Som na Caixa

Madame Machado

Sem Pedir Pra Entrar!
(Independente)

madamesempedirAssumido como a “incrível banda que toca ska”, o Madame Machado chega a este disco de estreia fazendo da simplicidade sua maior arma. Embora possuam um naipe de metais que valoriza os arranjos, as músicas do grupo se valem de acordes básicos e letras desenvolvidas a partir do dia-a-dia adolescente (ou não) para cair no gosto do ouvinte menos atento. Isso porque no fim das contas elas soam como petardos pop de primeira linha, quase sempre apelando para um irresistível efeito dançante. Em tempos de predomínio do rádio, seria fácil apontar ao menos metade das músicas desse disco como hit de FM.

Mesmo reivindicando para si o ska, coisa evidente no CD, o MM acaba funcionando por conta de uma pegada rock que não se ausenta em nenhuma das dez músicas. Em “Menininha”, por exemplo, a guitarra evoluiu sem cair na obviedade de um solo, mas realçando uma evolução que se encaixa muito bem nos vocais alternados entre Bema e o guitarrista Marakin. Outra é “Beijo de Cinema”, o hit deles, que alterna a típica guitarra téin-téin do reggae com evoluções extraídas do rock. Elemento indispensável nesse tipo de som é, também, a gaiatice inerente aos integrantes, que, por vezes, parece que estão fazendo esquetes de humor. Caso de “Surf Na Privada”, libelo quase politicamente correto a favor da natureza.

Falando assim, o repertório até poderia soar como algo exclusivamente adolescente, não fosse a densidade e peso de músicas como “MM”, que abre mão sabiamente do reggae/ska que permanece em quase todo o CD. Embora tenha como figura central a diversão acariocada baseada em praia e garotas, usa como pano de fundo o estresse de uma grande cidade que vê justamente na beira mar seu maior alívio. A nervosa “Faz-Not” é outra que investe no paradoxo juventude/caretice, se apropriando do rock mais que do ska e adjacências.

Ressalva-se que essa mistura de rock, ska e (até) hardcore já foi por demais usada e desgastada nos anos 90, e é talvez aí que esteja maior mérito do Madame Machado. Fazer um disco repleto de boas músicas tendo como referência o estabelecido, sem cair no óbvio, musicalmente falando, só é possível quando essas músicas são realmente boas. All right!

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