Promissor
Novidade no metal, Uncured mostra repertório técnico e músicas repletas de interlúdios e variações de andamento. Fotos: Daniel Croce.
A tal variação de referências acha alguma unidade no modo de cantar deles, um com vocal limpo e outro com vocais rasgados na maior parte do tempo; em uma pegada técnica que ambos sustentam, mostrando que, quando não estão na academia, estudam pra valer; e em uma insistência em mudanças de andamento e inserções de interlúdios sem peso, quase acústicos, em muitas das músicas, embora elas não sejam longas como no progmetal; a banda já gravou um EP instrumental com Max Portnoy, filho vocês sabem de quem, na bateria. “Sacrifice”, por exemplo, começa como desesperado death metal, mas tem groove marcante e logo ganha um riff inexistente no início, para mais adiante emendar um típico momento do metal bate estacas dos anos 90. A boa “Death Valley”, por sua vez, inicia com dedilhados e vocais afinados, antes de mergulhar em um momento podreira que soa artificial, embora, ao vivo, não comprometa.
Ambas estão no álbum “Epidemic”, lançado no ano passado, o segundo do quarteto, que, ao menos nessa turnê, tem na formação o baixista Micah Smith e o baterista Liam Manley. Embora tenha um histórico de bandas que enfatizam o lado técnico, Manley, contudo, pouco aparece no palco, talvez prejudicado pelas condições do show, com um set de bateria minúsculo – para o tipo de som – espremido entrega a beirada do palco e o cenário do Lacuna Coil. É o que contribui para fazer de “Roots Bloddy Roots”, do Sepultura, que o Uncured gravou em um EP para esse ano, junto com covers de Pantera e Slayer, entre outros, uma versão bem abaixo do esperado. O que não faz muita diferença para o público, a ponto de esse ser um dos momentos de maior agitação na abertura; natural para o show de uma banda nova e ainda a ser descoberta por aqui.Música tocada pela primeira vez nessa turnê, “Set The World a Ablaze” é outra que abre um grande leque de referências. Ganha vida pra valer quando um riff thrash matador rasga a introdução melódica, e Zak Cox canta trechos na velocidade da luz, alternando com outros mais lentos no refrão. O grupo também parece carecer de mais rodagem de palco, ainda mais quando o repertório é praticamente desconhecido da plateia; tocar quase sentado, assim como fazer selfie no meio do show, de costas para o público, vamos e venhamos, também não contribui. O que, de outro lado, não impede que petardos (ou quase isso, dadas os tais interlúdios) como “Desecration”, com ótima melodia, e “Opium Den”, que abre o álbum “Medusa”, de 2017, uma das poucas em que uma roda de dança se desenrola, tenham lá seu valor. Taí uma banda para acompanhar de perto.
Set list completo:1- Resist the Infection
2- Sacrifice
3- Myopic
4- Desecration
5- Death Valley
6- Nothing but Disease
7- Opium Den
8- Set The World Ablaze
9- Roots Bloody Roots
10- Blinded by Demise
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