Jogo ganho
Mukeka di Rato é destaque absoluto na primeira noite d’A Grande Roubada e Cabrones Sarnentos mostra renovação na cena carioca; festival continua hoje, no Circo Voador. Fotos: Luciano Oliveira.
Embora seja chamada de festa, “A Grande Roubada” é, na verdade, um festival de bandas que acontece já há um ano no Rio. O evento comemorativo do aniversário começou ontem, no Teatro Odisséia, para um bom público que volta aprovar que o local, no coração da Lapa, pode abrigar eventos voltados para o rock em pela sexta-feira. Numa noite voltada para o hardcore, brilhou a estrela do sempre agressivo Mukeka di Rato e coube ao Cabrones Sarnerntos o “que” de novidade, considerando a escalação predominantemente de - digamos - medalhões. A já tradicional performance da fofa Sweetie Bird, obviamente, levou os varões para a beirada do palco.
A aposta no Mukeka – já com 15 anos nas costas - é parada certa. Poucas bandas do hardcore nacional são tão agressivas e têm uma pegada tão visceral sobre um palco. Com os capixabas não tem conversa: é paulada na moleira do início ao fim. Tanto que, antes de o vocalista Sandro falar com o público, o quarteto já tinha mandado uma dez porradas em sequência, para delírio da turma que abria sucessivas rodas de pogo no meio da platéia. “Minha Escolinha” e a genial “Viva a Televisão”, mais cadenciada e com apelo dançante, detonam o público em grandes momentos do hardcore nacional. O primeiro mosh demora acontecer até que uma fã sobe no palco e canta em uma das músicas, já na parte final, que, além da violenta “Cachaça”, teve o momento “self service” inaugurado pelo guitarrista Paulista, para tocar pedidos do participativo público. Um show certamente inesquecível.
A melhor novidade da noite foi sem dúvida o Cabrones Sarnentos, mistura vigorosa de psycho e punk rock das boas. O grupo já entra no palco mandando “O Dotadão Deve Morrer”, dos Cascavelletes, famosa com o Ratos de Porão. O vocalista Juanito Cabron lança uma voz rouca e encatarrada por cigarros e bebidas em letras que falam de bebedeira, garotas perdidas, polícia, diabos e outras travessuras do gênero. O grupo tem um bom instrumental, com destaque para o nervoso baterista e para a dupla de guitarristas que remetem ao Motörhead com um grauzinho a menos de peso - ou nem tanto. Mesmo não tão conhecido do público o grupo se impõe com facilidade. O melhor momento foi na música “O Filho do Diabo”, mais cadenciada, com uma levada à Steppenwolf, mas que ainda assim não deixou de mostrar a presença de Lemmy. O grupo saiu como a grata surpresa da noite.
Na abertura, o Plastic Fire trouxe um show de hardcore correto e pouco inspirado. O grupo é certinho, mas se parece muito com o Dead Fish, nas músicas, melodias e até na forma de o vocalista Reynaldo cantar versos intrincados. O grupo precisa urgentemente definir se quer ter um trabalho realmente autoral ou se vai ser banda cover com músicas próprias. O que salva é a boa presença de palco, mas sem boas músicas não dá. Quem deveria ter aberto a noite era o Muertos Vivientes, até porque o grupo capixaba tem o som menos porrada entre todos escalados para a primeira noite. Ficaram para o final, na alta madrugada, e até que havia um público razoável para prestigiar os mascarados. O grupo mandou o supra-sumo da surf terror music que inventou, num show que, a bem da verdade, poderia ter sido mais animado.
A nota triste do festival fica para a escalação do Cara de Porco, que há dez anos vem tentando reviver o modelo Mamonas Assassinas – sem sucesso. O grupo praticamente não tem uma única música própria. É tudo chupado de outras ou cópia de standards da TV (caso do tema de abertura do “Programa do Chacrinha”, por exemplo) e de histórias óbvias usadas em gêneros de gosto duvidoso, como traição, sátira ao heavy metal e deboche às religiões. No palco, além do vocalista travestido de Saci chato pacas, há um segundo cantor “agro metal boy”, a entrada de Jesus Cristo e de “Chico”, versão canhestra para a caveirinha Eddie. Uma exibição terrível da qual o rock – e o mundo – realmente não precisa.
Vale notar que em todos os shows fotógrafos amadores subiam no placo para estourar flashes na frente dos músicos, encobrindo a visão do público, sem que ninguém da produção (ou seguranças) tomassem uma atitude. E também cabe o aviso que show de rock não precisa um telão atrás do palco, muito menos exibindo shows passados. Parece óbvio, mas não é.
A Grande roubada continua hoje, no Circo Voador; saiba mais aqui.
Tags desse texto: A Grande Roubada
Grande rapeize do Rock em Geral!
Valeu mesmo pelos comentários feitos sobre, as críricas são sempre bem-vindas, concordemos ou não com o que foi, é ou sempre será dito sobre nós!
Fazer rock é botar a cara, não é?
Ou não, vai saber, né…
O importante é aparecer no Google, sempre!
Sorte com o site, abrax mil e saúde a todos!
É noise,
Rey, PF
Marcelo Mendes, vocalista do Cara de Porco e produtor do Rato no Rio, há 10 anos no palco, há muito parei de esquentar com suas críticas. Não é a primeira nem a última vez que você fala mal de um banda ou de algum evento. Há muito descobri que criticar é mole, difcil é fazer. Pergunto se alguma vez já teve banda ou se organizou algum evento, e se já se divertiu, porque me diverti pacas. E pode deixar que ainda vou apertar sua mão quando ter ver na rua. Realmente, como diz o logo, “é ruim mas todo mundo gosta!”, e seu só chato, você deve ser uma pessoa muito infeliz. E muito obrigado pelo destaque no seu artigo. Só fiquei chateado por você nos comparar aos Mamonas, na verdade essa nunca foi minha intenção em 10 anos. E tenho essa mesma opinião desde que li uma crítica sua na revista Rock Press. Beijos e um abraço do Saci pelas costas! E como todo mundo sabe, o que eu não tenho é a perna esquerda!
Parabéns pelo admirável trabalho no Rato no Rio e pela educação de sempre, Marcelo!
Ué, apagaram meu comentário?
Ah, não, tá ali!
Ufa!
Resenha mais incoerente e sem noção que já vi na vida, tô rindo pra caralho da incompetência desse maluco que escreveu.
Abraço aê pro pessoal do Plastic Fire, tava devendo a mim mesmo assistir a um show do Plastic há muito tempo e gostei muitíssimo do que vi e ouvi, instrumental bem tocado e vocal energético e empolgante.
Cara de Porco é e sempre será Cara de Porco também, é a maior banda de punk rock do Rio de Janeiro, e olha que eu sou um cara muito mais do melódico do que do punk setentista.
Parabéns ao Plastic e ao Cara de Porco, e a essa resenha de quinta, meus pêsames.
Aê gênio, tu já está no ponto pra blogar no site da MTV, já que não temos mais a “grandiosa” Rádio Cidade. Parabéns champs, ganhou uma sete belo.
Bragatto, você está velho demais para o rock’n'roll. Abraços.
Que resenha escrota…
Deixa eu ver se eu entendi bem: o Plastic Fire se parece com o Dead Fish, mas não tocou nenhum cover. Teve banda que tocou cover. Voce comparou os caras com o Dead Fish e outra banda com o Motörhead e achou a outra banda boa e a outra sem identidade? Estranho…
O show do Cara de Porco foi foda pra caralho e amarradinho, ao contrario do Mukeka di Rato, que foi uma tosqueira só (para quem já viu o show antes para hoje sabe que a diferenca é brutal) e foi brutal!
Cara, eu acho que você deveria ser mais verdadeiro no que fala ao inves de ser polêmico e favorecer os amigos!
Achei os shows muito legais!
Adorei a resenha, curto muito Dead Fish e realmente a banda Plastic Fire é idêntica, parece que o vocalista até repete os movimentos do Rodrigo. Não gosto de Mukeka, mas o show foi bom, apesar dos gritantes erros do guitarrista. Adoro Los Muertos, mas achei que foram extremamente prejudicados com o horário e o som que não ajudou. Ah! Cabrones foi demais também!
Hola señor Bragatto!
Valeu por ter aguentado até aquela hora pra ver nosso show.
Som meio ruim + cansaço + horario ruim + álcool = Los Muertos Viventes prejudicado, heheheh.
Abração e até a próxima
Marco el Santo
Não gosto muito do Plastic Fire, mas a banda fez o melhor show da noite!
Que resenha escrota.
Bom texto, Bragatto, mesmo tendo uma discordância aqui e acolá, mas bom texto. Fico triste quando vejo, através dos comentários, a galera lendo a resenha com a mesma passionalidade de quem vê uma partida de futebol e, ainda mais, com referencias grosseiras ao seu trabalho. Mas, vida que segue! Abraço.
Concordo com você, Plastic Fire e Cara de Porco são bandas horríveis mesmo. Mas você exaltar o Cabrones Sarnentos mostrou contradição, já que os caras são uma mera cópia sem identidade do Zumbis do Espaço.