O Homem Baile

Envelhecido, NOFX faz do show brincadeira ao vivo

Grupo americano volta ao Brasil nove anos depois e fala mais do que toca.

O histórico show do NOFX na Fundição Progresso, em 1997, marcou a época em que o hardcore melódico e o poppy punk de Green Day e Offspring davam as cartas. Se daquele público poucos veteranos foram ontem ao Claro Hall, no Rio, para ver a banda do mal humorado Fat Mike, uma grande platéia composta por adolescentes compensou a segunda vinda da banda ao Brasil. Diferentemente daquela época, porém, o show não foi tão movimentado com todo mundo se matando em moshs e rodas de pogo. É que Fat (nem tão gordo assim) Mike (baixo), El Hefe (guitarra), Eric Melvin (guitarra) e Erik Sandin (bateria), cadenciaram um novo ritmo para o show, conversando entre cada uma das 25 músicas do set. Piadas internas dominavam essas conversas, que o público parecia mesmo entender.

Quem pouco entendia era o atordoado vendedor de camisetas que a banda trouxe, dada a grande procura pelos fãs, no hall de acesso. Eles disputavam espaço à tapa na grade colocada ali, como se fosse ela a que fica em frente ao palco, e ainda tendo que improvisar num inglês de cursinho o tamanho, a cor e o modelo da camiseta que desejavam comprar. O mesmo inglês que permitiu certas gargalhadas nas intermináveis piadas internas que vinham a público a todo o momento.

Os vinte e quatro anos de estrada da banda estavam simbolicamente escondidos na tinta de cabelo usada por Mike (verde) e El Hefe (preto), mas realçaram em muitos dos clássicos que a banda tocou, entre eles “Linoleaum”, “Hobophobic”, “Murder the Government”, que abriu o set, e “Eat the Meek”. Houve quem reclamasse da ausência de música como “Don’t Call Me White”, talvez a maior delas, e “Leave It Alone”, mas o NOFX mostrou vitalidade e capacidade de renovação ao incluir muitas músicas dos álbuns mais recentes, como “Leaving Jesusland” e “Seeing Double At The Triple Rock”, do último, “Wolves In Wolves’ Clothing”.

Mesmo com a alegria juvenil estampada em cerca de três mil rostos que não estão nem aí para o dramalhão emo, o fato é que, em meio a tantas piadinhas entre as músicas, o show não engrena e contabiliza muito pouco tempo de bola em jogo. Se para o rock essa falta de gás já seria ruim, imagine para o hardcore.

Tags desse texto:

Comentários enviados

Sem comentários nesse texto.

trackbacks

There is 1 blog linking to this post
  1. Rock em Geral | Marcos Bragatto » Blog Archive » Fanfarronice punk

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado