O Homem Baile

Paralamas apresenta repertório inédito de ‘Hoje’ em temporada no Canecão

Grupo faz show no Rio com ênfase no repertório do último disco, o primeiro com novas músicas desde o acidente sofrido por Herbert Viana em 2001. Foto: Mauricio Valladares/Divulgação.

paralamas2005Não é qualquer banda com mais de vinte anos de estrada que abre mão de tocar grandes sucessos para mostrar as músicas de um novo disco de inéditas. Não é qualquer banda tarimbada que inicia um show com três músicas inéditas logo de cara. O Paralamas do Sucesso é desse tipo, e ontem, no Canecão, na estréia da turnê do álbum “Hoje”, o público pode conhecer os futuros hits de uma banda que literalmente renasce.

Um deles é “Na Pista”, pop reggae, hit instantâneo cheio de balanço e reforçado pelo inconfundível naipe de metais. Difícil também confundir o trio que sabe como poucos soar como ele próprio. Não é possível ouvir o baixista Bi Ribeiro e o baterista João Baroni, o maior especialista em caixa, prato e aro de que se tem notícia, sem disparar: Paralamas! Por isso, mesmo com as eficientes participações do tecladista João Fera, do percursionista Lyra e de Monteiro e Bidu (os caras dos metais), vale também ver o trio sozinho no palco, como acontece no hit “Meu Erro”, detentor de uma dos melhores fraseados de baixo da música brasileira.

As mesas do Canecão abrigam vips e celebridades em geral, e acabam por tolher o público, mesmo quando as cadeiras são abandonadas em prol da diversão, em músicas como “Alagados” (hoje praticamente um samba exaltação) e “Perplexo”, onde Baroni dá um show particular. Como contraponto, num momento mais intimista, Herbert e João Fera ficam sozinhos no palco para “Quase Um Segundo” e “Por Que Não Eu”, hit do Kid Abelha, cuja autoria é de Herbert em parceria Leoni e Paula Toller. E ainda na volta para o bis, quando uma soturna e dramática versão pra “Deus Lhe Pague”, de Chico Buarque, ganha contornos pessoais com a história recente de Herbert e dos Paralamas – “Hoje” é o primeiro disco com músicas inéditas, compostas por ele, desde o acidente de 2001.

O show é realçado por dois telões ao fundo que mostram obras de arte de artistas plásticos, sob a coordenação de Raul Mourão, que também é o responsável pela programação visual do encarte do disco. Durante as músicas novas, as letras passam nos telões, lembrando a capa do CD e também o cubismo dos alemães do Kraftwerk. Dois clipes foram exibidos durante as respectivas músicas: “Ela Disse Adeus”, aquele em que Fernanda Torres apanha dos três, e o antigo “Alagados”, no qual o trio visita um baile de subúrbio. Curioso revê-los tão novinhos.

“Lanterna dos Afogados” e “Caleidoscópio” aparecem em versões em que Herbert sola pra valer, como nos velhos tempos, e outras músicas novas, como “Pétala” e “Soledad Cidadão” são apresentadas. A ousadia de mostrar grande parte do novo repertório, contudo, embora seja um sinal de vitalidade, acaba deixando fãs em geral órfãos de sucessos que não poderiam ter ficado de fora do set list. Musicas como “O Beco”, “A Novidade”, e, sobretudo, “Óculos” e “Vital e Sua Moto” são obrigatórias, e, próximas de “Alagados”, estenderiam o momento de maior ovação do público. A solução seria tocar mais do que apenas uma hora e meia.

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