Meteórico
Em menos de uma hora, Nile repassa carreira com 10 músicas representativas da agressividade do mais técnico death metal americano. Fotos: Daniel Croce.
Se a entrada no palco não tem o élan quem uma banda de metal merece, com os músicos montando os próprios equipamentos, incluindo pedaleiras e parafernálias eletrônicas, ao menos a paisagem poluída aproxima o público de Karl Sanders, o chefão da banda e único remanescentes da formação original do Nile. São dele os solos mais arrojados da noite, tirados de um afiadíssimo modelo flying V. Sanders divide as guitarras e os vocais com o eficiente Dallas Toler-Wade (sem a cabeleira de outrora, o tempo passa…), mas não é aquela coisa de vocais rasgados vocais versus vocais limpos, não. Enquanto um cospe tijolos em cacos, o outro vomita estilhaços de bomba caseira. E é disso, é disso que o povo que enche o Odisséia gosta.
Mesmo curto, o repertório inclui músicas de todos os álbuns do Nile, exceto o bom “Ithyphallic”, de 2007. O ponto alto da noite é “Kafir!”, tocada logo no começo. A música é espécie de peça semi-progressiva do death metal técnico dos caras, com direito a inserções de cânticos de origem egípcia/ancestral que funcionam muito bem ao vivo. Também, pudera: é decibel para todo lado, numa velocidade que realça ótima forma física, na agilidade de dedos sobre cordas e de braços sobre tambores. Das duas mais recentes, nem tão novas assim, já que o disco “At the Gate of Sethu” saiu há quase três anos, é “The Inevitable Degradation of Flesh” a que se sai melhor.

Tamuya Thrash Tribe: o guitarrista/vocalista Luciano Vassan e o baixista J.P. Mugrabi agitam na abertura
O peso inicial, lento e arrastado, chega a doer na alma, de tão profundo. É como se Andrew Eldrich, do Sisters Of Mercy, súbito, descesse fantasmagoricamente sobre o palco para depois subir enquanto o público cantarola outro pomposo trecho, já no final. A música seria a seta para um desfecho arrasador, mas o clima dá uma caída coma apenas razoável “Lashed to the Slave Stick”, e não se recupera coma boa “Black Seeds of Vengeance”, cujo objetivo, com tanto peso, velocidade e agressividade, é devastar até os ouvidos mais acostumados a tanto esporro. Esporro técnico, mas ainda assim esporro dos bons.
Se o Nile vai até ao Egito em busca de inspiração, o Tamuya Thrash Tribe, do Rio mesmo, vai fundo na História do Brasil pré-Descobrimento; o vocalista/guitarrista Luciano Vassan chega a evocar o “Deus Tupã” antes e depois do show, na abertura da noite. O som, contudo, é menos extremo, mas não pouco pesado. A apresentação é curta e as melhores músicas são “Immortal King”, do disco “United”, de 2011, que encerra o show cheia de reviravoltas e boas e pesadas evoluções instrumentais, e a bem trabalhada “The Last Ball of the Empire”, que parece ser uma amostra do novo álbum, prestes a ser gravado. Talvez letras em português ou em tupi-guarani se encaixassem melhor na temática do grupo, mas aí já são outros quinhentos.
Set list completo Nile:
1- Sacrifice Unto Sebek
2- Defiling the Gates of Ishtar
3- Kafir!
4- Hittite Dung Incantation
5- Supreme Humanism of Megalomania
6- The Howling of the Jinn
7- The Inevitable Degradation of Flesh
8- Sarcophagus
9- Lashed to the Slave Stick
10- Black Seeds of Vengeance
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Olá, sou o Luciano, vocal e guitarra do Tamuya. Muito boa a resenha e obrigado pelos elogios. Se me permitir, gostaria de complementar com algumas informações.
Nosso primeiro álbum, intitulado “United”, foi lançado em 2011. O set list tocado foi:
1- The Voice of Nhanderu
2- Uti Possidetis
3- The Last Ball of the Empire
4- Martyr (The Conjuration)
5- Immortal King
Acho legal essa colocação sobre os idiomas das músicas, isso é uma polêmica recorrente desde que começamos a banda, em 2010, mas na verdade não gostamos de ficar presos a nada… As músicas são em sua maioria em inglês, mas temos alguns trechos em português, tupi-guarani e até mesmo em latim. Acreditamos que a música não deve esbarrar nesse tipo de barreiras e nossa ideia é levar a cultura brasileira para todo o mundo!
Mais uma vez obrigado pela resenha.
Esperamos ver você nos próximos shows.
Um abraço
United!
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Corrigido, obrigado!