Todo errado
Sem repertório e diante de fraca resposta do público, nova banda de Jeff Scott Soto apela para bailão cover na abertura para o Winery Dogs. Fotos: Nem Queiroz.
A bem da verdade, no começo ele já tinha avisado: “Vamos tocar músicas do disco novo, de discos antigos e nos divertir muito no final”. A essa altura, a tal diversão no final parecia ser músicas inteiras de suas fases mais representativas, que incluem, além do inquestionável trabalho com Malmsteen, passagens por Talisman e participações nos trabalhos dos guitarristas Axel Rudi Pell e Michael Schenker. Não um pout pourri com trechos de várias músicas e músicos trocando de funções, inclusive tomando o lugar do próprio Jeff Scott. Curiosamente, foi por isso mesmo que o público, ávido por diversão, se soltou. Antes, com o repertório próprio, a banda penou para conquistar a participação da plateia, que só aplaudia timidamente para atender o esforço do próprio vocalista.
Não que não seja carismático o vocalista, que esbanja boa forma aos 50 anos. Não que sejam ruins os músicos da banda, incluindo um guitarrista versátil de voz afinada e que se vira nos teclados (o brasileiro BJ), e outro que não se faz de rogado e manda bons solos em quase todos os números (o espanhol Jorge Salan). É que a banda simplesmente não tem repertório com boas composições. Não há, em absoluto, uma música que faça o público embalar em uma cantoria, um bater de cabeça, um air guitar ou qualquer outro tipo de agitação comum a um show de rock/hard rock. Para se ter uma ideia, só a quinta música, “Cyber Masquerade”, tem um andamento mais empolgante. É uma das que o baixista também canta, em que pese a participação de todos em backing vocals encorpados.Ela faz parte do novo álbum da banda, “Divak”, o segundo deles, lançado esse ano, e que cede outras quatro faixas ao show. Entre elas, o single “Unblame”, que ganha destaque pelo bom refrão reforçado pelas tais boas vocalizações de todos. E é só. Nem o pique impingido por uma pressa atroz por parte de Jeff Scott, como se não desse tempo para encaixar tudo em uma horinha só de show, funciona. No final, ele poderia ter tocado músicas inteiras de seus trabalhos, sobretudo dos ótimos álbuns com Malmsteen, não seria vergonha alguma. Contudo, o que Jeff Scott Soto precisa é de um bom parceiro de composição parar seguir em frente com a banda Soto, que, repita-se, tem músicos bastante competentes. Não precisa apelar para o cover, não.
Set list completo:1- Freakshow
2- Weight of the World
3- 21st Century/Colour My XTC
4- The Fall
5- Cyber Masquerade
6- When I’m Older
7- Suckerpunch
8- Break
9- Unblame
10- Tears in the Sky/I’ll Be Waiting/Billy Jean/Don’t Stop Believin’
11- I Am A Viking/I See The Light, Tonight
12- We’re Not Gonna Take It/I Love It Loud/We Will Rock You
13- Stand Up And Shout
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