O Homem Baile

Sem nada de novo para mostrar, Testament toca velhos clássicos e público adora

Ausente no mercado de lançamentos há oito anos, grupo californiano se valeu de repertório cheio de clássicos, testados inclusive num DVD gravado em Londres há dois anos. Fotos: Marcelo Martins.

Recuperado, Chuck Billy mantém a voz e performance de palco intactas

Recuperado, Chuck Billy mantém a voz e performance de palco intactas

Dezoito anos sem tocar no Brasil e oito sem lançar absolutamente nada de novo, o Testament não tinha muito o que apresentar ontem há noite no Canecão, a não ser os clássicos que sempre rondaram o mundo metálico, ainda que numa escala bem inferior do que os dos seus principais ícones. Outro motivo é a celebração do vocalista Chuck Billy, que se recuperou de um câncer na garganta e parece que está estreando nos palcos com uma banda recém formada. Com ele, vieram o guitarrista Alex Skolnick, Greg Christian (baixo), Eric Peterson (guitarra) e – surpresa – o baterista Nick Barker, ex- Dimmu Borgir.

O quinteto entra no palco com um repertório matador. De cara “The Preacher”, “The New Order” e “The Haunting”, quase emendadas uma na outra. Em “The Preacher” Skolnick dá e deixa com aquilo que seria a tônica de todo o show: solos rápidos e ágeis com a guitarra empunhada o tempo todo. Só depois da quarta música é que ele e Chuck dão um alô para a platéia, que se esbaldava já abrindo rodas de pogo. Um público em quantidade bastante satisfatória, se consideramos a relevância do Testament, a noite chuvosa e o calendário repleto de shows internacionais dos últimos tempos.

Alex Skolnick e Eric Peterson duelam no show

Alex Skolnick e Eric Peterson duelam no show

Uma das músicas mais recentes apresentadas no show foi “DNR”, do excelente álbum “The Gahering”, de 1999, e o repertório é quase idêntico ao do DVD/álbum ao vivo “Live In London”, de 2005. Dentre as que não fugiram desse critério de escolha está “3 Days In Darkness”, também do “The Gahering”, e que ao vivo ganhou muito em peso e cadencia tipicamentes thrash. Chuck mostra um vigor e uma capacidade vocal incomuns para quem já está na estrada há tanto tempo. O curioso é que ele, grandalhão e com uns quilinhos a mais, usa um mini pedestal onde garante a performance “solando” junto com o endiabrado Skolnick – em “Practice What You Preach” ele volta a debulhar a guitarra.

O público não parava quieto e o carisma de Chuck garantiu bons momentos. Um deles foi em “The Legacy”, cujo início, quase dedilhado na guitarra, fez todos acompanharem com palmas ou cantarolando certas partes, como já ocorrera em “Electric Crow” lá o começo. Em “Into The Pit”, que Chuck obviamente dedica ao povo do gargarejo, braços erguidos em coreografia ensaiada consagram o show de uma vez por todas. Destaca-se nela, assim como em todo o show, a performance de Barker, que atua com peso e técnica incríveis. “Over The Wall” encerrar o set precocemente, com pouco mais de uma hora de bola rolando.

Skolnick solou muito durante todo o show

Skolnick solou muito durante todo o show

“Alone In The Dark” é outro momento lindo do set, já no bis, como todos cantarolando junto (depois de Chuck provocar dizendo que aquilo ali parecia uma igreja), e “Disciples Of The Watch” fecha o show com todos na banda agradecendo muito. Chuck chega até a lançar mão do clichê “heavy metal is forever”, que funciona muito bem. Resta saber porque o segundo bis, com “Burnt Offerings”, programada no set list, não foi executado, como aconteceu no show de São Paulo.

Na abertura, o Taurus, renascido das cinzas, fez um bom sete de meia hora, revivendo grandes momentos do thrash metal do início dos anos 90. O grupo era conhecido como “Metallica carioca”. Revivalista e ideal para os mais velhos, que não eram poucos no Canecão. Também tocou a Warfx, essa uma banda bem novinha, com um vocalista ainda verde para abrir um show internacional. O som é na linha do Megadeth, pesado e lento. O problema é que os dois guitarristas estavam meio perdidos, precisam decidir o que cada um quer fazer na banda.

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