Praticamente um projeto solo do obstinado Jeff Waters, o Annihilator sobrevive indo mais longe do que se esperava. Não por questões musicais, mas por causa das constantes mudanças na formação que levam hoje Waters a tocar guitarra e baixo no mesmo disco, além de fazer alguns vocais. Quem canta mesmo é David Padden e Tony Chappelle assumiu a bateria.

O disco é praticamente uma ode ao thrash metal e vem recheado de palhetadas como nos bons tempos do gênero. Ainda assim, vale destacar as mudanças de andamento de “Drive”, que começa ultra-rápida, abre espaço para estaladas de baixo, depois solos descontrolados em meio a melodia, para então voltar ao ritmo inicial, tudo isso em menos de cinco minutos. “Maximum Satan”, por sua vez, abre o disco flertando com o crossover nova-iorquino, bem na linha Biohazard, com mais ênfase no thrash que no hardcore. Na panterizada “Warbird” o instrumental mostra variações espantosas, sem deixar de lado a “pegada thrash” por um segundo sequer, e ainda fecha com a garganta de Padden esganiçada. Em “Invite It”, a banda brinca de melódico fazendo um refrãozinho colante e alegrinho, sem dispensar as guitarras eternamente distorcidas e sujas ao fundo. Sugere, ao mesmo tempo, as viagens instrumentais comuns em bandas como o Primus, numa das mais inventivas músicas do disco. E é essa a faceta mais emblemática no Annihilator: conseguir fazer o thrash metal típico, mas tecnicamente muito bem tocado e recheado de inovações, às vezes sutis, noutras apontando alternativas para si próprio.

Dentre essas opções, uma segunda parte do disco mostra ao menos duas. Uma é em passagens que enveredam por uma ênfase no metal tradicional, resultando em músicas acessíveis como “Pride”, por exemplo, que tem um refrão cativante e reprisado até o final; e outra apostando num sotaque amplamente pop, porém interessante, que requisita espaço até em rádio FM, caso de “Clare”. Um disco bem tocado e que mostra que não é à toa que o Annihilator continua na área.

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