O Homem Baile

Com estofo

Única banda do Rockfest fora do Rock In Rio, Europe mostra que é muito mais que uma ‘one hit band’. Fotos: Ricardo Matsukawa/Mercury Concerts.

Em boa forma, o empático vocalista do Europe, Joey Tempest, comanda a tarde de rock no Rockfest

Em boa forma, o empático vocalista do Europe, Joey Tempest, comanda a tarde de rock no Rockfest

A tarefa de ver um dos grandes clássicos do rock tocado ao vivo, do jeito que foi gravado em 1986 e desde então ressoa pelo mundo, foi concluída com sucesso. Ao menos para quem chegou mais cedo no Rockfest, em São Paulo, no último sábado (21/9), quando o Europe arrematou uma ótima apresentação com “The Final Countdown” e seu belo arranjo incluindo aqueles teclados – olhem só, vejam vocês – que permanecem pra sempre dentro da caixola de que os ouve. A música ainda inclui o guitarrista John Norum cheio de gás, esmerilhando a guitarra como poucos, coisa que, aliás, faz a tarde toda, realçando que o Europe, diferentemente do que se possa imaginar, não é uma “one hit band”, e mostra força em várias música do repertório.

No início, contudo, não parecia que seria dessa maneira. Porque o show começa com duas músicas do álbum mais recente da banda, “Walk the Earth”, lançado já há dois anos, mas, ao que parece, pouco familiar até mesmo para a turma que colou na grade. O andamento lento de “The Siege” e da faixa título não chega a empolgar, ainda que Norum, sempre ele, demonstre que não está ali de bobeira, caprichando em suas intervenções. O que ajuda a segurar esse início claudicante é a boa performance de palco do empático vocalista Joey Tempest, que sente cada trecho das músicas quando não está cantando e atiça o público a participar, com o pedestal branco brilhante realçando nas mãos.

Tempest agitando ao lado do guitarrista John Norum, que tem ótimas intervenções durante o show

Tempest agitando ao lado do guitarrista John Norum, que tem ótimas intervenções durante o show

E a resposta do público aparece, por exemplo, em “Last Look at Eden”, cujo teclado marcadão de Mic Michaeli, somado a um pesado riff de guitarra, marca a agitação do público. Ou em “Supertitious”, outra das antigas, já na segunda metade do show, que faz Tempest descer no espaço entre a grade e o palco, para interagir com o público entre apertos de mão e selfies de todo o tipo. Volta com uma bandeira do Brasil a tiracolo, enquanto os músicos preenchem o espaço em uma jam respaldada por mais um ótimo solo de guitarra; tá inspirado o John Norum mesmo. A baladaça “Carrie” é outra que agrada geral, porque tem tudo que uma balada deve ter, com um excelente crescente dramático que se converte em ótimo andamento pesado e repleto de evoluções de guitarra.

Cabe ao batera Ian Haugland a batida marcial de “War Of Kings”, essa da fase mais recente, o que prova que o Europe não vem para o palco vivendo só de história. A música tem vocalizações que se mostram arrojadas ao vivo, e Joey Tempest reforça sua boa forma. Haugland tem direito a um mini solo – seu kit é minúsculo, na frente dos outros das outras bandas, atrás dele – antes de “Cherokee”, que além de levantar o público de vez, encaminha o desfecho sensacional com a apocalíptica “The Final Countdown”, seguramente o momento mais esperado em cada show do Europe, de modo que parece que tudo vai acabar mesmo. Tocada como no disco e com os músicos na ponta dos cascos, a música não deixa ninguém parado, como todo encerramento de um show de rock deve ser. Em suma: ótimo tarde com o Europe.

Bela imagem de Joey Tempest na frente da passarela que avança do palco em direção ao público

Bela imagem de Joey Tempest na frente da passarela que avança do palco em direção ao público

Se cada um ali no meio do público que está com o rosto pintado com listras pretas de cada lado foi ao Allianz Parque para ver o Armored Dawn, o grupo já está bem na fita. Encarregado da abertura, o sexteto é liderado por Eduardo Parras, também do Dr. Pheabes, cujos métodos de trabalho são bem questionáveis (permuta com patrocinador, veja aqui), e atua mais na linha do metal épico/tradicional. O show tem boa produção de palco com vários efeitos, mas sofre no início com uma equalização de som ruim. Da metade para o final deslancha com boas músicas, entre elas “Sail Away”, dedicada a Andre Matos, falecido precocemente esse ano, cuja imagem aparece no telão; “Gods Of Metal”, com os guitarristas solando juntos na beirada do palco; e o desfecho com a ótima “Rain Of Fire” e seu refrão colante.

Set list completo Europe:

1- Walk the Earth
2- The Siege
3- Rock the Night
4- Scream of Anger
5- Last Look at Eden
6- Ready or Not
7- War of Kings
8- Hole in My Pocket
9- Carrie
10- Superstitious
11- Cherokee
12- The Final Countdown

O vocalista do Armored Dawn, Eduardo Parras, com a pintura no rosto que é reproduzida pelos fãs

O vocalista do Armored Dawn, Eduardo Parras, com a pintura no rosto que é reproduzida pelos fãs

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