O Homem Baile

Festa punk

Pennywise volta ao Brasil, apresenta novo vocalista, se diverte pra valer e garante a alegria dos fãs cariocas em mais uma noite daquelas no Circo Voador. Fotos: Luciano Oliveira.

O vocalista Zoli Teglas dá voz ao público, num dos poucos momentos sem ninguém subindo no palco

O vocalista Zoli Teglas dá voz ao público, num dos poucos momentos sem ninguém subindo no palco

O sujeito que entrasse já na madrugada desse domingo, no Circo Voador, decerto faria uma dessas duas perguntas: - Onde está o palco? Ou, melhor: - Onde está a banda? É que, àquela altura, todos os espaços possíveis no palco estavam ocupados por fãs que passaram mais de uma hora subindo e descendo em moshs intermináveis. Os integrantes do Pennywise, responsáveis pela comoção integrada, saíam de fininho, do lado de trás, enquanto a turba levava o trecho cantarolado de “Bro Hymn”, realmente um hino dos bons tempos do hardcore melódico, arquivado lá nos anos 90. Clique aqui para assistir.

O chefão Fletcher Dragge sola com o batera Byron McMackin ao fundo

O chefão Fletcher Dragge sola com o batera Byron McMackin ao fundo

“Talvez este seja o melhor show do Brasil”, dizia com certa espontaneidade o rotundo guitarrista Fletcher Dragge, chefão e fundador do grupo, depois da saída do vocalista Jim Lindberg, que – dizem – não quis vir ao Brasil em outra turnê e ganhou o bilhete azul. O esperto Zoli Teglas, por sua vez, topou a empreitada e, a julgar pelo show de ontem, convenceu com sobras. Ele era o frontman da estapafúrdia - para dizer o mínimo – banda californiana Ignite e também já andou cantando no Misfits (daí a música “Astro Zombies” ser incluída no repertório dessa turnê). Teglas manda muito bem, inclusive fazendo vários preâmbulos em músicas das quais ele não participou da criação, uma vez que o Pennywise não lançou nada de novo desde seu ingresso, no ano passado.

Num deles, Teglas disse que acompanhou pela TV a ação policial nos morros cariocas e que torcia para tudo dar certo. Era a vez de “Peaceful Day”, um dos melhores momentos do show, e que emplacou uma sequência matadora com “Same Old Story” e “Living For Today”. Nessa última, a sugestão do vocalista foi atendida, e uma roda gigante e veloz foi criada no meio de público. A intenção era diminuir os moshs que não paravam de acontecer e já estavam detonando as condições do palco: era retorno virado, cabo de microfone arrastado para o público e até a lista das músicas, colada no piso, sendo arrancada o tempo todo. Onde mais isso aconteceria com tal intimidade e sem maiores problemas senão no Circo Voador?

Teglas curte a beleza da mulher carioca enquanto o baixista Randy Bradbury 'seca' a moça

Teglas curte a beleza da mulher carioca enquanto o baixista Randy Bradbury 'seca' a moça

Em “Greeds”, uma porrada das boas, o papo é contra as grandes corporações, e em “Something to Live For” Zoli Teglas defende o engajamentos do público em ONGs e trabalhos voluntários. Se todo esse blábláblá enche o saco, o público dá de ombros e se acaba cantarolando o “ôôô” de mais um hino da década passada. Curiosamente uma das músicas mais conhecidas do Pennywise é a clássica “Stand By Me”, canção tradicional famosa com os Beatles, escolhida para fechar o set com direito a uma cerveja de graça para quem cantasse melhor. Só que o palco ficou tão cheio que o vocalista jogou a lata para a multidão em polvorosa. No bis, antes de “Bro Hymn”, “Alien” anunciou que o fim estava próximo. Resultado da operação: alma lavada em pouco mais de uma hora de mosh aeróbico.

Antes, o Nitrominds fez o possível para motivar o público que ia entrando aos poucos. Embora tenha lá seus hits – e colantes –, como “Something to Believe”, o grupo está desfrutando uma fase ultra pesada. Também, pudera: dois terços do trio integram o poderoso Musica Diablo, a outra banda do vocalista do Sepultura, Derrick Green. E Edu hoje é certamente o melhor baterista de punk/hardcore em atividade no Brasil. Os momentos, digamos, mais tranquilos, tiveram a boa “Start You Own Revolution”, mas a julgar por “Policemen”, que encerrou o show no talo, e pela única música nova apresentada, no próximo disco o bicho vai pegar. Mais ainda.

O Pennywise encerra a turnê pelo Brasil hoje, em Curitiba. Saiba mais aqui.

Público toma o palco de assalto: festa punk é isso aí

Público toma o palco de assalto: festa punk é isso aí

Set list completo:

1- Every Single Day
2- My Onw Country
3- Can’t Believe It
4- What If I
5- Peaceful Day
6- Same Old Story
7- Living For Today
8- Greed
9- Astro Zombies
10- Society
11- Waiting
12- Fuck Authority
13- Straight Ahead
14- Nowhere Fast
15- Searching
16- Something To Live For
17- Stand By Me
Bis
18- Alien
19- Bro Hymn

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Antônio Dias em dezembro 5, 2010 às 16:37
    #1

    Show d+++++++++++. Stand By Me quando tocou eu fiquei pensando de que era. Beatles? John Lennon? Essa música é do Ben E. King , cantor e compositor da canção. Trilha do filme Conta Comigo (Stand By Me, 1986).

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