Som na Caixa

Deep Purple

Rapture of The Deep
(Warner)

deeppurpleraptureEste é o primeiro álbum do Deep Purple em dois anos, o que coloca o grupo no mercado regular de lançamentos, já que “Bananas”, o anterior, demorou longos cinco anos para sair. É ainda o segundo como o tecladista Don Airey substituindo Jon Lord, o único que se mantinha como integrante de todas as encarnações do Purple. Airey se impõe logo no início da primeira faixa, “Money Talks”, mostrando-se enquadrado no jeito Purple de fazer música. Outro “novato” é Steve Morse, que já está no quarto disco com a banda, mas só vem se mostrando um verdadeiro integrante a partir do já citado “Bananas”. É que estes dois discos formam uma dobradinha que sinaliza muito mais para as raízes do Deep Purple, do que para certas (e às vezes boas) inovações que vinham aparecendo.

Não se trata, entretanto, de um disco retrô, mesmo porque bons riffs não envelhecem jamais. Em “Girls Like That”, por exemplo, é um típico riff do Purple que prevalece em toda a música, e serve de cama os outros instrumentos crescerem, e até para o vocal molhado de Gillan evoluir. Ele chega a lançar mão de uns agudos, um pouco tímidos, mas é o que dá pra fazer. O tom old school se dá justamente com Airey fazendo o tradicional contraponto com a guitarra, tudo sustentado pelo firme baixo de Roger Glover. A faixa título começa com um tema árabe e se revela uma balada bem construída, com outra presença marcante do teclado, desta vez num solo que precede outro de guitarra. É ou não é o velho Purple?

Os momentos mais pesados comparecem também, encaixados nessa retomada, como na tal “Money Talks” e em “Back to Back”, que tem um belo solo de guitarra. Mas há ainda “Don’t Let Go”, um blues rock para ser ouvido em bar de beira de estrada, e a linda balada “Clearty Quite Absurd”, que tem dedilhados de guitarra que só poderiam ter mesmo saído das mãos de Morse. Embora “Rapture of The Deep” não supere “Bananas”, mostra que o Deep Purple se mantém bem nessa nova fase, sem renegar o passado glorioso, apesar de não precisar dele, necessariamente, para seguir em frente.

Tags desse texto:

Comentários enviados

Sem comentários nesse texto.

Deixe o seu comentário

Seu email não será divulgado