Som na Caixa

Banzé

De Pernas Pro Ar
(Mondo 77)

banzedepernasSe fosse feito por uma banda gaúcha o som gravado neste CD seria taxado pela crônica paulistana como “rock gaúcho”. Com os caras são de São Paulo mesmo, resta identificar as características atribuídas ao rock dos pampas também compartilhadas pelo quarteto. E não são poucas, a começar por uma certa aura fincada nas bandinhas dos anos 60, certamente a fonte onde o Banzé se esbalda. Mas não fica nisso: um sotaque pop bem forte toma conta do grupo e realça músicas fáceis e de certa forma talhadas para grudar na cabeça da gente. Entre estas, vale o destaque para “Pernas Pro Ar” (não por acaso virou título), a singeleza de “Alvo Móvel”, a boa “A Ocasião Cria o Ladrão”, e “Stella” e seu belo riff, que, aliás, poderia ser mais bem aproveitado.

Mas nem tudo são flores, a medida certa não foi encontrada pelo quarteto em todo o disco, e desanda em outras faixas pouco inspiradas que mal servem para completar o repertório. Simplesmente porque não são boas canções, e aí buscam sobrevida em arranjos e outros artifícios que valorizam a forma, mas não conseguem enriquecer o conteúdo. No popular, não conseguem tirar leite de pedra. Nesse grupo estão a pobreza poética – e de espírito - de “Eu Sou Melhor Que Você”, onde nem a participação de Nasi salva a parada, “Hey Donna”, que totalmente híbrida foge do repertório, e a fraca “Vida a Dois”.

No frigir dos ovos, dá pra resumir que o Banzé talvez tenha gravado o primeiro disco muito cedo, antes de ajustar/compor um bom repertório. O jeito linear adotado pelo vocalista Thadeu Meneghini em todas as músicas também demonstra falta de rodagem. Coisa que, de outro lado, com um disco na mão, tem tudo para melhorar. Vamos ver como vai ser o próximo.

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