Fazendo História

Brigas e traições

Texto sobre os filmes “Cassino” e “Os pássaros”, publicado na Tribuna da Imprensa em março de 2003.

cassinoLas Vegas, década de 70. Uma locação perfeita para fazer um filme sobre mafiosos envolvidos com jogos, crime, prostituição, sedução e disputa por mulheres. Com um roteiro em cima do livro homônimo, de Nicholas Pileggi, o consagrado diretor Martin Scorsese (“Taxi driver”, “Gangues de Nova Iorque”) fez “Cassino” (Globo, Intercine, 02h15) cuja trama acontece a partir de um curioso triângulo amoroso.

Robert De Niro (quando a assunto é máfia, é com ele mesmo) interpreta Sam, o gerente de um cassino comandado por mafiosos. Ele, entretanto, apita muito pouco, e graças ao temor que tem dos seus superiores, é até bem explorado. Nicky (Joe Pesci) é seu amigo de infância, mas com as voltas que a vida dá, se tornou o responsável por fazer o trabalho sujo: extorquir, roubar, torturar e matar.

Entre eles está Ginger (Sharon Stone, num papel feito sob medida para ela, três anos depois do sucesso de “Instinto selvagem”). Ginger é uma prostituta que abandou o posto para se casar com Sam, mas como a carne é fraca, se tornou amante de Nicky. A tensa relação entre esses básicos personagens, tendo como pano de fundo as transformações que aconteceriam na cidade até ela se consolidar como o paraíso do jogo que é hoje, tudo isso sobre a direção precisa de Scorsese, faz de “Cassino” um filme bem peculiar.

A outra opção do Intercine é o clássico “Os pássaros”, de Alfred Hitchcock. A história se passa na cidade de São Francisco, e começa com um encontro casual numa loja de animais. Logo um triângulo amoroso envolvendo o rico e mimado Tippi Hedren, o elegante Rod Taylor e uma professorinha, Suzanne Pleshette, se inicia. Na casa da mãe de Taylor, pássaros costumam atacar as pessoas, aparentemente sem nenhuma razão. Mais isso acontece de vez em quando, com um pássaro ou outro, até que milhares deles passam a atacar ao mesmo tempo, como na marcante cena da cabine telefônica.

Produzido três anos depois de outro clássico do diretor, talvez o maior deles, “Psicose”, o filme tem todos os ingredientes conhecidos hoje no cinema, e, subtraindo os efeitos especiais inexistentes na época, fica fácil de saber o que vai acontecer na cena seguinte. Mas o dedo do mestre pode trazer surpresas até nessas circunstâncias, e é esse o diferencial que “Os pássaros” tem.

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