Som na Caixa

Megh Stock

Da Minha Vida Cuido Eu
(EMI)

meghminhaSe este disco fosse do Luxúria provavelmente todos exaltariam a mudança no som da banda. Mas eles se anteciparam e transformaram o grupo na carreira solo da vocalista Megh Stock, muito embora os músicos sejam os mesmos, e as músicas, assim como antes, fruto da parceria da cantora com o baixista Luciano Dragão. É essa parceria que sustentava o Luxúria e continua aqui nesse “Da Minha Vida Cuido Eu”. Continuam as boas composições, só que arranjadas com estética retrô, denunciada já no material gráfico do CD.

Megh continua escrevendo letras incomuns a seus pares no rock nacional, e com a vocação para o pop apresentada em várias músicas do repertório do Luxúria. Se antes provava que era possível fazer boas músicas sob uma muralha de guitarras e peso descomunal, agora posa de suave com composições rock, ainda, mas abrandadas por teclados, naipe de metais e andamentos mais lentos e – por que não – comportados. Não chega a ser um disco de baladas, mas que mescla com cuidado as faixas mais lentas com outras até aceleradas, alinhavadas por uma produção que faz questão de deixar os vocais em primeiro plano. Normal, em se tratando de uma carreira solo.

Até temas comuns ao disco anterior - “Ódio” tem certo parentesco com a ótima “Inveja” – recebem tratamento diferenciado. O mesmo que realça a bela “Mãos Que Consertam”, em que Megh, como de hábito, canta muito bem, enfatizando o verso/refrão “a sua alegria me dói”. Atrapalhado pelos metais, o single “Ele Se Sente Só” custa a engrenar, embora tenha outro refrão colante sacado da sortida coleção de Megh. Já a boa “Sofá Emprestado” traz uma suavidade colante, mas intimista demais.

Mas é a lentinha “Contra o Sol” a preciosidade do CD. Emotiva, sem soar piegas, a música é a que melhor emblematiza a fase cantora que Megh deseja açambarcar. “Personagens”, de outro lado, é a mais porrada do CD, e a que se confunde com a fase em que a banda se chamava Luxúria. A música tem um riff pesado e colante, com outra letra bem sacada, quase uma declaração de princípios de Megh Stock. Ironicamente fecha um disco de estética retrô deixando uma sensação de déja vu no que tange ao rock pesado de outrora.

Se soa como estratégia de mercado em busca do sucesso não alcançado no Luxúria, essa estreia solo de Megh Stock encontra sustentação justamente naquilo que chama a atenção em ambos: as boas músicas. Mas que as guitarras fazem falta, ah, elas fazem.

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Comentários enviados

Existem 2 comentários nesse texto.
  1. Carlos em maio 27, 2009 às 17:53
    #1

    Gosto muito do cd do Luxuria e gostei bastante do show que vi com aquela formacao. Mas esse cd da Meg…achei razoável. E concordo, como as guitarras fazem falta!

  2. Betho em junho 7, 2009 às 21:14
    #2

    Muito bom esse CD, músicas inspiradas. O novo som não decepcionou, que tá diferente, tá, mas está ótimo!

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