Bem bolado
Catfish and the Bottlemen sofre com som ruim, mas show tem crescente e grande participação do público no Lollapalooza. Fotos Divulgação Lollapalooza: MRossi (1 e 3) e Camila Cara/MRossi (2).
Em toda edição do Lollapalooza, paira o mistério. Quem são, de onde vêm e como conheceram essa banda todo o público que se aglomera em volta do palco, ainda em torno das 14h? Umas três mil pessoas que cantam todas as 10 músicas que o grupo extrai de seus dois únicos álbuns, como se fossem, todas, hits inalienáveis da humanidade. Há quem, em rompantes de animação, suba nas costas dos outros a fim de viver o momento mais intensamente, ainda que incomodem agentes do Corpo de Bombeiros local. Sem esconder a timidez inerente às origens e até pela carreira imberbe, o grupo se comunica bem usando o próprio cancioneiro e artifícios como uma bandeira do Brasil que acaba servindo de capa para o guitarrista Johnny Bond justamente na música final.
No início, não parecia que seria assim. O vocalista Van McCan parece sem jeito, canta “pra dentro” e o carregadíssimo sotaque em nada contribui. O som, em péssima equalização, sai das caixas embolado e, miúdo, não chega em volume satisfatório ao público. Um ajuste aqui e outro acolá e o apoio da plateia faz tudo melhorar, e, na terceira música, curiosamente intitulada “Soundcheck”, um refrão colante explode nas montanhas, numa virada de jogo que duraria todo o restante do show. É quando, também, Bond começa a colocar as manguinhas de fora, e/ou passa a ter o instrumento melhor reconhecido. Em “Twice”, ele deixa bateria e baixo na condução e só depois contribui em um desfecho arrastado e pesadão, em outra música em que a participação do público supera as expectativas; as deles, aparentemente, inclusive.O som do Catfish and the Bottlemen não chega a ser aquele rock clássico como o nome pode sugerir, mas o indie rock do quarteto é vitaminado por guitarras, por vezes limpas e cristalinas, noutras a serviço da distorção mesmo. Em “Cocoon”, cujo início detona um alastrado pula-pula, a valorização da melodia e um novo refrão fácil de assimilar garante a performance a essa altura mais arrojada dos três integrantes, indo e voltando de encontro ao kit do bom baterista Bob Hall; até McCan rasga a voz de vez, como numa preparação para o grande final logo em seguida. Depois do qual a banda sai do palco mais cedo, desperdiçando quase 10 minutos em que poderiam tocar mais duas ou três músicas. Mas, pensando bem, como continuar depois da catarse promovida pela ótima performance de “Tyrants”? Epílogo melhor não haveria de acontecer para um show curto, crescente e, no fim das contas, intenso.
Set list completo:1- Homesick
2- Kathleen
3- Soundcheck
4- Pacifier
5- Anything
6- Postpone
7- Twice
8- 7
9- Cocoon
10- Tyrants
Tags desse texto: Catfish and the Bottlemen, Lollapalooza