1 x 0 Coréia do Sul
47- Senegal 0 x 1 Colômbia
48- Costa Rica 0 x 1 Sérvia
49- Polônia 1 x 2 Senegal
50- Croácia 1 (3) x 1 (2) Dinamarca
51- Egito 0 x 1 Uruguai
52- Panamá 1 x 2 Tunísia
53- Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita
54- Peru 0 x 1 Dinamarca
55- Irã 0 x 1 Espanha
56- Espanha 1 (3) x 1 (4) Rússia
57- Japão 0 x 1 Polônia
58- Croácia 2 x 0 Nigéria
59- Arábia Saudita 2 x 1 Egito
60- Marrocos 0 x 1 Irã
61- Dinamarca 0 x 0 França

Tags desse texto:

Comentário

Seja o primeiro a comentar!

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado