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Revista Outracoisa lança ‘Chega de Falsas Promessas’, novo CD do Canastra

Release feito para a divulgação do álbum do Canastra, lançado em maio de 2007, encartado na Revista Outracoisa número 20.

Se fosse feito um levantamento nas casas noturnas do Rio para saber qual a banda que mais tem tocado nos últimos tempos, daria Canastra na cabeça. O sexteto se converteu numa big band e tem mostrado uma das melhores apresentações ao vivo de que se tem notícia, com um repertório de raro bom gosto que tem cativado um público cada vez maior. São essas canções que estão reunidas no segundo álbum da banda, “Chega de falsas promessas”, encartado na edição de maio da revista Outracoisa.

Sim, o disco deveria ter saído pela Sony-BMG, afinal esse era o prêmio prometido pelo Festival Oi Tem Peixe na Rede, que aconteceu em 2005, vencido pelo Canastra. Conversa vai, conversa vem, a gravadora decidiu não fazer o tal lançamento, mas àquela altura boa parte das músicas já havia sido gravadas. Bastou a finalização do trabalho, a cargo da duplinha sensação Berna Ceppas e Kassin, e pimba! Saía do forno, para alívio da turma do gargarejo, o tão esperado disco. Chega de falsas promessas.

Formado em 2000 como um quarteto, o Canastra chamava a atenção pela mistura de dixieland, country, rockabilly, música de orquestra, samba de raiz, bandas de suíngue e por aí afora. Só que tudo isso tocado por músicos de formação rock, recrutados por Renato Martins, que fez carreira à frente do seminal Acabou la Tequila, nos anos 90. Edu Vilamaior (contrabaixo acústico, da Bigtrep), e Bruno Levi (guitarra) e Marcelo Callado (bateria), ambos do Carne de Segunda, completavam a formação que gravou “Traz a pessoa amada em 3 dias”, editado pela Monstro em 2004. O disco trazia futuros hits dos shows como “Diabo apaixonado”, “Cada um por si”, “Nuvem negra” e “Sorria”, composições com a marca de Renato Martins: conteúdo incomum e muito bom gosto. Não por acaso foi apontado como um dos melhores do ano pelos críticos d’O Globo.

Como está dito lá em cima, o Canastra foi se especializando em apresentações ao vivo, a partir de um necessário up grade: entraram Fernando Oliveira (guitarra e trompete), da Bigtrep, Marcelo Magdaleno (saxofone, também Cisco Trio) e Marco Rafael (trombone). A banda passou a tocar a torto e a direito, testando e consagrando as novas músicas que não deixam o público passar incólume. As camisas floridas ou com temas caribenhos, o naipe de metais, as levadas de bateria (volta e meia tocada de pé) e as estripulias feitas por Edu e Renato com o contrabaixo acústico têm dado ao show contornos bem próprios. Sem falar no repertório que inclui, como bônus, releituras preciosas. Tem AC/DC, com “Back in black”; “Besame mucho”, da mexicana Consuelo Velázquez, cantada por Marcelo Madá; e “Tu vuo’ fa’ l’americano”, canção popular italiana, pinçada do filme “O talentoso Ripley”, de Anthony Minghella.

Para gravar o disco, onze músicas passaram por uma peneira que inicialmente incluía dezesseis (o total de bases gravadas no estúdio AR), e foram finalizadas no Monaural. “Chevete vermelho” e “Motivo de chacota” são o carro chefe do CD. A primeira é um rockabilly temperado com guitarras surf e que cativa pela leveza e simplicidade dos arranjos. “Motivo de chacota” é uma parceria com Gabriel Thomaz, o capo do Autoramas, e conta a história de um sujeito pagador de mico, baseada no impagável Zé Ovo, baixista dos tempos do Little Quail, influência confessa para Renato Martins. Gabriel participa ainda de “Miss Simpatia”, feita sob encomenda para o Ultraje à Rigor e que aqui ganhou uma versão de baile, graças aos metais. Os mesmos que realçam a inusitada “Pomo-de-Adão”. Mais um achado de Renato, a letra revive a história da criação do universo segundo a Bíblia, sob um novo foco. Um belo contraponto ao “Diabo apaixonado” do álbum de estréia.

A suave “Dois dedos de conhaque”, parente de “Chá & sorriso”, do primeiro disco, foi composta há um tempão e resgatada por Fernando Oliveira. Assim como “Dallas”, espécie de música-símbolo da criação do Canastra, já gravada pelo Tequila, que ganhou um arranjo completamente novo. O universo canástrico vem bem representado ainda por “Cara ou coroa”, que retoma o tema de sorte e azar de “Roleta russa”, e pela faixa-título, cuja letra remete ao tema já abordado em “Cada um por si”, outro destaque do álbum de estréia. O clima de bailão aparece em “Quando sim quer dizer não”, uma levada à dixieland pra não deixar ninguém parado.

“Chega de falsa promessas” consolida uma nova etapa na trajetória do Canastra. Uma banda de sonoridade tão diversa e inusitada que é capaz de agradar a todas as tribos, ou mesmo à quem não pertence a nenhuma delas; que moldou um formato tocando boas composições com arranjos que, ao vivo, são imbatíveis. Canções que de um jeito ou de outro (seja por forma ou conteúdo) têm tudo a ver com todo mundo. Porque, no fundo, no fundo, todo mundo gosta mesmo é de boa música.

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