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No Rio, Faith No More retribui dedicação dos fãs com o sucesso ‘Falling to Pieces’

Cobertura do show do grupo em novembro de 2009. Publicada originalmente no UOL Música, em 06/10/2009. Foto: André Durão/Divulgação UOL.

faithnomorerio09No segundo show no Brasil da turnê “The Second Coming”, que marca a reunião do Faith No More, o impagável vocalista Mike Patton se divertiu um bocado. Diante de cerca de 6.000 pessoas, nesta quinta-feira (5), no Citibank Hall, no Rio, gastou um português básico, às vezes misturado com espanhol, noutras com italiano.

Em cerca de uma hora e vinte minutos de show, o grupo tocou 18 músicas, duas a menos que na noite de terça, em Porto Alegre. Em compensação, se curvou aos pedidos do público e tocou uma versão mal ensaiada de “Falling to Pieces”, um dos maiores hits do grupo, raramente apresentada em toda a turnê mundial. “Só porque vocês pediram”, disse o vocalista.

O cover para “Midnight Cowboy”, de John Barry, serviu como introdução para o show, que começou para valer com a magnética “From Out Of Nowhere”. A mesma música que, no Rock In Rio de 1991, num Maracanã lotado, esteve perto de roubar a cena do Guns N’Roses e colocou o Faith No More no mapa do rock brasileiro para sempre. Quase 19 anos depois, a performance de Patton, numa forma extraordinária, foi parecida, e a reação do público também correspondeu, guardadas as devidas proporções. A banda é que parece pouco ensaiada, com os músicos se desencontrando no andamento de algumas músicas, além do abuso de distorções, coisa eventualmente proposital, mas que por vezes passa dos limites.

Talvez a explicação esteja no fato de o baterista Mike Bordin ser o único –com exceção de Patton– que seguiu carreira relevante depois da separação do Faith No More, no final dos anos 90. Bordin se destaca em músicas como “Surprise! You’re Dead!”. Sem o guitarrista Jim Martin, tudo passa a girar em torno de Mike Patton, que, nessa turnê de retorno, acerta quando se contenta em reviver os bons tempos, mas erra feio quando encarna a caricatura de si próprio assumida em seus inúmeros projetos fora do FNM.

É isso que explica as porra-louquices acrescidas na inóspita (já no título) “The Gentle Art of Making Enemies”, que ganhou um epílogo dedicado exclusivamente ao barulho. Com Patton no comando, os demais integrantes o seguiam com os olhos, em vão, a fim de saber qual o próximo passo. O alívio só veio com “King For a Day”, uma das poucas em que o discreto guitarrista Jon Hudson teve destaque. A outra foi o solo salvador da balada “Easy”, grande sucesso dos Commodores, com Patton no papel de crooner.

“Esta canção é dedicada ao meu primeiro amor, Íris Lettieri”, disse o bem humorado Patton antes de cantar a versão abrasileirada de “Evidence”, numa citação à locutora carioca que processou o Faith No More pelo uso indevido da voz dela no álbum “Angel Dust”. Na bossa de gringo “Caralho Voador”, citou os versos de “Ela é Carioca”, de Tom e Vinícius, em um português bastante razoável, numa homenagem ao Rio de Janeiro. Nem tudo era, porém, brincadeira. Em “Midlife Crises”, o vocalista vira cantor ao trocar os urros por variações vocais raras no mundo do rock, arrancando aplausos. No final da canção, todas as vozes cantaram um trecho à capela, num dos grandes momentos da noite.

Mas a platéia não se resumiu a isso, interagindo com o grupo em outras passagens, como no hit “Epic”, ou ainda em “Ashes to Ashes”, já na parte final do show, cantando tudo junto, verso por verso. Em “Just a Man”, escolhida para o encerramento, Patton desceu no fosso que separava o palco do público e foi, nas costas de um segurança, dividindo os vocais como quem dá um prêmio aos que se espremiam desde cedo na fila do gargarejo. “Obrigado, cariocas”, disse, ao deixar o palco.

O primeiro bis, com “We Care a Lot”, que tem encerrado boa parte dos shows dessa turnê, indicava que seria o único, mas o grupo não resistiu aos pedidos de “Falling to Pieces” e decidiu voltar ao palco. É que a música não fora ensaiada, foi tocada fora do ritmo original e Mike Patton, como não lembrava mais da letra, pediu ajuda a Bordin para ajudar. Nada que abalasse os ânimos dos dedicados fãs do Faith No More, que, como de hábito, adoraram e vão guardar essa noite para sempre.

A abertura do show coube ao grupo carioca Moptop, cuja sonoridade, identificada com o rock dessa década, de nomes como Strokes, nada tem a ver com o som tipicamente anos 90 do Faith No More. Mas o público pouco se importou – muitos até conheciam as músicas e cantaram junto – e o show serviu como bom aquecimento.

Veja quais músicas o Faith No More tocou no show do Rio:

“Midnight Cowboy ”
“From Out Of Nowhere”
“Be Agressive”
“Caffeine”
“Evidence”
“Surprise! You’re Dead!”
“Last Cup Of Sorrow”
“Ricochet”
“Easy”
“Epic”
“Midlife Crisis”
“Caralho Voador”
“The Gentle Art Of Making Enemies”
“King For A Day”
“Ashes To Ashes”
“Just a Man”
Bis
“We Care a Lot”
Bis
“Falling to Pieces”

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