Som na Caixa

Skank

Estandarte
(Sony-BMG)

skankestandarteDepois de passar um tempão dando uma de Oasis, eis que o Skank decide voltar a ser a banda “mistureba de tudo” com este “Estandarte”. Não que o grupo abrace decididamente o pop reggae água com açúcar que o levou ao topo das paradas nos tempos dos álbuns “Calango” (1994) e “O Samba Poconé” (1996), mas há uma escolha clara nesse sentido, a começar pelo retorno do produtor Dudu Marote, presente nessa época e sumido desde então. Tendência reforçada pelas batidas descoladas de “Ainda Gosto Dela”, o primeiro hit do CD; “Chão”, um dancehall moderno que dá uma piscadela para o novo rock e para a eletrônica em que – dizem – Dudu Marote se enfiou nos últimos tempos; e “Saturação”, só para ficarmos com três exemplos.

O disco, no entanto, não é monocórdico. Traz ainda resquícios da fase Oasis/Clube da Esquina, em “Assim Sem Fim”, e rebusca a época em que os Stones namoravam a dance music, coisa já feita com sabedoria pelo Cachorro Grande há uns três anos, em “Canção Áspera”. Mais “Estandarte” é, ainda, um disco notadamente pop, feito para as massas, que, no entanto, enfatiza letras surpreendentemente boas. Não é a toa que a dupla covardia Samuel Rosa/Nando Reis assina um terço das faixas, incluindo a já citada “Ainda Gosto Dela”, música deliciosamente colante que tem a participação de Negra Li, e a irresistível baladinha “Sutilmente”. De onde se conclui que há um punhado de hits em potencial a serem descobertos pela grande mídia, que – diga-se – continua mimando o Skank.

Outro colaborador das antigas do grupo, o também produtor Chico Neves, aparece com seis músicas, entre elas “Escravo”, que é a cara do Skank do início de carreira. A música traz um “up grade” tecnológico evidenciado por um conjunto de barulhinhos que reforça o bem sacado arranjo. É o Skank em estado puro e mais festivo que antes. Ou, por outra, menos melódico e introspectivo que nos tempos mais recentes. Festiva também é “Um Gesto Qualquer”, que traz um “tchu-ru-ru” debaixo do braço transcendente até à má vontade que, em geral, a crônica musical tem com a banda. Em tempos difíceis para grupos acostumados a grandes cifras, com “Estandarte” o Skank recupera a si próprio e promete não sair de cena. Ao menos não agora.

Tags desse texto:

Comentário

Seja o primeiro a comentar!

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado