Imagem é Tudo

Stereophonics

Language.Sex.Violence.Other?
(Coqueiro Verde)

stereophonicslanguagedvdComo entrega o título, esse DVD é todo feito em cima do álbum “Language.Sex.Violence.Other?”, lançado em 2005, e tido como o mais bem sucedido da carreira do Stereophonics. Ao menos o mais agressivo sem dúvida que é. Em cerca de uma hora e meia, o grupo mistura num produto só aquilo que mais faz parte, em geral, do conteúdo de um DVD: documentário sobre a feitura do tal álbum, uma apresentação gravada ao vivo e quatro videoclipes retirados do álbum homônimo.

Pode parecer pretensão fazer um documentário sobre a gravação de um disco comum, nos moldes da série “classic albuns”, mas o guitarrista, vocalista e dono da boca Kelly Jones encarou a parada e narra praticamente toda a trajetória, desde o fim dos shows do disco anterior (“You Gotta Go There To Come Back”) até as primeiras composições começarem a ser trabalhadas. Nesse sentido causa espanto a praticidade do rapaz. Como boa parte das músicas foi feita na estrada, ele rapidamente arranjou e finalizou uma a uma, tendo em mente que os títulos de cada faixa deveriam ser de uma só palavra. Na falta de um baterista, já que Stuart Cable deixara o grupo recentemente, trabalhou com uma bateria eletrônica e escalou o office boy do estúdio para tocar a acústica. Deu tão certo que o argentino Javier Weyler deixou de comprar sanduíches para artistas e se mandou para os States para gravar o álbum e se tornar integrante fixo da banda.

Curioso, também, que o grupo galês prepare tudo em casa e depois parta para a Califórnia para gravar o disco, num estúdio em um casarão ocupado por cerca de dois meses. Talvez por isso os videoclipes, temáticos e integrados entre si, tenham como tema central carrões – como nos roadie movies americanos – e garotas. Nesse campo, Jones se mostra cético em relação aos diretores de videoclipes. Depois de acusar todos de ter fórmulas prontas para a “primeira banda que chegar”, recusa dois ou três roteiros de Charles Mehling e envia ele próprio o seu para que o diretor faça os clipes. Mehling aparece no documentário dizendo que eles “se aturam”. Faz sentido. Os clipes, para “Dakota”, “Superman”, “Devil” e “Rewind”, embora criados a partir de uma idéia só, não soam como “variação de um mesmo tema”. São todos muito bem sacados e cada qual com vida própria. A imagem da capa, aliás, vem de um deles, quando uma moça tenta afogar Kelly Jones numa banheira de quarto de hotel. Pena que a versão brasileira venha com uma “etiqueta” impressa, explicando desnecessariamente o conteúdo do DVD.

Mas é ao vivo que o bicho pega, e a mistura de britpop com Nirvana e rock’n’roll à anos 50 contagia. Gravado em Manchester, talvez o local onde o indie rock inglês tenha mais fãs em todo o mundo, o show é um verdadeiro deleite. Esporrento, realça o peso de músicas como “Dakota” (que se chamaria “Vermilion”, caso o Slipknot não tivesse a idéia antes) e “Superman”, além de revelar em Kelly Jones uma latente vocação para Bono Vox. São dez músicas em cerca de uma hora, intercaladas por cenas de bastidores filmadas com baixa luz. Só quatro são de “Language.Sex.Violence.Other?”. Como certamente a apresentação foi mais longa, bem que eles poderiam ter colocado a íntegra no DVD, muito embora o material contido aqui já vá satisfazer aos fãs.

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