Se os Strokes estão for de combate a culpa não é do guitarrista Albert Hammond Jr.. Segundo consta, ele vive chamando os outros caras da banda para fazer um novo disco, mas nunca é atendido. Sendo assim, pega suas composições, que seguramente entrariam em um álbum dos Strokes, grava tudo como artista solo e sai por aí tocando pelo mundo. Numa dessas, veio parar no Lollapalooza desse ano, a exemplo do que vez o vocalista Julian Casablancas, em 2014 (veja como foi). A apresentação aconteceu na tarde do domingão com tempo virado, num dos palcos secundários, o que tem o piso duro de bica corrida. Não tinha muita gente por ali – será que sabiam quem era o sujeito? -, o que não subtraiu a empolgação do guitarrista e nem de quem se ajuntou na frente do palco.

Acontece que, diferentemente do que se podia esperar, Albert não aproveita a deixa para investir no lado guitarrista solo, posto ocupado nos Strokes por Nick Valensi. Ele segue apostando nas boas composições e recruta outros dois guitarristas para fazer o trabalho, ambos com sonoridade strokeana bem ajambrada. No show, o que fica claro é que o lugar ocupado por ele como homem solo é o Casablancas, como frontman, muito embora a paisagem sonora quando tocam juntos os três guitarristas é sensacional, mesmo que o som produzido, criado pós anos 00, não se aproxime nem um pouquinho de formações semelhantes do rock no passado. Pouco importa, cada qual na sua época, e Albert Hammond Jr. sabe muito bem disso, assim como os que se recusaram a atravessar o Autódromo para ver o Alabama Shakes (veja como foi no Rio) lá nos cafundós do “palco longe”.

Os fraseados de guitarra são de longe a melhor parte do show, como se vê em músicas como na minimalista “St. Justice”, em “Back to the 101” e no abundante final de “Everyone Gets a Star”, essa com evoluções de guitarras de arrebatar até o transeunte que vai para a fila pular de uma altura de 15 metros sobre um colchão de ar patrocinado, caso ele gostasse de música. O repertório é extenso, porque as músicas têm uma urgência quase hardecoreana, e das 15 apresentadas, seis são do disco mais recente, “Momentary Masters”, lançado em julho; se não e o melhor dele solo, é seguramente o de maior repercussão. E, claro, nenhuma dos Strokes. Como não fez Casablancas há dois anos, numa atitude pouco louvável. Ademais, se a carreira solo de Albert já se parece com a de sua banda, para que andar uma casa para trás?

Pelo público, tudo bem, mesmo porque músicas como “Losing Touch”, a do videoclipe, irresistível como ela só; a (mais ainda) dançante “Side Boob”, que dá contornos de rave rock ao arremate do show; “Holliday”, cujo encerramento é típica de banda de rock de verdade, quem diria!; “Touché”, com ótima introdução das guitarras; e “In Transit”, que a turma do gargarejo canta e se diverte para valer, dão conta do recado sem erro. O set list é estrategicamente montado de modo que a sequencia das canções vá crescendo em intensidade – tarefa pouco executada nesse mundão do rock - o que contribui muito para a interação e empolgação do público. Se você não se conforma com o recesso dos Stokes, caia dentro da carreia solo de Albert Hammond Jr. que dói menos.

Set list completo:

1- Caught by My Shadow
2- Rude Customer
3- Back to the 101
4- Carnal Cruise
5- GfC
6- Touché
7- Everyone Gets a Star
8- Losing Touch
9- Cooker Ship
10- In Transit
11- St. Justice
12- Born Slippy
13- Holiday
14- Drunched In Crumbs
15- Side Boob

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