Som na Caixa

Gogol Bordello

Super Taranta!
(Deckdisc)

gogolbordellosuperQuando chega a notícia de que determinado grupo é um “octeto multi-étnico”, é preciso tomar certo cuidado. Isso pode significar que a música feita por essas oito pessoas oriundas de lugares diferentes do mundo – no caso China, Estados Unidos, Romênia, Rússia, Etiópia e Israel -, não esteja exatamente em primeiro plano, mesmo que instrumentos inusitados para o mundo da música pop apareçam durante todo o tempo. Em casos como esse se incluem Bloco Vomit, Arcade Fire, Brasov, Mano Negra e, também, o Gogol Bordello.

No fundo, no fundo, o que este grupo faz não passa da mais genérica música de quermesse para animar a comunidade nos fundos da paróquia em dias santos. A diferença a favor do Gogol Bordello é que há algo de punk na música torta e desengonçada feita pelo grupo. Punk em termos atitude, não só de música, muito embora a questão aqui é pouco musical e mais de entorno de coisas pitorescas relacionadas à banda. Assim, o vocalista Eugene Hutz canta o tempo todo num inglês de sotaque quadrado, como se importado por algum caipira do leste europeu. Seria legal em uma ou duas músicas; já nas 14 do disco…

A sensação que se tem é que, como banda de quermesse, o Gogol Bordello deve, ao vivo, ser excelente de se ver, até pelo – de novo – inusitado. Os equilibristas da capa, aliás, até sugerem isso. É como ver a banda marcial da escola desfilar em feriado cívico: é bom, mas não se compra um disco pra levar pra casa. Porque, impressas em mídia, esse mesmo grupo de músicas soa enfadonho e nada agradável. É o que acontece nesse “Super Taranta!”, onde só escapam passagens pontuais, geralmente chupadas de canções tradicionais do folclore de algum lugar que, desconhecido do grande público, se torna “um achado” aos olhos dos vanguardistas de plantão. E só.

Com a boa vontade é um das idiossincrasias da crítica, não custa destacar uma outra que se salve, já pensando como elas podem ser quando tocadas ao vivo. “My Strange Uncles From Abroad”, uma das mais animadas, chega a ter sotaque pop, e – dizem – foi feita em homenagem Joe Strummer. Mas é o reggae “Tribal Connection” que lembra o Clash. “Forces Of Victory” tem a tal crueza punk, muito bem temperada com violinos e acordeom, e se sobressai, assim como “Wonderlust King”, com um refrãozinho pop bem colante.

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