Dois jogos classificatórios da última rodada da fase de grupos rolando no mesmo horário, um dependendo do resultado do outro pra se definir o que vai acontecer daqui pra frente. Dúvidas. Árbitro de vídeo sendo chamado/interferindo a rodo. Últimos minutos de um lado e de outro e tudo muda. Pênalti mal marcado. Pênalti perdido por quem não pode perdê-lo. Tá bom de emoção para essa última rodada de classificação?

Que muitas partidas têm sido definidas nos minutos finais, em um jeito Premier League de ser nessa Copa, todos as sabemos, mas com Espanha e Portugal no rolo e a ameaça de um Irã duro de ser batido correndo por fora tornaram as coisas ainda mais imprevisíveis. Foi por um triz que uma reviravolta final não deixou Portugal de fora, com Cristiano Ronaldo em dia de pereba e tudo.

Com atuação apagada, ele, que brilhara com três gols contra a Espanha na rodada inicial, e o tento da vitória sobre Marrocos, na segunda, passou em branco dessa vez. Pior, tal qual Messi diante da Islândia, cobrou mal e perdeu um pênalti sofrido por ele próprio. Pior ainda, quase foi expulso em um lance banal, mas que, no vídeo, em câmera lenta, pelo VAR, sugeriu covarde agressão.

Tivesse feito de pênalti o segundo gol para Portugal – o primeiro saiu de uma bela trivela de Quaresma – e jogo estaria resolvido no início do segundo tempo. Não resolveu Cristiano e, com outro pênalti, desta feita mal marcado, com VAR e tudo, o Irã fez seu golzinho e teve a tal da bola do jogo nos pés, um minuto depois, quando Taremi desferiu o chute na chamada rede pelo lado de fora, o que selaria a eliminação dos portugueses.

Salvou-se Portugal e salvou-se também a Espanha, essa com um gol que havia sido mal anulado pelo auxiliar, legitimado pelo videotape, que é burro. Espanha que suou sangue pra empatar com Marrocos, talvez até por displicência, já que, logo no início, Sergio Ramos e Iniesta, aquele que chamam de craque, entregaram um gol para os adversários.

E Marrocos, que passou mais de 180 minutos, com 29 finalizações e nenhum gol, marcou logo dois justamente na rodada decisiva e quando já estava de malas prontas para voltar pra casa. Finalizou mais a Espanha, mas, no alvo, venceu só por quatro a três. O que sugere que o jogo de armandinhos dos espanhóis não está tão eficaz assim nessa Copa. Em 2010 também foi mais ou menos assim, com derrota na estreia, e deu no que deu. Assim é o futebol.

Agora Portugal, com uma vitória e dois empates suados, vai enfrentar o Uruguai, que venceu as três partidas de seu grupo, sem sofrer um gol sequer e metendo três a zero na Rússia, sede da Copa e sensação dos desavisados. Era mais fácil o grupo do Uruguai? Era. Joga bonito o Uruguai? Não. É fácil vencer o Uruguai? Nunca, e agora, com esse entusiasmo – até Cavani que vinha numa seca, marcou – ficou mais difícil ainda.

Um olhar com pouca atenção identificará que o time celeste poupou seus jogadores, mas porque pouparia alguém o técnico Oscar Tabarez em um jogo que vale a classificação como líder do grupo? Por isso, ele montou um novo time para vencer a Rússia, com três zagueiros e, por incrível que pareça, no caso do Uruguai, partindo pra cima. Deu certo.

Teve sorte também, com um gol depois de um desvio, a expulsão ingênua do reserva de Mario Fernandes, escalado para esse jogo, e uma barreira mal armada pelo arqueiro Akinfeev, de fazer inveja às peladas da segunda divisão aqui no Brasil. Aproveitou bem o Uruguai, e o técnico mostra que pode jogar como quiser, porque conhece bem os jogadores e os tem na mão.

Muito porque está no cargo há três Copas, mas também, porque é um país pequeno o Uruguai, e não são tantas assim as opções de bons jogadores, se compararmos com populações gigantes como a do Brasil, por exemplo. E é um país simpático, menos atrasado que o nosso, que, na seleção, tem como único senão os problemas psicológicos de Luiz Suaréz.

Do lado da Rússia, o que fica nessa última rodada é o final de sonho, já que, se foi assim contra o pesado Uruguai, contra a Espanha nas oitavas não deve haver muito o que fazer mesmo. Ao menos deu alegria com dois jogos de belos gols, não pagou o mico de sair na fase de grupo em sua própria casa e vida que segue. E a Arábia Saudita – quem diria – se despede com vitória sobre o Egito de Salah. Ambos morrem abraçados, mas chegaram onde nem se esperava.

Até a próxima que hoje a Argentina se classifica!

Resultados de 25-6-2018:
Uruguai 3 x 0 Rússia
Arábia Saudita 2 x 1 Egito
Espanha 2 x 2 Marrocos
Irã 1 x 1 Portugal

Top 64 jogos da Copa 2018:
1-Portugal 3 x 3 Espanha
2- Alemanha 2 x 1 Suécia
3- Argentina 0 x 3 Croácia
4- Bélgica 5 x 2 Tunísia
5- Inglaterra 6 x 1 Panamá
6- Argentina 1 x 1 Islândia
7- Alemanha 0 x 1 México
8- Irã 1 x 1 Portugal
9- Polônia 0 x 3 Colômbia
10- Bélgica 3 x 0 Panamá
11- Colômbia 1 x 2 Japão
12- Brasil 2 x 0 Costa Rica
13- Japão 2 x 2 Senegal
14- Espanha 2 x 2 Marrocos
15- França 1 x 0 Peru
16- Uruguai 3 x 0 Rússia
17- Tunísia 1 x 2 Inglaterra
18- Brasil 1 x 1 Suíça
19- França 2 x 1 Austrália
20- Rússia 5 x 0 Arábia Saudita
21- Rússia 3 x 1 Egito
22- Coréia do Sul 1 x 2 México
23- Nigéria 2 x 0 Islândia
24- Portugal 1 x 0 Marrocos
25- Dinamarca 1 x 1 Austrália
26- Sérvia 1 x 2 Suíça
27- Suécia 1 x 0 Coréia do Sul
28- Costa Rica 0 x 1 Sérvia
29- Polônia 1 x 2 Senegal
30- Egito 0 x 1 Uruguai
31- Uruguai 1 x 0 Arábia Saudita
32- Peru 0 x 1 Dinamarca
33- Irã 0 x 1 Espanha
34- Croácia 2 x 0 Nigéria
35- Arábia Saudita 2 x 1 Egito
36- Marrocos 0 x 1 Irã

Tags desse texto: Copa 2018