O Homem Baile

Topetudos em fúria

Com o americano The Quakes como atração principal, festival RioBilly estreia terceira edição em noite movimentada. Fotos: Luciano Oliveira.

Juan Carlos (de pé), Paul Roman e Keny Hill: o Quakes detonando em show abrangente

Juan Carlos (de pé), Paul Roman e Keny Hill: o Quakes detonando em show abrangente

Estava todo mundo arrumado para a festa, ontem à noite, no Teatro Odisséia, no Rio. Topetudos e pin ups, psychos boys e psycho girls circulando evasivamente pela Lapa, onde agora só se pode andar a pé, numa sábia decisão da Prefeitura. Era a o início da terceira e mais badalada edição do RioBilly, evento que já há alguns anos vem fomentando uma cena ligada ao gênero, tendo a abrangência como marca registrada. Ou seja, fãs de rock em geral também contribuíram pra a lotação da casa, que teve o veterano The Quakes como grande atração do evento, a primeira internacional desde sua criação.

Paul Roman com o topete ainda arrumadinho...

Paul Roman com o topete ainda arrumadinho...

Abrangência é mesmo a palavra que pode definir o som praticado pelo trio americano. Se em princípio o psychobilly é a característica que mais chama a atenção, logo se vê identificação com o rockabilly clássico (o baterista Juan Carlos toca de pé o tempo todo) e com a new wave/pós punk made in anos 80. O Quakes, aliás, é de 1986. Por isso não se estranha que seja apresentado um descolado cover da one hit band australiana Real Life (a manjada “Send me an Angel”) ou mesmo a versão canhestra de “The Killing Moon”, do Echo And The Bunnymen, já no bis. O forte do trio, entretanto, é o som pesado, com show de slap do baixista Keny Hill, que chegou a mandar um mini solo quando o boss Paul Roman apresentou o trio.

Tocando cinco porradas seguidas, o grupo logo enlouqueceu a turma do gargarejo, que abriu rodas de pogo que acompanhariam o show até o final. “Oi, Rio, linda cidade!”, saúda Roman, sob uma estática luz incisiva que destruiria seu arrumado topete no decorrer da noite. Logo, porém, o trio insere baladinhas como a “I Miss You”, cuja versão ao vivo tem a bateria eletrônica substituída por uma batida marcial, e quase se transforma num rockcão de arena dos bons. Juan Carlos ainda manda um “tudo bem, Rio?”, com um leve sotaque de português de Portugal, enquanto varia batidas que incluem até country, sem deixar a platéia parada numa só música. O desfecho se deu com a clássica “USA Psychos”, com Paul Roman convertendo parte da letra para os psychos cariocas. Sim, eles existem e mandaram ver ontem à noite.

Big Trep: veteranos no gás

Big Trep: veteranos no gás

Não foram só ao americanos que movimentaram o público. Em alguns momentos o Odisséia esteve mais cheio durante o show da Big Trep. O grupo carioca, também veterano, é contemporâneo do Quakes e perdura fiel ao rockabilly que lhe deu vida nos anos 80, apesar das mudanças na formação. Mas a banda não deita em cima de sua história e tem músicas mais “recentes”, como a boa “Quando Gato Sai de Férias”, na qual o baixista Eddie Bopper se destaca também como vocalista. O guitarrista Mauk assume a voz nos clássicos “Surf Drácula” (como é bom uma música de uma banda underground durar tanto, é um hit!) e “Rockabilly Voodoo”. Bem antes dos Quakes, o pogo já rolava solto entre os topetudos.

A abertura coube ao Vulcânicos, uma banda de animação de barzinho que parece ter saído das profundezas do rock’n’roll. Com guitarras rascantes, muito pesadas e bem sacadas (Link Wray na área), o quarteto desenterra clássicos como “Summertime Blues”, “Spoonful” e “Whole Lotta Shake Going On”. Destaque para o vocalista/guitarrista Allan, que encarna o personagem e leva o público a viajar no tempo. Poucas vezes uma banda cover se saiu tão bem na tarefa de entreter o público como os Vulcânicos fizeram ontem.

O RioBilly continua hoje, no Rio, e o The Quakes se apresenta em São Paulo, no Inferno, também neste sábado.

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