Fazendo História

Banda em progresso

Em novo álbum, Dream theater sobrevive à atribulada troca de bateristas e vive bom momento com o término da turnê, registrada para um DVD. Publicada na Billboard Brasil 34, de setembro de 2012. Foto: Reprodução Billboard.

dreamtheaterbillboard34Depois de uma atribulada troca de bateristas, que incluiu a saída e o arrependimento de Mike Portnoy, e a escolha de Mike Mangini através de uma espécie de reality show, o Dream Theater comemora o sucesso do álbum “A Dramatic Turn Of Events”. Além da boa aceitação dos fãs, que antes viam Portnoy como “a cara da banda”, “On The Back Of Angels”, a faixa que abre o álbum, foi indicada ao Grammy de “melhor performance de hard rock/metal”, vencida – veja só - pelo Foo Fighters.

O grupo americano finalizou no Brasil, no mês passado, uma longa turnê de mais de um ano, e agora está em férias. Nesse meio tempo, um novo DVD, gravado em dois shows lotados em Buenos Aires, deve chegar às lojas. A volta ao estúdio acontece no primeiro semestre de 2013, na primeira vez de Mangini no processo de composição da banda. Sem correr riscos em “A Dramatic Turn Of Events”, por conta do momento delicado, agora o grupo terá a chance e ousar um pouco mais nesse novo trabalho.

Se a troca de bateristas foi um sucesso no âmbito musical, a lacuna deixada pela liderança no quinteto vem sendo preenchida pelo guitarrista John Petrucci, ainda que ele não admita. Produtor do disco, cuja composição é dividida com o tecladista Jordan Rudess, Petrucci se encarregou do direcionamento musical pós-Portnoy. Nessa entrevista, feita no dia em que o grupo tocaria em Santiago, no Chile, ele fala dos cuidados tomados para que o primeiro disco com a nova formação não causasse surpresas; da influência do novo integrante; e do esforço para fazer do progressivo, estilo taxado como chato, algo cativante. Com vocês, o novo chefe.

Vocês gravaram os dois shows de Buenos Aires para um DVD. Mudaram o repertório de uma noite para a outra?

Os shows foram muito bons, com ingressos esgotados, o público foi fantástico. Temos basicamente dois set lists na turnê, então tocamos um em cada noite para ter o registro completo. Ainda não sabemos exatamente o que estará na edição final. Há muitas ideias para os extras, deve ter um documentário, fizemos muitas entrevistas e há cenas de bastidores de toda a turnê.

Tem sido boa a reação do público ao material novo?

Eles adoram as músicas novas. Temos fãs que nos seguem há bastante tempo e querem ouvir as músicas mais representativas da nossa carreira, então tentamos tocar tanto o quanto conseguimos. É por isso que o show está com duas horas e quarenta.

Como você avalia, agora que se passou um ano e meio, a saída de Mike Portnoy e a entrada de Mike Mangini?

Estamos num bom momento, todos têm recebido o Mike Mangini de braços abertos. O disco tem obtido uma boa repercussão e a turnê também. Tivemos a indicação para o Grammy, é uma fase muito boa.

Além de baterista, o Portnoy exercia uma liderança. Quem faz isso agora?

Acho que essa percepção (de que Portnoy exercia liderança) está errada, talvez as pessoas não tenham percebido o jeito que funcionamos. Todos na banda têm suas responsabilidades e manias, o modo de vida. Eu acho que o que os caras esperam de mim é que eu aponte a direção musical. Eu produzi o disco, eles acreditam em mim e agimos assim por muito tempo. É difícil passar por uma mudança de integrante e tivemos sorte de continuar bem.

Vocês se sentem mais fortalecidos agora, como banda, depois desse momento difícil?

Sempre fomos uma banda. No passado, Mike dava mais entrevistas e outros caras na banda são mais calados. Mike sempre foi bom em fazer as coisas, é um cara proativo, sempre esteve ocupado colocando as coisas pra frente. E isso continua na banda, de uma forma diferente.

Vocês não quiseram correr riscos, fizeram um típico disco do Dream Theater. Foi uma precaução por causa do momento delicado?

Havia uma expectativa de como as coisas iriam acontecer sem o Mike, se ia ser muito diferente. Diante disso, no estúdio, minha atitude foi a de fazer um disco muito forte, bem centrado no estilo que nós criamos, que é rock progressivo com metal, com músicas melódicas. Seria errado soar muito experimental e fazer algo que fugisse das nossas características, porque poderia ser interpretado de uma forma equivocada, e era importante para nós ter a certeza do que éramos como banda.

Notícias veiculadas na imprensa americana afirmaram que há trechos das músicas desse disco que foram retirados de material antigo do Dream Theater…

Eu não estou muito certo do que você andou lendo, mas posso garantir que todas as músicas são novas. Isso é esquisito, coisas da internet…

Há a intenção de gravar um novo álbum em breve? Músicas novas?

Estamos em turnê desde meados do ano passado e estamos finalizando com os shows do Brasil. Eu volto ao Brasil em outubro com o G3 (ver boxe). Vamos tirar um tempo de férias, nos feriados de final de ano, e devemos voltar a gravar no ano que vem. Temos algumas ideias, uns riffs e algumas melodias, nada demais.

Quando vocês compõem, há a preocupação de fazer músicas mais cativantes, a despeito do estilo virtuoso do grupo, muitas vezes associado a uma coisa chata?

É claro que toda vez que componho uma música não quero que seja uma música chata. É uma oportunidade para você fazer o seu melhor, compor algo único e que tenha algo a dizer. É sempre um desafio compor algo que seja realmente cativante.

Nenhum single do Dream Theater teve tanto sucesso nas rádios e na MTV como “Pull Me Under”. Por que isso nunca mais aconteceu?

Sei lá, na verdade nem sei por que “Pull Me Under” fez aquele sucesso todo. Foi uma surpresa, é uma musica de oito minutos. Mesmo agora, a música que foi indicada ao Grammy, “On the Back of Angels”, tem nove minutos, e entrou na mesma categoria que Foo Fighters e Megadeth. Só de ser indicado já foi uma grande vitoria.

Mas no fundo há a preocupação de fazer um hit de novo?

Seria muito bom se isso acontecesse. Para qualquer tipo de música, ganhar exposição para que muitas pessoas possam ouvir é certamente uma coisa boa. Mas não depende só da música, é tudo parte da indústria musical, e essa indústria mudou muito nesses anos. Nada é como quando “Pull Me Under” estourou, em 1992.

G3
Guitarrista volta ao Brasil em projeto virtuose de Joe Satriani

John Petrucci volta ao Brasil em outubro, para participar do projeto G3, de Joe Satriani. Os shows acontecem no Rio, dia 11, e em São Paulo, dia 12. Na banda de Petrucci estão o baixista David LaRue e Mike Mangini na bateria. O trio deve tocar só músicas de Petrucci, sendo que os ensaios começam este mês.

No G3, cada guitarrista toca com sua própria banda durante cerca de 50 minutos. Depois, no final, os três se reúnem e levam covers de clássicos do rock. Nessa turnê, além de Satriani e Petrucci, faz parte do projeto Steve Morse, atualmente no Deep Purple.

Esta será a terceira vez do G3 no Brasil. Em 2004, Satriani trouxe Steve Vai e o veterano Robert Fripp. O próprio John Petrucci, com Mike Portnoy na bateria, e Eric Johnson, vieram em 2006.

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