O Homem Baile

Na imposição

Avenged Sevenfold mostra cancha, entrosamento e supera desafio como inesperado headliner no Rock In Rio. Fotos: Vinícius Pereira.

O vocalista do Avenged Sevenfold, M. Shadows, esbanjando maturidade no Palco Mundo

O vocalista do Avenged Sevenfold, M. Shadows, esbanjando maturidade no Palco Mundo

A imagem de dois guitarristas duelando, debulhando, esmerilhando (escolha seu gerúndio demolidor de notas preferido) na beirada do palco é uma das coisas mais fantásticas no mundo do rock. Se um deles é canhoto, a configuração coreográfica é ainda mais especial, ainda mais quando solos e evoluções melódicas em profusão são lançados em um som potente e bem alto, nos ouvidos de milhares de fãs, ou nem tão fãs assim, mas que têm no rock a atração em um festival de grandes proporções. Não foi uma nem duas vezes que a cena pode ser vista e sentida na Cidade do Rock. Os protagonistas? Zacky Vengeance, o tal canhotinho, e Synyster Gates, os guitarristas de codinomes esquisitos do Avenged Sevenfold, um nome também, um tanto incomum, para dizer o mínimo, no encerramento do Rock In Rio, neste domingão (15/9).

Ou, ao menos, até um tempo atrás, já que o grupo, embora esteja ausente no Brasil há 10 anos, circulou pelo país em festivais e em turnês solo, tendo passado por este mesmo Rock In Rio, em 2013; parece que foi ontem. Agora, contudo, o desafio é gigante, o de assumir o papel de atração principal no festival sem ver o púbico minguar por cansaço e/ou desinteresse, coisa que muita gente boa e consagrada também não conseguiu em 39 anos (40 só em 11 de janeiro) de Rock In Rio. E com um agravante. O novo álbum da banda, aquele que quando cede músicas ao show muitas vezes a turma reclama, porque anseia por todos os clássicos, é, no mínimo – e de novo – esquisito, incomum. E – ainda tem mais essa - no início do show, o vocalista M. Shadows aparece cantando sentado em um banco, com uma máscara ninja, a faixa de abertura do tal disco novo, “Game Over”. E o microfone no início falha (Palco Mundo, Palco Mundo…), em um sinal, vamos e venhamos, nada alvissareiro.

Os dois guitarristas do Avengend Sevenold, Zacky Vengeance e Synyster Gates, na beirada do palco

Os dois guitarristas do Avengend Sevenold, Zacky Vengeance e Synyster Gates, na beirada do palco

Cujo desenrolar e desfecho chegam a ser surpreendentes. Primeiro, porque do lado de cá do palco tem um público ávido pelo show e que canta todas as músicas na ponta da língua, inclusive as do álbum novo, “Life Is But a Dream…” (quatro no total), que honra seja feita já tem mais de ano de lançado. Depois, porque a banda que tocou há 10 anos para uma esvaziada Farmasi Arena (Arena HSBC na época, relembre), hoje é totalmente diferente, mais experiente, rodada e entrosada, além de contar finalmente com um baterista fixo – cada vez quem vinha ao Brasil era um diferente -, o cascudo Brooks Wackerman (ex-Bad Religion), que parece ter se achado na banda e está mandando muito bem. E, ainda, o show tem uma produção de palco até simples, mas que aproveita bem os novos telões com animações sensacionais e muita pirotecnia não fake; headliner tem que ser assim. E, por último – acreditem se quiser -, os problemas técnicos do Palco Mundo que atravessam gerações se resolvem durante a apresentação.

Aí é só partir para o abraço, e um maduro M. Shadows comanda a multidão com a tranquilidade dos grandes, cantado e agitando pra cacete, ajudado pelos grandes hits da banda salpicados durante o set list. Muitos deles parecem ter a duração maior do que nas versões originais, e é aí que a consistência instrumental sobra na banda, e que salienta – de novo – o entrosamento entre os músicos. Um desses hits é “Bat Country”, que não por acaso que contém a cena dos guitarristas na beirada do palco citada lá em cima, sob uma plateia cantando pra valer, sobretudo no refrão. Colante, claro. Em “Buried Alive”, do nada o telão mostra os músicos tocando ao vivo convertidos em zumbis, em um cenário de animação fascinante, e labaredas surgem no teto do palco; headliner, pois não? “Nightmare”, na parte final, fica marcada pela abertura de rodas de dança em várias regiões no meio do público.

M. Shadows forçando o gogó ao lado do guitarrista Synyster Gates, o que mais sola na banda

M. Shadows forçando o gogó ao lado do guitarrista Synyster Gates, o que mais sola na banda

No cômputo geral do set list, todos os álbuns são contemplados com ao menos uma faixa, exceto o primeiro deles, “Sounding the Seventh Trumpet”, mas quem se importa? No outro extremo da carreira, das quatro novas – parece pinimba – nenhuma se destaca, mas também não compromete, o que mostra habilidade em incluí-las na hora certa. O desfecho, que tem tradicionalmente “Unholy Confessions” e “A Little Piece of Heaven”, já é em clima de festa e ao mesmo tempo de despedida. Em cerca de hora e 40 minutos de paulada na moleira, o Avenged Sevenfold faz jus à posição de headliner que lhe foi confiada, graças, é claro à adesão não só de fãs de longa data, mas também de quem foi à Cidade do Rock atrás de rock de verdade, coisa rara nessa edição do festival.

Set list completo

1- Game Over
2- Afterlife
3- Mattel
4- Hail to the King
5- The Stage
6- Buried Alive
7- Gunslinger
8- Bat Country
9- So Far Away
10- Nobody
11- Nightmare
12- Unholy Confessions
13- Cosmic
14- A Little Piece of Heaven

Vista do Palco Mundo do Rock In Rio durante o show do headliner Avenged Sevenfold no domingo

Vista do Palco Mundo do Rock In Rio durante o show do headliner Avenged Sevenfold no domingo

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Comentários enviados

Apenas 1 comentários nesse texto.
  1. Dhiego Teodosio em setembro 17, 2024 às 18:37
    #1

    Ola amigo, fico feliz que enfim alguém conseguiu deixar de forma simples e com uma boa pegada a leitura de como foi o nossos queridos Avengers como headlines.
    Cara o show foi incrível do início ao fim, poder ver os caras de perto e ver que estão com todo o gás. Essa experiência deve ter sido boa até pra eles, ver que o público brasileiro anda fervilhando por rock e com isso eles possam até voltar mais vezes.

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