Som na Caixa

Franz Ferdinand

Tonight: Franz Ferdinand
(Sony-BMG)

franztonightSe já fazia sucesso nas pistas de dança com um rock de fácil digestão, agora é que o Franz Ferdinand via açambarcar o mundo da música pop. O motivo? É que nesse terceiro álbum o grupo enveredou por um rock dançante sem precedentes em sua curta (mas rica) trajetória. Não que tenha ido atrás de ondas eletrônicas ou mesmo se tornado adepto do nefasto electro rock, mas é que, como de hábito no rock pós ano 2000, foi lá na década de 80 buscar referências do tecnopop, como muito bem já faz o Killers, desde que surgiu.

Não é o single “Ulysses”, no entanto, que emplaca a nova tendência. Ela aparece nos efeitos de “Bite Hard” (teclado ou pedaleira nas guitarras?); nas palmas de “No You Girls”, uma das melhores do disco; ou ainda em “Live Alone”, que somada a “Can´t Stop Feeling”, formam uma periclitante peça na qual não se sabe de onde emanam tantos efeitos de programações eletrônicas. E é esse o maior perigo para o Franz Ferdinand, o de enveredar tanto por esse caminho a ponto de descaracterizar seu modo próprio de fazer o rock que vem conquistando meio mundo.

Pois o FF tal qual conhecemos aparece também, intrínseco em cada faixa, e por vezes se destacando, o que prova que a linha que separa as duas fases (se é que realmente existe) é bem tênue. É o caso de “Lucid Dreams” (ao menos até descambar para o exagero “disco”) ou o de “What She Came For”, que honra seja feita, são também dançantes. A impressão que fica é que o trabalho de produção acaba prevalecendo sobre o de composição e arranjos, o que, de certa forma, desqualifica os integrantes do FF. Tanto que gravação e mixagem são divididas entre quatro produtores e cinco estúdios – e até que o resultado é bem homogêneo.

“Lucid Dreams” bem que poderia ser o fim do CD, já que as duas faixas seguintes mais parecem bônus, nada têm a ver com o repertório em si. “Dream Again” é viajante e praticamente um dueto vocal/teclados, e em “Katherine Kiss Me” Alex Kapranos canta sozinho ao dedilhar de um violão. A impressão que fica, no entanto, não é a final, mas a de que, com este “Tonight…”, o Franz Ferdinand assegurou de vez se lugar nas pistas, mas precisa se cuidar com os limites do bom gosto para não desandar o caldo.

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