Bola é Bola Mesmo

Aqui é Brasil

Os alemães sabem muito mais que os brasileiros a força que tem a camisa da seleção cinco vezes campeã do mundo. Foto: Divulgação FIFA.

thiagosilvacolombia2Aqui é Brasil. Foi o que disse o capitão Thiago Silva batendo no peito depois de fazer o gol quer abriu o caminho para a vitória sobre a Colômbia pelas quartas de final. Depois de ter a liderança e até - vejam vocês – a capacidade técnica questionada, o melhor zagueiro do mundo e capitão em todas as equipes pelas quais passou bem que poderia ter desabafado – jogadores desabafam quando triunfam - levando-se em conta o lado pessoal da coisa.

Mas Thiago disse que aqui é Brasil. Porque, de fato, veste o jogador a camisa da seleção brasileira e isso faz toda a diferença. Carrega, aquela amarelinha, um histórico de glórias e de superações cuja construção se deu por craques que fizeram da seleção brasileira um mito de alcance mundial cuja compreensão ainda não é completamente consolidada. Um peso, contudo, que é para dar gosto de usar aquela camisa, seja qual for a geração de atletas em campo.

Enganam-se aqueles que acham que só de craques se fez a seleção brasileira nesses 100 anos de história, desde a primeira partida aqui no Estádio das Laranjeiras. Jogou a seleção com craques, sim, que seguem reafirmando o Brasil como uma das mais importantes escolas de jogar bola em todo o planeta. Mas teve também o brio e o espírito de luta que, mas que a técnica, a ginga, a habilidade, a malemolência, revelam a identidade de um povo. O Brasil, em campo, somos nós, é a nossa cara, mesmo que essa afirmação desencadeia inúteis discussões ufanistas.

Aqui é Brasil, e, às vezes, esquecemos isso. Os alemães, não. Eles sabem que, quando entrarem em campo hoje à tarde, do outro lado estará a camisa amarela do Brasil e, decerto, eles morrem de medo de, na hora H, tremer. São espertos, os alemães. Se aclimatam cada vez mais ao brazilian way of life, de modo que já são, de antemão, os mais simpáticos da Copa. Até torceram pelo Brasil – e fizeram questão de mostrar – na terrível disputa de pênaltis contra o Chile. Em um mês de Copa do Mundo, todo mundo quer ser brasileiro.

No fundo, no fundo, só quem não gosta do Brasil é o brasileiro. Quando lhe apontam a alcunha de melhor, sofre de um súbito desejo de mediocridade, a ponto de se achar inferior até no elogio unânime. E aí o que lhe resta é o escrete, o triunfo da seleção brasileira pelos gramados do mundo. E, lá dentro da Granja Comari, respira-se os ares da vitória. Porque, mesmo na derrota mais vexaminosa, é vencedora a seleção brasileira.

E é então que entra Luiz Felipe Scolari. Sem Neymar e sem Tiago Silva, Felipão está na situação que mais gosta. Acuado, inferiorizado. Por isso, chegou sorrindo na coletiva de ontem, após uma tranquila ponte aérea Rio-Belo Horizonte de helicóptero. Embora duvidem de um técnico só porque ele sabe motivar, Felipão, nessas horas, sabe como fazer para superar uma grande dificuldade e vai engendrar suas peças rumo à vitória contra a Alemanha. Ele que tanto gosta de manter escalações, terá de mostrar que sabe jogar xadrez ao vivo e a cores, para mais de dois bilhões de pessoas.

É grande a Alemanha, mas não é tão bom assim esse time alemão. Fez – repita-se – a mesmíssima campanha do Brasil na Copa, com três vitórias, dois empates e uma prorrogação; o Brasil teve os pênaltis contra o Chile. Tem um técnico Prof. Pardal essa Alemanha, disposto a deixar brechas aos adversários. Jogam juntos há uns seis anos esses alemães, e há mais de oito, 10 anos, representam uma geração de bons jogadores, mais técnicos que os do passado, símbolos do futebol força.

Precisam vencer essa Copa do Mundo no Brasil, porque nunca venceu nada essa geração de alemães gente boa, e logo a idade começa a pesar. Nem Copas do Mundo, nem Eurocopas. Copa das Confederações, da qual o Brasil levantou as últimas três taças, por vezes os alemães nem disputam, porque não se classificam. Sim, a crônica brasileira não gosta dos títulos da Copa das Confederações. Assim é o brasileiro.

Mas aqui é Brasil. É o que tem que levar incutido em cada poro do corpo cada jogador escalado por Felipão. Sejam eles volantes, atacantes, goleiros o escambau. Neymar e Thiago Silva são gigantes e ainda têm muito a oferecer, mas o Brasil cinco vezes campeão do mundo é maior. Muito maior. Os alemães já sabem disso. E os brasileiros têm hoje um compromisso cívico para reafirmar que aqui, ora bolas, aqui é Brasil.

Até a próxima que hoje o mundo se resume em 90 minutos!

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Lolita Gloria em julho 10, 2014 às 15:31
    #1

    Olá Marcos Bragatto, que vexa e humilhação passamos nesta terça feira, 8 de julho de 2014, data que será lembrada em toda a eternidade, pelo desastre que sofremos no futebol, por não possuirmos uma comissão técnica competente.
    Esse treinador que não treinou a seleção e sim deixou que seus jogadores fossem passear e ficar com família, namoradas, namorados e outras coisitas mais.
    Perdemos pela incompetência técnica, o bando melhor dizendo, de pessoas mamando nas tetas da CBF sem mostrar serviço.
    E pelo que estou ouvindo hoje, 10/7, parece que a CBF quer manter essa corja até os próximos jogos.
    Como fazer para retirar da CBF e consequentemente da Seleção brasileira, toda essa corja? Aguardo retorno.
    Grata
    Lolita Glória

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