O Homem Baile

Maldita preguiça

Em apresentação com pouco brilho, John Mayer repercute carreira calcada em virtuose de baixo impacto. Fotos: Léo Corrêa.

O guitarrista John Mayer em um dos poucos momentos de agressividade de um show morno demaisParece mentira, mas, tocando mais cedo, coube ao guitarrista John Mayer ter o maior público da noite deste sábado (21/9), no Rock In Rio, a despeito de Bruce Springsteen (veja como foi) ser a atração principal de todo o festival. Com um inacreditável séquito de seguidores, ele, entretanto, salvo exceções pontuais, investe a maior parte do show em uma virtuose de baixo impacto e em músicas que começaram a ser tocadas ontem à noite e até agora, na manhã de domingo, se recusam a engrenar.

Primeiro, a exceção e o ponto de esperança para quem gosta de ver uma guitarra bem empunhada. No encerramento, com a ótima “Gravity” o guitarrista está de quatro no palco tirando ruídos da guitarra depois de um solo inebriante, agressivo e matador, em companhia de Doug Pettibone, o outro guitarrista, que, sentado, faz espécie de contraponto com efeito de slide guitar. A música, deixada cuidadosamente para o final, parece o arremate de uma noite épica, em se tratando de guitar heros. Só que não. Isso porque Mayer quase não usa o artifício, não por inépcia, mas parece simplesmente não querer, não ter a mínima paciência para isso.

Mayer se desculpou um bocado por ter demorado a vir ao Brasil, mas prometeu voltar em breve

Mayer se desculpou um bocado por ter demorado a vir ao Brasil, mas prometeu voltar em breve

E, também, porque com o seu repertório na maior parte do tempo insosso e entediante, já satisfaz se público. Sim, ele tem um, com muita gente, e sobretudo aquelas moças que soltam gritinhos quando o mancebo sobe ao palco. Pense num Maroon 5 do mundo da guitarra e você está chegando lá. Para essa turma, canções de meia tijela como “I Don’t Trust Myself (With Loving You)” e “Daughters” são o fino do mundo pop. E olha que o guitarrista ainda toca duas músicas sozinho, com o violão, bem no meio do set, o que resulta em um clima de sarau incompatível com a grandeza de arena de um festival do tamanho do Rock In Rio. Não há cantoria e choro da multidão – e sempre há – que justifique esse tipo de contraste.

O outro momento pontual – são dois, lembram? – acontece em “Slow Dancing in a Burning Room”. Nessa, John Mayer se finge de morto em quase toda a duração da canção, para, na parte final, engatar evoluções e solos que devem ser feitos por quem se propõe a tocar uma guitarra, ainda que identificado com esse tipo, de – digamos - pop blues. A parte final é realmente cativante, do tipo que faz o ouvinte de primeira viagem sair cantarolando. O efeito steel guitar impingido por Pettibone faz – de novo - um tipo de base paralela que só enriquece a peça, esta, sim, de grande bom gosto. A dúvida que fica é o porquê de Mayer não enveredar pelo lado certo da coisa. Seria a maldita preguiça?

Set list completo:

1- No Such Thing
2- Wildfire
3- Queen of California
4- I Don’t Trust Myself (With Loving You)
5- Half of My Heart
6- Slow Dancing in a Burning Room
7- Daughters
8- Your Body Is a Wonderland
9- Waiting on the World to Change
10- Dear Marie
11- Stop This Train
12- Why Georgia
13- Gravity

Tags desse texto: ,

Comentários enviados

Existem 2 comentários nesse texto.
  1. Lais em outubro 13, 2013 às 10:23
    #1

    Que merda de resenha a tua, hein cara? Se eu fosse teu chefe com certeza tu taria despedido…

  2. Rafael em outubro 14, 2013 às 16:53
    #2

    Nota-se claramente que o autor não tem nenhum discernimento musical. Não gostar do artista é uma coisa, detoná-lo sem motivos é diferente. Sim, sou fã do John Mayer, como sou dos demais que tocaram no dia 21 e, sinceramente? John Mayer poderia facilmente ter tocado como a atração principal. Ele tem público, ele tem a música nele, seja na guitarra ou na sua voz recém recuperada. Ele prende, e, para quem estava lá, para quem esperou 10 anos para assistir ao show, certamente tem uma opinião totalmente diferente. E ainda bem que o mundo da música não é composto por críticos como o autor acima, porque, mais que um rostinho bonito ou um solo de guitarra bem colocado, John Mayer fez o público ir à loucura. E não, eu não estava assistindo pela TV, eu senti a emoção que é assistir esse artista sensacional ao vivo.

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado