Atualizado com sucessos
Cada vez mais centrado no carisma de Amy Lee, Evanescence mira disco mais recente em boa apresentação no Rock In Rio. Fotos: Vinicius Pereira.
No início, contudo, não parecia que seria assim. Isso porque, a entrada da banda no Palco Mundo já é atrasada por causa de um problema com a música e o vídeo de introdução do show, e, segunda consta, com os retornos nos ouvidos de Amy Lee. Dez minutos depois a banda entra no gás, mas o som demora muito para atingir um volume minimamente satisfatório, uma constante nesta noite, justamente a que tem certo hibridismo entre rock e heavy metal. Mas o que não tem remédio remediado está e o Evanescence traz um show todo renovado, com o grupo tocando quase a íntegra do disco mais recente, oito das 12 faixas de “The Bitter Truth”, lançado há três anos (já?). O que não é pouco, dado o direcionamento diferente do trabalho, parar dizer o mínimo.
No disco (e clipes), Amy Lee vira os ouvidos a questões relacionadas ao papel da mulher nas sociedades, fugindo das questões pessoais do gothic metal e origem da banda. Posição que se reflete no show até em termos de postura. É fácil verificar como a banda por trás da cantora atua de forma acovardada: quase não há solos ou destaques individuais, nem mesmo por parte da baixista Emma Anzai, a caçula da banda, que tem a dura missão de fazer os backing vocals em uma banda que tem Amy Lee como cantora. Só o cascudo batera Will Hunt tem lá seus momentos, em viradas seguidas em algumas músicas. Tanto que qualquer comentário solto sobre o show (e a banda) na Cidade do Rock é o clássico “ela canta bem demais”, nunca “essa música é muito boa”. Nessa toada, já, já a banda muda de nome para “Amy Lee And The Evanescencers”…Amy Lee não só canta bem demais, como tem carisma, está em ótima forma e não precisa ficar de blábláblá nem dando ordens para a plateia fazer isso ou aquilo. Mais, tem encorpado um estilo dramático de interpretar boa parte das músicas, ou em trechos delas, que é realmente de arrepiar. Dá pra ver logo de cara em “Going Under”, outro hit das antigas, cujo riff marcado da introdução já enlouquece o público; na dramática “Wasted on You”, uma das novas, e das que Lee vai de piano aquecendo para a explosão do meio pro final; ou ainda em “Take Cover”, quase uma aula de variação e alcance vocal sem taxa de inscrição. Amy Lee também adota algumas patacoadas como pintar uma bandeirinha do Brasil no rosto (horrível!) e cantar versos em português em “My Immortal”, que o público – vai entender – adora.
Outros destaques do repertório são “Use My Voice”, um libelo feminista que tem, em disco, a participação de mulheres expoentes do rock como Lzzy Hale, Taylor Momsen e Sharon den Adel (procure saber), com um “ôôô” de grande adesão pelo público; o hit – de novo -“My Immortal”, com direito às famigeradas luzes do parelho emburrecedor acesas - e até que é bonito -, antes do blockbuster “Bring me to Life”; e “My Heart Is Broken”, com mais uma interpretação soberba de Amy Lee, mesmo sentada ao piano. No fim das contas, em meio a uma noite com escalação no mínimo estranha, a banda se mostra atualizada e cumpre muito bem o papel de tocar antes da atração principal do Palco Mundo (Avenged Sevenfold, veja como foi), e com o veteraníssimo Deep Purple no Palco Sunset, entre eles (resenha aqui). Hora começar e pensar em um novo álbum de inéditas.Set list completo
1- Broken Pieces Shine
2- Made of Stone
3- Yeah Right
4- Going Under
5- The Game Is Over
6- My Heart Is Broken
7- Wasted on You
8- The Change
9- Take Cover
10- End of the Dream
11- Better Without You
12- Call Me When You’re Sober
13- Imaginary
14- Use My Voice
15- Blind Belief
16- My Immortal
17- Bring Me to Life
Tags desse texto: Evanescence, Rock In Rio