O Homem Baile

Sem acréscimos

Em show revivalista, Agnostic Front detona público do Circo Voador, no Rio, mas apresentação – curta - fica devendo. Fotos: Adriana Vieira (1) e Bruno Eduardo (2).

agnosticfront-1Há que se levar em conta que se trata de uma turnê de aniversário de 30 anos, mas não é possível o Agnostic Front vir ao Rio depois de tanto tempo e tocar por apenas… 45 minutos! Pode se considerar que se trata se trata hardcore - uma das maiores bandas em todos os tempos -, cuja urgência é uma das características, e que o repertório, honra seja feita, teve cerca de 20 porradas cruéis e foi mais ou menos o mesmo de toda a turnê, mas… 45 minutos? Até o P.R.O.L., banda carioca que abriu o show, quase tocou mais que o Agnostic. Entre elas, o H2O fez a festa do público mais jovem.

Porque a turma das antigas, saudosa dos anos 90, quando o hardcore nova-iorquino brilhou em meio ao boom do thrash metal evidenciado no Brasil pelo Sepultura, estava ligada era no Agnostic Front. E é preciso dizer que o meio tempo de uma partida de futebol foi intenso, com poucas paradas e quase uma música emendada atrás da outra, resultando em rodas e pogo sem fim e mosh liberado o tempo todo. Ou seja, o paraíso hardcore estava instalado sob a lona voadora. Até o cascudo vocalista Roger Miret (na primeira foto) perdeu o boné para um fã mais exaltado, mas a peça logo foi recuperada por um integrante da equipe da banda. E isso enquanto o figuraça Vinnie Stigma (na segunda) – já com um look vovô – fazia caras e bocas empunhando a guitarra com o próprio nome adesivado. Os dois são os que sobraram da formação original do grupo.agnosticfront-2O show, no entanto, começou em clima da apreensão. As duas primeiras músicas não levantaram o público, que só entrou em sintonia com o grupo em “For My Family”, abrindo rodas nervosas e iniciando o mosh sem fim. A plateia não estava nem aí para as músicas novas – poucos sabem que o Agnostic Front continua lançando (bons) discos regularmente -, mas elas vieram. “A Mi Manera”, com riffaço thrash, e a violenta “Us Against The World” foram as melhores. Dentre as clássicas, o público pirou pra valer com “Gotta Go” e seu refrão colante; “Addiction”, cujos versos mais parecem palavras de ordem de turbas infinitas; e “Crucified”, que marcou a banda no histórico show do Garage, há 14 anos, no longínquo ano de 1998.

Longe dos 30 anos de estrada, mas com 17 nas costas, o H2O veio de Nova York para abrir o show do Agnostic Front, como tem feito nessa turnê de aniversário. Curiosamente, o grupo faz do hardcore nova-iorquino algo festivo, quase melódico, com sotaque pop. As músicas, repletas de refrões pegajosos, deságuam em uma gritaria por parte dos mais novos no público de encher os olhos. O insone vocalista Toby Morse, ex- roadie do Sick Of It All, apologista do hardcore e “há 30 horas sem dormir”, rege o público que, ainda pequeno, o persegue evoluindo de lado a outro do palco. Em alguns momentos, o público pareceu mais animado com o H2O do que no show do Agnostic. Pena que o show teve menos de meia hora, numa noite fadada a repertórios enxutos.

Ou não. Porque o P.R.O.L. decidiu fazer do show de abertura uma espécie de “hardcore carioca underground all stars”, ao convidar integrantes de outras bandas para o palco. A artimanha acabou tirando a sequência do show, com o grupo dividido entre mostrar o trabalho e dar espaço aos amigos, em longos 40 minutos que quase superaram o tempo da apresentação do Agnostic Front. No fim das contas o que marcou foram os covers, incluindo Pantera (“Walk”) e Ratos de Porão (“Crise Geral”). Bem o retrato do som praticado pelo grupo: crossover de hardcore e thrash metal.

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