O Homem Baile

Perdido

Com banda e repertório que não se encaixam, o vocalista dos Strokes, Julian Casablancas, parece sem rumo com material solo no Lollapalooza. Foto: MRossi/Divulgação T4F.

juliancasablancaslolla14Tocando na tarde do primeiro dia do Lollapalooza seguramente o vocalista dos Strokes, Julian Casablancas, reuniu um dos maiores públicos com sua banda solo, e quiçá com os próprios Strokes. Ávidos por musicas da banda de origem, ou mesmo cansados de andar em um festival que está se tornando atleticamente inviável, o público tem um comportamento entre a surpresa seguida de vibração imediata e certa paciência contemplativa. Isso porque, se com os Strokes Casablancas nunca foi dos vocalistas mais carismáticos – ao contrário, conquista por uma calculada timidez – solo então é que o sujeito se perde. Grosso modo, a diferença entre o Casablansas nos Strokes e solo é o pedestal do microfone.

Nem tanto assim. No Palco Skol, um dos principais do festival, Casablancas aparece com um jacko de couro, uma indumentária punk que denota que ele quer botar pra quebra. A rigor, se esgoela um bocado, sobretudo em músicas como “Biz Dog” e “Where No Eagles Fly”, que encerra o show no nível 11 de esporro. O problema é que a banda montada pelo moço também não contribui. E não porque seja ruim, mas contém um baterista nitidamente com pegada hard rock e dois guitarristas seguramente criados no classic rock, heavy metal a adjacências, cada um com um guitarra flying V e dispostos a mandar brasa, mas no do jeito que Julian esboça estar interessado. Assim, “11th Dimension”, por exemplo, acaba com um duelo de guitarras debulhadas de fazer inveja ao Lynyrd Skynyrd, só que no lugar errado.

E esse verdadeiro rock do depressivo de tímido doido se complica ainda mais quando chega a hora de – inevitável – a banda mandar uma ou outra música dos Strokes, jogando por terra toda a estética inventada pelo grupo de Nova York e que emblematizou os anos 00. Sorte, os números escolhidos não são tão conhecidos assim, muito embora o público os reconheça e curta de montão, sem perceber o anticlímax do cover feito pela banda errada, ainda que o cantor seja – vai entender – o cara certo. “Take It Or Leave It”, nem hit nem esquecida, acaba sendo um dos momentos mais participativos desse público pouco observador.

Desse modo, aquele que estiver interessado se o trabalho solo de Julian Casablancas vale à pena, sai do Lolla com o benefício da dúvida. Só vai conhecê-lo de verdade e saber se as músicas novas – cinco tocadas no total – são boas depois de serem lançadas. No repertório ainda há espaço para três faixas do disco “Phrazes for the Young”, lançado por Casablancas em 2009, que ficaram pedidas no bolo. Uma delas, “Glass” chegou até ser timidamente reconhecida pela indecisa plateia, mas, lenta e tocada próxima do fim, só motivou a antecipação da debandada para outro palco. Afinal estamos em um festival de atrações paralelas e palcos bastante distantes uns dos outros. Se vacilar, perde o rebanho fácil, fácil.

Set list completo

1- Ego
2- 2231
3- Ize of the World
4- Biz Dog
5- River of Brakelights
6- Dare I Care
7- 11th Dimension
8- Take It or Leave It
9- Glass
10- Where No Eagles Fly

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