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Pra frente

Dream Theater busca afirmação da nova fase com o lançamento do segundo álbum pós Mike Portnoy, o primeiro composto por toda a banda. Fotos: Divulgação (1 e 3) e Luciano Oliveira (2).

A consolidação do novo DT: John Petrucci, John Myung, James Labrie, Jordan Rudess e Mike Mangini

A consolidação do novo DT: John Petrucci, John Myung, James Labrie, Jordan Rudess e Mike Mangini

As coisas andam meio atribuladas para os caras do Dream Theater. Um disco novo para colocar no mercado, o primeiro efetivamente feito pela nova formação; um DVD gravado na última turnê, que rodou 35 países em 15 meses, que sai em seguida; e ainda o álbum solo do vocalista James LaBrie bombando mundo afora (detalhes aqui). Com uma turnê já marcada para o início de janeiro, resta ao grupo promover esse material todo o mais rápido possível. E, com o lançamento de “Dream Theater”, o 12º álbum de uma carreira bem sucedida, provar que consegue seguir em frente após a saída de Mike Portnoy.

Foi assim que o americano John Petrucci (que parece ser quem dá as cartas nesse novo período) foi parar em Londres, de onde, em pleno sábado (17/8), ligou para reportagem deste Rock em Geral para contar as novidades. Petrucci falou – claro – do disco novo, intitulado com o nome da banda como uma afirmação; do DVD gravado em Buenos Aires (“Live At Luna Park”), e que tem todas as músicas tocadas nos dois set lists adotados pela banda na turnê, que passou pelo Brasil (veja como foi no Rio); e do mundo sem Portnoy.

“Dream Theater”, o álbum, vai ser lançado no dia 24 de setembro. As gravações aconteceram no Cove City Sound Studios, em Nova York, a produção ficou à cargo do próprio Petrucci e a mixagem é assinada por Richard Chycki (Aerosmith, Rush). Até agora, só o single “The Enemy Inside” foi lançado; ouça aqui. Além de Petrucci e Labrie, fazem parte da atual formação John Myung (baixo), Mike Mangini (bateria) e Jordan Rudess (teclados). Clique aqui para ver mais detalhes do álbum, e veja abaixo, os melhores momentos do o bate papo com John Petrucci:

Rock em Geral: O que você está fazendo em Londres?

John Petrucci: Promovendo o disco, dando entrevistas e falando à beça sobre o disco novo, que está prestes a sair…

REG: Não há shows marcados na Europa, o que seria um motivo para vocês estar aí…

Petrucci: É, não vamos tocar até o início do ao que vem.

REG: Então vamos falar do disco, que é o segundo com a nova formação. Quando falamos da outra vez (leia aqui), você disse que quando o Mike Mangini entrou para a banda, o disco anterior (“A Dramatic Turn Of Events”) já estava pronto. E agora, vocês conseguiram trabalhar como uma banda na nas composições?

Petrucci: Sim, trabalhamos juntos, começamos a compor esse disco em janeiro, com todos nós juntos no estúdio e Mike Mangini estava lá conosco, tomando parte do processo de criação das novas músicas. Foi muito bom, ele é um baterista incrível e desenvolvemos uma grande química musical.

REG: De que forma ele contribuiu com as músicas novas?

Petrucci: Ele tem sempre muitas grandes ideias. Como eu disse, ele é um baterista fenomenal. Quando estávamos trabalhando em trechos de músicas, ideias de música, ele sugeria novos caminhos não só como baterista, mas como músico, o que nos levou a lugares diferentes daqueles que de início nós imaginávamos. Acho que ele traz muita força, energia e empolgação, porque com ele ali na bateria, contagia a gente.

REG: Vocês não demoraram muito entre terminar a turnê e começar a gravar esse disco, o que nos leva a crer que havia uma vontade de gravar logo…

Petrucci: Na verdade não estávamos apressados, teve uns meses de intervalo, tempo suficiente para recarregarmos nossas baterias. Terminamos a turnê em agosto e só começamos a gravar em janeiro, foi uma folga boa.

REG: Pergunto por que parecia que o DVD seria lançado primeiro, para depois vocês gravarem o disco…

Petrucci: Era o que realmente íamos fazer, mas o DVD ficou para o dia 6 de novembro, depois do disco (que sai no dia 24 de setembro).

REG: Acabou atrasando a feitura do DVD?

Petrucci: Ah, o DVD era para ter saído na primavera (primeiro semestre), mas deu um trabalhão danado, tinha muito material, um projeto muito, muito, muito grande. Eram 16 câmeras, mais de três horas de música, muita coisa. Então precisamos de um tempo para fazer isso direito.

REG: Mas vamos falar sobre o disco. No álbum anterior a impressão que ficou é de que vocês não queriam correr muitos riscos, o que resultou em um disco que é a cara do Dream Theater. E agora, vocês buscaram algo mais inovador, dentro do estilo de vocês?

John Petrucci tocando com o G3, no ano passado

John Petrucci tocando com o G3, no ano passado

Petrucci: Sim, absolutamente. Esse disco soa definitivamente como Dream Theater, definitivamente traz todas as mesmas coisas pelas quais ficamos conhecidos. Mas, ao mesmo tempo, tudo isso levado a outro nível, se movendo para a frente em busca do futuro. Trabalhamos com um novo engenheiro de gravação, outro engenheiro de mixagem e eu produzi o disco. Sonoramente é um trabalho muito ousado, arrojado, pesado e novo. É preciso ouvir para pegar o feeling desse disco, é algo do qual estamos muito orgulhosos.

REG: Você acha que esse disco é uma espécie de passo adiante, se compararmos com o anterior?

Petrucci: Bem, depende do que cada um pensar sobre o disco. Para mim, toda vez que fazemos um novo álbum, tentamos dar uma passo à frente, tentamos fazer ainda melhor o que já fizemos antes, uma música melhor, que soe melhor, tocada de uma forma melhor. É o nosso gol, somos muito apaixonados pelo que fazemos, e trabalhamos muito para fazer o melhor.

REG: E você considera que conseguiram isso nesse disco?

Petrucci: Acho que sim, definitivamente.

REG: Chamar esse disco simplesmente de “Dream Theater” é uma forma de reafirmar que nele vocês são o “verdadeiro Dream Theater”?

Petrucci: Quer saber? É uma afirmação. Nesse ponto de nossa carreira, 12 discos… parece ser a hora de fazer uma afirmação forte para ser ousado, forte. Quer saber? Isso é o Dream Theater! É tudo o que somos, se movendo para frente. Respeitamos completamente toda a nossa história e todos os nossos discos, mas ao mesmo tempo temos uma atitude muito boa de movermos adiante. O nome do disco é uma forte afirmação.

REG: A música “The Enemy Inside” é o single mais pesado do Dream Theater em muitos anos, o que nos leva a crer que o disco é também bem pesado…

Petrucci: Essa música em particular é bem pesada, você tá certo. É pesada, bem técnica, mas também é bem melódica. O disco é pesado, mas também tem muitas variações, muitas músicas não se parecem com “Enemy…”, são todas diferentes. A “False Awakening Suite”, a música instrumental que abre o disco, é bem cinematográfica, é pesada, sim, mas viajante. “Enigma Machine”, a outra instrumental, é também bem pesada. Músicas como “Along For The Ride” ou “The Looking Glass” são mais cruas, são pesadas, mas muito melódicas. É um disco com variações.

REG: Falar de Dream Theater é falar de prog metal. Você vê esse disco como mais progressivo ou mais metal?

Petrucci: Acho que é uma combinação perfeita (risos). É verdade, é um disco bem progressivo, mas também soa bem metal, pode ter certeza.

REG: Voltando ao DVD, foram gravados os dois shows de Buenos Aires, mas o DVD tem a íntegra dessas duas apresentações?

Petrucci: Você não tem os dois shows inteiros, mas todas as músicas tocadas nos shows estão no vídeo. Por exemplo, se tocamos “Bridges in the Sky” nas duas noites, você vai ver só uma das duas no vídeo. Mas se numa noite tocamos “Pull me Under”, e na outra “Metropolis”, as duas estão no DVD. É muita música, pode acreditar. Foi uma turnê de 15 meses e tocamos muito, então queríamos incluir o máximo possível para que o DVD fosse realmente representativo da turnê.

REG: Tem cenas do Brasil, ainda que nos extras?

Petrucci: Não, nada do Brasil. Tem cenas do documentário e dos bastidores, mas tudo é da Argentina mesmo.

REG: Quase ao mesmo tempo desses dois lançamentos o James (LaBrie) tá lançando um novo disco solo. É muita coisa junto ao mesmo tempo, você acha que é melhor assim?

Petrucci: Acho que sim, é motivador, é tudo parte de uma grande família. É um ano muito cheio, com muitas coisas para fazer, mas, ao mesmo tempo, muito excitante. Eu gosto assim.

REG: Se bem que em 2014 vem a turnê também.

Petrucci: É, vai ser um ano inteiro de turnês. Vamos começar em janeiro, na Europa, e vamos cair dentro de uma turnê mundial que vai seguramente nos ocupar durante todo o ano.

REG: E já tem data para passar pelo Brasil?

Petrucci: Datas no Brasil ainda não, mas sempre vamos tocar aí, é um lugar muito legal. Começamos a ir ao Brasil há muitos anos e sempre é legal, os fãs são inacreditáveis. E na última turnê tocamos em lugares novos, como Brasília e Belo Horizonte e foi legal. É sempre bom, Rio, São Paulo…

REG: Você acha que volta ao Brasil já no ano que vem?

Petrucci: Não tenho certeza, provavelmente em 2014, mas não dá pra cravar.

REG: E você? Está envolvido em algum projeto solo e/ou paralelo?

Petrucci: Acho que por agora tenho tempo de fazer algo, mas nada que dê resultado até janeiro. Estamos muito ocupados, mas sempre uso meu tempo.

REG: Continua com o G3?

Petrucci: Os últimos shows foram aí no Brasil no ano passado, foi muito bom (veja como foi no Rio).

REG: Para finalizar, como é a vida sem Mike Portnoy?

Petrucci: Quer saber? Desde que o Mike saiu lançamos “A Dramatic Turn Of Events”, tivemos uma turnê de grande sucesso com Mike Mangini, recebemos uma indicação para o Grammy, estamos com um disco saindo do forno, do qual nos orgulhamos muito. Sim, tivemos muito sucesso, estamos fortes e felizes por ter seguido em frente.

A capa do novo álbum, que leva o nome da banda

A capa do novo álbum, que leva o nome da banda

REG: Você acha que em algum dia ele pode voltar para a banda ou mesmo trabalhar com você em algum outro projeto?

Petrucci: Como eu disse, estamos felizes de ter seguido em frente e estamos gostando do que fazemos com o Mike Mangini. A banda nunca esteve tão feliz e engajada como agora.

REG: Valeu! Me perdoe pelas últimas perguntas, mas tive que fazê-las…

Petrucci: Ok, foi mal pelas respostas, mas tive que dá-las (risos).

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Comentários enviados

Existem 2 comentários nesse texto.
  1. ROLF AMARO em agosto 21, 2013 às 13:51
    #1

    “REG: Valeu! Me perdoe pelas últimas perguntas, mas tive que fazê-las…
    Petrucci: Ok, foi mal pelas respostas, mas tive que dá-las (risos).”

    Até fazendo pergunta clichê vocês são originais, hahahahahaha…

  2. Alex Albernaz em agosto 25, 2013 às 8:59
    #2

    Grande banda, excelente entrevista, direto no que queremos saber. Só faltou dar uma cutucada no Petrucci com a rivalidade Brasil x Argentina. Mas tão de parabéns.

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