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Festival
(ST2)

festivalEste documentário de Murray Lerner registra o momento em que parte da juventude americana, atormentada pelo rock’n’roll, e até por perceber nele as referências ao country e ao blues, se volta para o country/folk de raiz. As imagens foram todas gravadas em quatro edições do Newport Folk Festival, entre os anos de 1963 e 1966, e flagram desde artistas que mais tarde se tornariam ícones de várias gerações, até hoje ilustres desconhecidos, mas que, para a época, tinham um significado como um “olhar para si próprio” que essa mesma fração dos jovens americanos ansiava.

Filmado com equipamento pesado e antigo, se compararmos o filme com os DVDs editados hoje, o tratamento estético é completamente diferente. Com câmeras fixas, o diretor abusa das aproximações lentas e de super closes nos artistas, que muitas vezes enchem a tela. Todo captado em preto e branco, é um registro bastante fiel, também, dos costumes da época, realçados em lambretas, roupas, cigarros, penteados e outras características da cultura americana, isso antes do hippie tomar conta.

Nos palcos do festival, além dos artistas que se apresentavam basicamente com instrumentos acústicos – violão, banjo, flautas, tambores, etc – grupos totalmente vocais, meio gospel, e de dançarinos sapateadores, entre outros, também entretinham o público. Entre as apresentações há vários improvisos no meio do público, feito por reles desconhecidos ou mesmo por aqueles que, antes, estavam no palco. Ao todo, aparecem no filme cerca de 45 artistas ou grupos musicais ou de dançarinos.

Obviamente hoje as luzes se voltam para nomes que se tornaram verdadeiros ícones do gênero, como Bob Dylan, Joan Baez, Peter, Paul & Mary e Donovan, todos com chamadas na capa. Mas os melhores momentos do filme, além do registro histórico em si, ficam por conta de pessoas comuns ou nomes menos bombados. No primeiro grupo, destacam-se as pessoas de mais idade que vêem com bons olhos o tal revival do velho country, numa época em que já se percebia o domínio do jovem rock’n’roll. Senhoras de visual caprichado contam as histórias de suas famílias, enquanto homens mais velhos, rudes, em geral trabalhares braçais, tentam ensinar aos mais jovens, por exemplo, o que é blues – música, espírito e sentimento - como faz um desdentado Son House. No segundo, um Johnny Cash de cara lisa solta um vozeirão; Howlin’Wolf, já com a idade avançada, rebola como um garoto; e Peter Seeger mostra a afinação que lhe marcou toda a carreira.

O filme é todo montado intercalando trechos de apresentações com depoimentos, e por vezes se torna meio monótono, sobretudo quando as atrações se mostram repetitivas ou os depoimentos sem um certo roteiro-guia. Mas passa logo e o conteúdo histórico volta a prender a atenção do espectador. Ainda mais quando aparecem, nas versões mais genuínas e cruas, músicas como “Mr. Tambourine”, “Blowin’ In The Wind” e “Down By The Riverside”, entre tantas outras.

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