Música Que Não Existe

Labirinto

Coletivo instrumental progressivo de São Paulo entrega EP virtual na sua caixa de e-mails. Foto: B. Fernandes/Divulgação

labirinto2009O e-mail enviado no início de junho mandava fazer o download gratuito do EP virtual “Etéreo” a partir do dia seguinte ao do recebimento, no site da gravadora virtual independente Dissenso. Virtual umas, já que a Casa Dissenso existe, fisicamente, lá no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Mas quem se arriscou a baixar o tal EP conheceu o sexteto experimental Labirinto, ou, ao menos, três de suas músicas, que, segundo eles, “priorizam as diversas exaltações emotivas que a música percorre, ao longo do labirinto estético, ideal e interpretativo”. Bonito, não?

O grupo é de São Paulo, foi formado em 2003 e no momento está trancafiado num estúdio, preparando um álbum cheio, do qual as três músicas desse EP virtual são só um aperitivo. Segundo fontes virtuais, “Anátema” é o nome do CD, que deve (tem que) chegar às lojas até o final do ano. As tais três músicas estão também liberadas para os incautos no MySpace da banda, com a companhia da D’Artagnan “Temporis”. A mais ouvida (hit?), entretanto é, disparado, “Inverso”, com parcos menos de três minutos de duração, coisa rara para um banda instrumental dada a experimentações.

No ano passado a Dissenso lançou um misto de livro e CD para fundir música, artes e fotografia. Na parte musical, “DIS1 - Nova Música Experimental - Novos Artistas Visuais” contou com Constantina, de Belo Horizonte; Fossil, de Fortaleza; Ruido/mm, de Curitiba; e, claro, Labirinto, com duas faixas. O grupo lançou ainda, de forma caseira, em CDR, dois outros EPs (“Labirinto”, em 2007, e “Cinza”, em 2006) e um split (metade cada uma) com a banda Ordinária Hit, chamado “Pseudo Segurança Compensatória”, em 2005. Uma discografia até bem rica, em tempos de banalização total do chamado “meio físico”. Só que, exceto a “DS1” está tudo esgotado. Nem vem que eles não têm. Quem quiser que espere “Anátema” ficar pronto.

Embora circule bem no meio virtual, o site do Labirinto tá de férias – certamente se preparando para o lançamento do CD novo - e as informações do MySpace dão conta que estão no grupo (será que falta um na foto?) Daniel Fanta (guitarra), Daniel (violoncelo, violino), Eddu (baixo, sintetizadores), Erick Cruxen (guitarra e efeitos), Joaquim Prado (guitarra, sintetizadores) e Muriel Curi (bateria). Mas outros integrantes podem participar, num dos poucos grupos que pode ser chamado de coletivo.

E a música? Eles se inspiram – dizem – em “temas de cinema, músicas climáticas e bandas experimentais”, citam compositores como Ennio Morricone e bandas de black metal, mas o resultado se divide entre o viajante, o etéreo e o pesado, quando realçam mais as guitarras. Por conta de ser instrumental e ter músicas longas, a associação ao rock progressivo é imediata e intuitiva, mas não espere nada de retrô dessa labirintite; ao contrário, soa moderno e até – com o perdão do desgaste do termo – de vanguarda. Os quase 12 minutos da bela “Arcabuz” que o digam. Deu pra entender? Não? Então se manda lá pro festival PIB - Produto Instrumental Bruto -, que acontece em São Paulo, em julho. O Labirinto se apresenta na quarta, dia 8, no Clube Belfiori. E boa viagem!

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