Com estofo
Única banda do Rockfest fora do Rock In Rio, Europe mostra que é muito mais que uma ‘one hit band’. Fotos: Ricardo Matsukawa/Mercury Concerts.
No início, contudo, não parecia que seria dessa maneira. Porque o show começa com duas músicas do álbum mais recente da banda, “Walk the Earth”, lançado já há dois anos, mas, ao que parece, pouco familiar até mesmo para a turma que colou na grade. O andamento lento de “The Siege” e da faixa título não chega a empolgar, ainda que Norum, sempre ele, demonstre que não está ali de bobeira, caprichando em suas intervenções. O que ajuda a segurar esse início claudicante é a boa performance de palco do empático vocalista Joey Tempest, que sente cada trecho das músicas quando não está cantando e atiça o público a participar, com o pedestal branco brilhante realçando nas mãos.
E a resposta do público aparece, por exemplo, em “Last Look at Eden”, cujo teclado marcadão de Mic Michaeli, somado a um pesado riff de guitarra, marca a agitação do público. Ou em “Supertitious”, outra das antigas, já na segunda metade do show, que faz Tempest descer no espaço entre a grade e o palco, para interagir com o público entre apertos de mão e selfies de todo o tipo. Volta com uma bandeira do Brasil a tiracolo, enquanto os músicos preenchem o espaço em uma jam respaldada por mais um ótimo solo de guitarra; tá inspirado o John Norum mesmo. A baladaça “Carrie” é outra que agrada geral, porque tem tudo que uma balada deve ter, com um excelente crescente dramático que se converte em ótimo andamento pesado e repleto de evoluções de guitarra.Cabe ao batera Ian Haugland a batida marcial de “War Of Kings”, essa da fase mais recente, o que prova que o Europe não vem para o palco vivendo só de história. A música tem vocalizações que se mostram arrojadas ao vivo, e Joey Tempest reforça sua boa forma. Haugland tem direito a um mini solo – seu kit é minúsculo, na frente dos outros das outras bandas, atrás dele – antes de “Cherokee”, que além de levantar o público de vez, encaminha o desfecho sensacional com a apocalíptica “The Final Countdown”, seguramente o momento mais esperado em cada show do Europe, de modo que parece que tudo vai acabar mesmo. Tocada como no disco e com os músicos na ponta dos cascos, a música não deixa ninguém parado, como todo encerramento de um show de rock deve ser. Em suma: ótimo tarde com o Europe.
Se cada um ali no meio do público que está com o rosto pintado com listras pretas de cada lado foi ao Allianz Parque para ver o Armored Dawn, o grupo já está bem na fita. Encarregado da abertura, o sexteto é liderado por Eduardo Parras, também do Dr. Pheabes, cujos métodos de trabalho são bem questionáveis (permuta com patrocinador, veja aqui), e atua mais na linha do metal épico/tradicional. O show tem boa produção de palco com vários efeitos, mas sofre no início com uma equalização de som ruim. Da metade para o final deslancha com boas músicas, entre elas “Sail Away”, dedicada a Andre Matos, falecido precocemente esse ano, cuja imagem aparece no telão; “Gods Of Metal”, com os guitarristas solando juntos na beirada do palco; e o desfecho com a ótima “Rain Of Fire” e seu refrão colante.Set list completo Europe:
1- Walk the Earth
2- The Siege
3- Rock the Night
4- Scream of Anger
5- Last Look at Eden
6- Ready or Not
7- War of Kings
8- Hole in My Pocket
9- Carrie
10- Superstitious
11- Cherokee
12- The Final Countdown
Tags desse texto: Armored Dawn, Europe, Rockfest