O Homem Baile

Motörhead promove festa da música pesada

Lendária banda inglesa tocou ontem na Fundição Progresso e voltou a encantar público com muito peso e agressividade.

Show do Motörhead é assim: sempre a mesma coisa e sempre bom de se ver. Afinal não é toda hora que pode ficar frente a frente com um dos maiores ícones da música pesada em todos os tempos. E também, honra seja feita, o trio nunca parou de lançar discos com músicas inéditas, e sempre as apresenta nas turnês que também não deixam de acontecer. Ontem, por exemplo, duas do último álbum, “Kiss Of Death”, foram tocadas por Lemmy e seus asseclas: “Be My Baby” e “Sword Of Glory”.

A abertura foi logo com “Dr. Rock”, que faz parte das trilha sonora do filme “Each The Rich – Coma os Ricos”, onde o próprio Lemmy tira onde de ator, emendada direto com a ótima “Stay Clean”. O som parece um pouco baixo para os padrões exagerados do Motörhead, ou então é parte da brincadeira já tradicional em que Lemmy e o guitarrista Phil Campbell perguntam se o show está alto o bastante e todo mundo pede para aumentar mais, isso ainda antes a quarta música, “Killers”. Só o batera Mikkey Dee reclama do som com os roadies e técnicos o tempo todo. Mas ele tem crédito. Na banda desde 1992, teve a incumbência de dar uma atualizada no som do Motörhead, mesmo ocupando o lugar que já foi do lendário Philthy “Animal” Taylor. Seu solo, no meio da densa “Sacrifice”, foi algo de sensacional, misturando técnica, peso e precisão. Isso sem falar da “chuva de baquetas” em “Killed By Death” e do duplo bumbo inacreditavelmente pesado durante todo o show.

Antes de “Sacrifice”, Lemmy anunciou uma homenagem a Phil Lynott, vocalista e baixista do Thin Lizzy, tocando uma irreconhecível versão para ótima “Rosalie”, do grupo irlandês, precursor do som pesado na década de 70. Tanto Lemmy quando Campbell conversam muito entre as músicas, fazendo piadas e outros comentários. Ao anunciar “One Night Stand”, do álbum “Another Perfect Day”, de 83, ele disse que a música fora composta antes de o público ter nascido. Ainda na primeira parte do set, os três fazem um brinde junto à bateria. A parte final do show é realmente matadora. “Just ‘Cos You Got The Power”, “Going to Brazil” (a preferida entre os mais novos), “Killed By Death” e “Iron Fist” detonam a Fundição e faz o público pogar em rodas enormes, num dos melhores momentos da banda nessa noite.

O bis arrebatador veio com a dobradinha “Ace Of Spades” e “Overkill”, logicamente com mais um show de Dee. No final, um ruído insistiu em ficar no palco, uma hora e quarenta depois, e nos ouvidos de todos durante a madrugada de domingo. Mesmo com vinte músicas tocadas, muitas ficaram de fora, afinal o Motörhead tem mais de trinta anos de carreira. Mas o choro dos fãs sempre procede, ainda mais que, na volta para o bis, o trio tocou a acústica “Whore House Blues”, algo completamente desnecessário em se tratando de Motörhead. Poderiam ter incluído, aí, sim, “No Class”, “Ramones”, “Bomber”, “Born To Raise Hell”, “Orgasmatron”, “Each The Rich”, “Built For Speed”, “I’m So Bad (Baby I Don’t Care”… São tantas que daria para fazer outro show inteirinho. Mas se Lemmy é Deus, como discutir com ele? Pode fazer o que quiser que tá valendo. Até mesmo substituir o “We are Motörhead, and we’re gonna kick your ass”, que tradicionalmente abria os shows, pelo “We are Motörhead, a fucking rock’n’roll band”, repetida no encerramento. Lindo.

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