O Homem Baile

Rock e mpb se sobressaem nas duas primeiras semanas do Humaitá Pra Peixe

O jovem grupo Forfun, que lotou o Espaço Cultural Sérgio Porto, foi o destaque da primeira semana; cantora Céu surpreende e agrada a platéia de famosos da mpb. Fotos: Joca Vidal/Divulgação.

A mídia não olhou tanto assim, o patrocinador deu pra trás, mas o fato é que a décima terceira edição do Humaitá Pra Peixe já está rolando à todo vapor, e com muita gente dando as caras no Espaço Cultural Sérgio Porto. Só para se ter uma idéia, logo na estréia, dia 3, a empolgação do público juvenil do Forfun foi tanta que até a polícia foi chamada para dar uma garantia no local. Estima-se que 700 pessoas estiveram lá, fato que até então, nas outras edições do festival, só acontecia com a reunião de artistas afamados ou apadrinhados dentro da mpb. Sem falar que esta talvez tenha sido uma das primeiras bandas de hardcore a se apresentar no HPP, já que o gênero não parece ser um dos prediletos da eclética organização.

Forfun

Forfun

Durante o show se viu de tudo, desde o produtor Bruno Levinson pedindo para a banda parar de tocar em “defesa” da segurança da platéia, até um inusitado discurso pseudo-socialista inspirado no símbolo do comunismo estampado na camiseta de uma fã, passando pelo alerta feito pela banda para que o público pense bem para escolher um candidato, já que estamos em um ano de eleição. Entre tantas porradas como “O Melhor Bodyborder da Minha Rua”, o hit “História de Verão” e “V.I.P.”, eles tentaram acalmar com uma cover para “Redemption Song”, de Bob Marley, mas nada comprometedor.

Antes, na mesma noite, o Besouro Zorah, que parece ser a banda de um homem só - o próprio - teve sorte de não sair vaiado. Além de não ter boas músicas e cantar mal, ele ainda experimentou um momento íntimo cantando sozinho no teclado. Se salvou no final com “Tenebrosa”, a única música que escapou no repertório. Valeu pelo lançamento com distribuição gratuita de um CD demo.

Carbona

Carbona

No dia seguinte o Humaitá Pra Peixe corrigiu um erro histórico ao escalar o Carbona. Depois de nada menos que sete discos lançados e de ver praticamente todas as bandas de sua geração tocarem no evento, o trio teve a oportunidade. Ou será que, a essa altura, o festival é que teve a chance de tê-los no palco? Apresentando músicas do último disco, “Cosmicômica”, a banda mostrou o pique de sempre, mas foi prejudicada por um equipamento mal equalizado que deixou o som embolado, com os vocais praticamente ocultos. Isso sem falar na ausência do público, por causa dos alagamentos causados pela forte chuva que caiu no Rio. Quem foi se divertiu com “Um Mundo Sem Joey”, “Felicidade Incondicional” e “Nebulosa”, uma das mais legais do disco novo.

Lasciva Lula

Lasciva Lula

No show anterior, o Lasciva Lula, que também lançava um single, teve mais sorte com o equipamento, mas as músicas do grupo, nem tão conhecidas assim do público, não empolgaram tanto, exceto pela impostação vocal e presença de Felipe Schuery. Tantas mudanças de andamento podem até ser sinônimo de criatividade, mas por vezes jogam por terra a empolgação da platéia. Tanto que dá até pra duvidar se Pixies e Mutantes podem ser misturados. Mesmo assim “Casal de Velhos” garantiu a diversão no final.

Na segunda semana dois sustos. Um foi a mesa de som que pifou e atrasou os trabalhos – lembrando que há limite de horário para o Sérgio Porto funcionar. O outro, a presença de medalhões globais e outras figuras da mpb, que até pareciam interessadas em novos artistas. Quem começou, depois de resolvido o primeiro problema, foi Leleo. Ele participou de vários projetos inócuos – chegou até a se apresentar com um deles numa das edições do HPP – mas até hoje é lembrado por ter sido da Banda Bel, que cedeu Tony Garrido ao Cidade Negra. A banda de Leleo voltou com um samba rock dançante e com letras de refrões fáceis sobre o cotidiano (e mulheres) carioca. E foi melhor assim. Acompanhavam Leleo nomes como Laufer (eterno parceiro de Fausto Fawcett) e uma das filhas do Ministro, entre outros.

Céu

Céu

A boa surpresa da noite viria com a cantora Céu. Respaldada pela boa repercussão de seu trabalho no exterior, sobretudo na Europa, a cantora paulistana conquistou a platéia com pouco alarde, mas com uma opção estética das mais interessantes. Sua banda tem formação diferenciada, e fica no limiar do elétrico, eletrônico e acústico, transitando ao mesmo tempo por todos esses flancos. Com voz que remete à Macy Gray, Céu cantarola bastante em suas músicas, evitando palavras e investindo na voz. Como também é compositora, sabe encaixar-se nas músicas, e usa do bom gosto para transmitir isso de uma forma diferente. Podem chamar de bossa eletrificada, nova mpb, ou mesmo reclamar de um certo ar de música americana, que tá valendo. Só esqueçam de Fernanda Porto e intérpretes afins. O ponto alto do show acabou sendo uma boa versão para “Concrete Jungle”, de Bob Marley (ele de novo), com a banda mostrando um entrosamento superior ao de todo o show.

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