Som na Caixa

R.E.M.

Accelerate
(Baixado na internet)

remaccelerateQuando foi anunciado aos quatro ventos, o simples título desse disco levou os alvissareiros de plantão a apontar o fim das canções arrastadas do REM dos últimos tempos, substituídas por uma atroz e surpreendente velocidade. Aquele que, no embalo de tais conclusões, esperava um disco completamente acelerado, quase hardcore, pode ir tirando o cavalinho da chuva. “Accelerate”, embora tenha um astral bem mais alto do que o do passado recente do grupo, não chega a isso tudo.

Mas mostra um REM em boa forma, realmente se distanciando das bunda-molices introspectivas que um sensível (e chato) Michael Stipe parecia impor ao grupo. Agora o frontman parece menos ressentido e com um olhar mais alegre (no melhor dos sentidos) para a vida e sobre si próprio. Na faixa título, Stipe é claro: “sem tempo para questionar as escolhas que fiz / preciso seguir outra direção, acelerar”. A primeira mostra disso está na boa “Supernatural Superserious”, que já vinha, inclusive, sendo tocada nos shows mais recentes. Simplérrima, a música é a cara do REM pré “Loosing My Religion”. Outra boa, e também já conhecida dos shows, é “I’m Gonna DJ”, que fecha o álbum (depois de parcos 35 minutos) com a propriedade que o título sugere, além de tirar um sarro com a era dos DJs.

Mas há, sim, os momentos mais introspectivos, caso de “Until The Day Is Gone” e da soturna “Houston”. Já a deliciosa baladinha “Mr. Richards” traça um meio termo bem sacado entre a tal aceleração a introspecção irrefutável de Stipe. Ela se junta à ótima “Sing For The Submarine” para formar o momento mais bem acabado de todo o disco, com destaque para os arranjos de guitarra de Peter Buck. É o tipo de música que transmite preocupação e esperança; vai do tranqüilo ao extremo dramático sem deixar vazios para outras sensações. Depois volta, sutilmente, para a tranqüilidade inicial. Um exemplo perfeito - em forma e conteúdo – do estilo consolidado pelo REM ao longo dos últimos vinte e tantos anos.

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