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Atualizado com sucessos

Cada vez mais centrado no carisma de Amy Lee, Evanescence mira disco mais recente em boa apresentação no Rock In Rio. Fotos: Vinicius Pereira.

A líder, vocalista e dona do Evanescence: Amy Lee e sua cada vez mais dramática interpretação

A líder, vocalista e dona do Evanescence: Amy Lee e sua cada vez mais dramática interpretação

O show está na reta final e a espera por aquela música pra quebrar tudo parece que não vai chegar ao fim, com a vocalista ainda presa a um piano no centro do palco. Até que, do nada, a banda, que havia se retirado, ressurge com os acordes e o peso que trazem o público ao protagonismo da agitação e da cantoria sem fim. Por pouco, por muito pouco mesmo, daria para bater o carimbo de “one hit band”, dado o sucesso estrondoso que catapultou o grupo aos píncaros da fama global, já há mais de 20 anos, mas, vamos e venhamos, há outros hits. É assim, saindo banquinho para o pula-pula generalizado que uma abrasileirada Amy Lee leva o Evanescence ao desfecho de um bom show no Rock In Rio, no último domingo, 15/9. Tocando, é claro, “Bring Me to Life”, o tal do hit global.

No início, contudo, não parecia que seria assim. Isso porque, a entrada da banda no Palco Mundo já é atrasada por causa de um problema com a música e o vídeo de introdução do show, e, segunda consta, com os retornos nos ouvidos de Amy Lee. Dez minutos depois a banda entra no gás, mas o som demora muito para atingir um volume minimamente satisfatório, uma constante nesta noite, justamente a que tem certo hibridismo entre rock e heavy metal. Mas o que não tem remédio remediado está e o Evanescence traz um show todo renovado, com o grupo tocando quase a íntegra do disco mais recente, oito das 12 faixas de “The Bitter Truth”, lançado há três anos (já?). O que não é pouco, dado o direcionamento diferente do trabalho, parar dizer o mínimo.

Tim McCord, guitarrista no Evanescence, assim como os demais integrantes, tem pouco destaque

Tim McCord, guitarrista no Evanescence, assim como os demais integrantes, tem pouco destaque

No disco (e clipes), Amy Lee vira os ouvidos a questões relacionadas ao papel da mulher nas sociedades, fugindo das questões pessoais do gothic metal e origem da banda. Posição que se reflete no show até em termos de postura. É fácil verificar como a banda por trás da cantora atua de forma acovardada: quase não há solos ou destaques individuais, nem mesmo por parte da baixista Emma Anzai, a caçula da banda, que tem a dura missão de fazer os backing vocals em uma banda que tem Amy Lee como cantora. Só o cascudo batera Will Hunt tem lá seus momentos, em viradas seguidas em algumas músicas. Tanto que qualquer comentário solto sobre o show (e a banda) na Cidade do Rock é o clássico “ela canta bem demais”, nunca “essa música é muito boa”. Nessa toada, já, já a banda muda de nome para “Amy Lee And The Evanescencers”…

Amy Lee não só canta bem demais, como tem carisma, está em ótima forma e não precisa ficar de blábláblá nem dando ordens para a plateia fazer isso ou aquilo. Mais, tem encorpado um estilo dramático de interpretar boa parte das músicas, ou em trechos delas, que é realmente de arrepiar. Dá pra ver logo de cara em “Going Under”, outro hit das antigas, cujo riff marcado da introdução já enlouquece o público; na dramática “Wasted on You”, uma das novas, e das que Lee vai de piano aquecendo para a explosão do meio pro final; ou ainda em “Take Cover”, quase uma aula de variação e alcance vocal sem taxa de inscrição. Amy Lee também adota algumas patacoadas como pintar uma bandeirinha do Brasil no rosto (horrível!) e cantar versos em português em “My Immortal”, que o público – vai entender – adora.

O ótimo baterista Will Hunt, que se destaca pela pegada e pelas viradas precisas em algumas músicas

O ótimo baterista Will Hunt, que se destaca pela pegada e pelas viradas precisas em algumas músicas

Outros destaques do repertório são “Use My Voice”, um libelo feminista que tem, em disco, a participação de mulheres expoentes do rock como Lzzy Hale, Taylor Momsen e Sharon den Adel (procure saber), com um “ôôô” de grande adesão pelo público; o hit – de novo -“My Immortal”, com direito às famigeradas luzes do parelho emburrecedor acesas - e até que é bonito -, antes do blockbuster “Bring me to Life”; e “My Heart Is Broken”, com mais uma interpretação soberba de Amy Lee, mesmo sentada ao piano. No fim das contas, em meio a uma noite com escalação no mínimo estranha, a banda se mostra atualizada e cumpre muito bem o papel de tocar antes da atração principal do Palco Mundo (Avenged Sevenfold, veja como foi), e com o veteraníssimo Deep Purple no Palco Sunset, entre eles (resenha aqui). Hora começar e pensar em um novo álbum de inéditas.

Set list completo

1- Broken Pieces Shine
2- Made of Stone
3- Yeah Right
4- Going Under
5- The Game Is Over
6- My Heart Is Broken
7- Wasted on You
8- The Change
9- Take Cover
10- End of the Dream
11- Better Without You
12- Call Me When You’re Sober
13- Imaginary
14- Use My Voice
15- Blind Belief
16- My Immortal
17- Bring Me to Life

Gogó em dia: mesmo sentada para tocar piano/teclados, Amy Lee segue soltando a voz sem limitações

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