Parque temático verde
Na primeira vez no Rock In Rio, Planet Hemp acelera repertório e mantém plateia em estado de agitação permanente. Fotos: Vinicius Pereira (1, 2 e 3) e Vans Bumbeers/Divulgação Rock In Rio (4).
O show é a oportunidade de a banda mostrar as músicas do álbum mais recente deles, “Jardineiros”, lançado há dois anos e recebido com muito apreço pela crônica musical. Dele, entram o repertório quatro músicas, com destaque para “Jardineiros”, do verso “jardineiro não é traficante”, espécie de “Não Compre, Plante!” dos novos tempos, e para a ótima “Distopia”, primeiro single do disco e já conhecida por grande parte da plateia, a julgar pela agitação generalizada. Chama a atenção também a versão hardcore porrada para “Deixa a Gira Girá”, dos Tincoãs, um ótimo resgate e que tudo tem a ver com a situação de aberturas de roda sem fim no meio do povaréu. O show, aliás, é todo mais pesado, com o Planet mirando as músicas mais hardcore da banda e convertendo as mais rap/hip hop em hardcore também. Grande sacada.
A banda vem turbinada com 11 integrantes, incluindo um guitarrista extra, percussionista e naipe de metais, todos comprometidos com o esporro e a urgência sonora de uma banda sobretudo – repita-se – subversiva. No cenário do palco, afora BNegão e Marcelo D2, os músicos ficam em volta de três estufas onde são cultivados espécimes da canabis sativa, com iluminação predominantemente verde, e a ajuda ainda de projeções do mesmo tom no telão atrás do palco. Em determinado momento, os vocalistas recebem dois “baseados cenográficos” de quase dois metros e lançam para a plateia, onde gaiatos se divertem “tragando” o artefato de papelão. Não deixa de ser engraçado, mas acaba colocando o Planet, banda de verdade que veio das ruas, no rol da fantasia das emoções de plástico que realça nesses tempos estranhos de Rock In Rio parque temático.É representando a banda de verdade que BNegão cobra, ao vivo e em cores para todo o Brasil, a prisão, segundo ele, “dos mandantes das queimadas” que assolam o Brasil, em “A Culpa é de Quem?”. E que D2 pede gritos de “Marielle presente” em referência à execução da vereadora carioca há mais de quatro anos. Outros bons momentos de agitação são garantidos com clássicos como “Queimando Tudo”, a eterna “Legaliza Já” e “Dig Dig Dig (Hempa)”. O show é curto e tem o repertório modificado para receber a cantora Pitty como convidada. Juntos, eles mandam uma versão acelerada de “Admirável Chip Novo” gravada pela banda para o disco de mesmo nome, na versão comemorativa de 20 anos; a ótima “Teto de Vidro”; e uma interessante fusão de “Mantenha o Respeito”, do Planet, com “Máscara”, de Pitty, que tem tudo a ver. No fim das contas, até que foi legal.
Set list completo1- Ex-Quadrilha da Fumaça/Fazendo a Cabeça
2- Distopia
3- Marcelo Yuka
4- Taca Fogo
5- Dig Dig Dig (Hempa)
6- Jardineiro
7- 100% Hardcore
8- Deixa a Gira Girá
9- Legalize Já
10- Zerovinteum
11- Queimando Tudo
12- Stab
13- Contexto
14- A Culpa é de Quem?
15- Admirável Chip Novo (Reativado)
16- Teto de Vidro
17- Mantenha o Respeito/Máscara
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