O tipo albino à Johnny Winter que chegou atrasado vestindo blazer e colete de casamento parecia estar se divertindo um bocado, uma hora depois, ao ser carregado pelo público que desde de cedo já enchia o Vivo Rio, nesta quarta (1/11). Explica-se que o atrasado é força de expressão, uma vez que a banda tem a boa iniciativa de começar o show com uma música instrumental, provavelmente para ajustes finais em um som sempre confuso em inícios, de um modo geral. E que a grande atração do sexteto é justamente o baterista, que depois de 18 anos fantasiado no Slipknot, mostra a cara com o VIMIC. E é Joey Jordison o nome gritado desde antes de o show começar, o que em nada atrapalha a performance de Kalen Chase, o tal vocalista albino.

É o show de abertura para o Megadeth (veja como foi) e ninguém mais que o boss Dave Mustaine está dando uma de supervisor, por assim dizer, no álbum de estreia dos caras, “Open Your Omen”, a ser lançado no ano que vem. Mustaine também participa em uma das faixas, “Fail Me (My Temple)”, no disco, não no álbum, e aí se entende como a banda aparece do nada abrindo para o Megadeth. A música, um heavy rock dos bons, tocada já na parte final do show, é realmente uma das melhores do set list, em uma boa junção de peso e agressividade rara de se ver nas demais. Porque a banda parece dividida em vários subgêneros da música pesada, sem encontrar, ainda, uma identidade para chamar de sua.

No início, por exemplo, “Marionetta” puxa para o hardcore extremo à Slipknot, o que, à exceção da figura de Jordison, com um casaco com a bandeira do Brasil bordada e batendo continência toda hora – estanho -, pouco tem a ver com a formação de duas guitarras e um tecladista. E só dá pra escutar os teclados no final, na também pesada “Simple Skeletons”, que traiçoeiramente tem uma batida rock anos 80, mais evidente que na gravação original; a música é uma das cinco do primeiro álbum já lançadas como single. Outra é “She Sees Everything”, para a qual Chase chama a atenção para a número de visualizações do clipe, no ar há mais de um ano. Mas cadenciada e bem marcada, agrada ao público até pelo bom refrão, e salienta outra constante do show, o bom solo do guitarrista Steve Marshall.

Ele, que parece ter sido o último a se juntar ao grupo, é quem segura todas as broncas na guitarra solo, com destaque ainda para as intervenções em “Beautiful Mistakes”, música que tem uma pegada mais cativante, pop, por assim dizer, e “In Your Shadow”, cuja paradinha, no final, faz o público aplaudir bastante; boa vontade com o desconhecido é que não falta, diga-se. E a banda, também, embora difusa, é realmente pesada na maior parte do tempo, o que, no fim das contas, é o que interessa para quem sai de casa para ver o Megadeth tocar. Por isso a surfada de Kalen Chase por cima do povão, com bom tempo de flutuação, é a imagem que fica (junto com a de Joey Jordison com uns quilinhos a mais, ops) em um show que cumpre bem o seu papel. Mas que o VIMIC pode melhorar, isso pode.

Set list (quase) completo:

1- Intro
2- Marionetta
3- Parasite Persona (a confirmar)
4- My Fate (a confirmar)
5- Empty Handed
6- Beautiful Mistakes
7- In Your Shadow
8- She Sees Everything
9- I Fear the Worst
10- Fail Me (My Temple)
11- Simple Skeletons

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